A Polícia Federal (PF) enviou ofício ao Palácio do Planalto solicitando informações sobre a reunião entre o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio da Alvorada em 20 de março, em que o parlamentar teria repassado ao presidente suspeitas sobre o contrato de compra da vacina indiana Covaxin contra a COVID-19.
O episódio é um dos pontos mais importantes na investigação sobre suposta prevaricação de Bolsonaro. Miranda relata que foi ao Alvorada levar seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, para que este relatasse as pressões que sofreu para autorizar o contrato.
Nesta terça-feira (3), o servidor do Ministério da Saúde contou em depoimento à PF que recebia telefonemas e mensagens perguntando sobre o andamento do processo de maneira insistente quando era chefe da divisão de importação do ministério.
A PF não encontrou nenhum compromisso registrado na agenda oficial do presidente no dia 20 de março, por isso expediu um ofício para o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, pedindo informações sobre esse encontro.
"Solicito a Vossa Excelência informações sobre o local e os horários de início e término do encontro que teria ocorrido no dia 20/03/2021 entre o senhor presidente da República, o deputado federal Luis Claúdio Fernandes Miranda e o servidor público Luis Ricardo Fernandes Miranda [...] [e] informações sobre a presença de outras pessoas, funcionários da Presidência ou não, que teriam acompanhado o encontro", lê-se no ofício, assinado pelo delegado William Tito Marinho, e reproduzido pelo jornal O Globo.
Na segunda-feira (2), o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que não há dúvidas de que o presidente prevaricou, ou seja, recebeu informações sobre um crime e não tomou as providências que deveria ter tomado.
"Para nós da CPI, não há dúvidas sobre o crime de prevaricação no caso da Covaxin [...]. O que nós estamos investigando é por que o presidente prevaricou. O senhor presidente, tendo recebido a notícia de um esquema de corrupção em curso no âmbito do Ministério da Saúde, não tomou providências", afirmou.