Após duas semanas de recesso, a CPI da Covid retoma os trabalhos nesta segunda-feira (2), com uma série de casos a serem analisados e o desafio de comprovar as acusações que surgiram durante a sua primeira etapa.
Em entrevista ao jornal O Globo, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o principal foco a ser discutido nessa segunda tempo será a "investigação sobre corrupção".
"[...] A nossa ideia é organizar por tema cada uma das semanas. A primeira semana é sobre o papel das intermediárias que atuaram no Ministério da Saúde, com o coronel Hamilton Gomes, Marcelo Blanco e Airton Cascavel. Na segunda semana, a nossa ideia é avançar para investigarmos a Precisa [Medicamentos] e a Covaxin. E assim por diante", afirmou o senador.
Randolfe diz que essa forma "didática" de fazer as investigações, é a forma mais produtiva de "sistematizar as informações e avançar para o relatório final".
Bolsonaro e prevaricação
Ainda segundo o senador, não restam dúvidas de que houve crime de prevaricação por parte do presidente, Jair Bolsonaro, envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, e que hoje a pergunta que a CPI se faz é por que ele prevaricou.
"Para nós da CPI, não há dúvidas sobre o crime de prevaricação no caso da Covaxin. [...] O que nós estamos investigando é por que o presidente prevaricou. O senhor presidente, tendo recebido a notícia de um esquema de corrupção em curso no âmbito do Ministério da Saúde, não tomou providências. E também há outros crimes. Nós estamos procurando os liames entre os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influência e os demais."
Indagado se, no final dos trabalhos da comissão, o presidente será responsabilizado, Randolfe afirma que quer "deixar essa conclusão para o relatório final", mas que até agora "todos os elementos e indícios apontam para a responsabilidade, não para uma responsabilidade, mas para responsabilidades do presidente da República".
Nomeação de Ciro Nogueira
Um dos últimos movimentos do governo para se manter forte na arena política foi a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para o cargo de ministro da Casa Civil, função aceita pelo senador na última sexta-feira (27), conforme noticiado.
Diante desse cenário, O Globo perguntou a Randolfe Rodrigues se a entrada de Nogueira no cargo mudaria alguma coisa na CPI.
O vice-presidente respondeu que "inevitavelmente já mudou", a partir do momento que ocorreu a "oficialização do senador Flávio Bolsonaro [Patriotas-RJ] como membro da comissão" e que hoje, por conta da nomeação de Nogueira, "não vejo como mudar a determinação do convencimento dos senadores".