Autoridades da Nicarágua são acusadas de violar direitos humanos e de praticar ações que comprometem a democracia e o Estado de Direito, prendendo vários oponentes.
No entanto, as autoridades da Nicarágua asseguram que esta reação da UE e dos EUA ocorre porque o governo da Nicarágua evitou "um golpe de Estado ao estilo boliviano" previsto para as eleições gerais de 7 de novembro e liderado por dirigentes que recebem financiamento dos EUA e da UE.
Além disso, denunciam que essas medidas coercitivas unilaterais visam "provocar o terror no povo", tática que os EUA já aplicaram contra este país na década de 1980 quando, entre outras coisas, financiaram o grupo armado Contra. Tal ato permitiu que Violeta Chamorro se tornasse presidente em 1990 por interesses de Washington.
A UE impôs novas sanções aos oito altos funcionários da Nicarágua, incluindo Gustavo Porras Cortés e o vice-presidente Rosario Murillo. Sobre o assunto o presidente da Assembleia Nacional da Nicarágua diz que a Europa "tem sido um pesadelo para a América Latina" desde o início da colonização.
"Estas sanções que nos são impostas [pela UE] são por defendermos os direitos dos nicaraguenses, porque o que temos feito é lhes dar educação, saúde, alimentação", diz Cortés.
O político destaca que a Nicarágua tem as "menores taxas de analfabetismo de toda a América Latina", além de "um sistema de saúde de alto nível, totalmente gratuito e de qualidade" alegando que a UE e os EUA estariam sancionando, portanto, ações em favor dos direitos humanos de todos os nicaraguenses. Cortés rebate com uma contra-acusação:
"Acredito que a frustração desses senhores europeus é porque os impedimos de montar um golpe de estilo boliviano contra nós", alega.
Retornando à questão das sanções da UE, sobre as medidas que proíbem os nicaraguenses sancionados de pôr os pés em território europeu, congelamento bens na Europa e proibição de cidadãos ou empresas europeias de terem fundos para os sancionados, Cortés afirma que o país não tem ativos na Europa.
Segundo o presidente da Assembleia Nacional, a Nicarágua começou sua independência colonial em 1821 contra o reinado espanhol, e que agora "forças imperialistas" estariam tentando impedir a independência econômica do país.
Cortés dá destaque à questão das sanções: "Se mais tarde eles colocarem sanções como as que os americanos querem aplicar e começarem a bloquear o país, como fizeram contra o povo cubano, aí estaremos falando de outra coisa porque eles começariam a agir contra a própria vida do povo, como vimos nestes 60 anos de bloqueio a Cuba", diz.
Ao ser questionado sobre a OEA, os EUA e a UE já levantarem a possibilidade de não reconhecer os resultados das eleições de 7 de novembro, como fizeram com a Venezuela, o presidente do parlamento argumenta que o "reconhecimento internacional se baseia na independência, na autodeterminação e no respeito à soberania" da Nicarágua.
"Os EUA travaram uma guerra contra nós por dez anos, eles minaram nossos portos, destruíram nossos depósitos de alimentos, mataram centenas de milhares de nicaraguenses. Ou seja, temos com clareza que eles não vão nos reconhecer e estamos preparados", acredita Cortés.
Sobre o fato de a Rússia ter denunciado a pressão e ingerência dos EUA nos assuntos internos da Nicarágua, o político avalia que e Rússia é um verdadeiro amigo do país latino-americano.
"[…] Encontramos verdadeiros amigos do outro lado do mundo, especialmente na Eurásia. E entre esses verdadeiros amigos está a Rússia, o povo russo que, além disso, é um exemplo de luta, tenacidade e vitória. Portanto, valorizamos muito essa amizade, essa solidariedade e esse apoio de uma forma muito especial", completa Gustavo Porras Cortés.