Na parte noroeste do país, um recente levantamento federal encontrou anticorpos neutralizantes do SARS-CoV-2 em 40% de todos os cervos Odocoileus virginianus incluídos na amostra.
A espécie se encontra disseminada do sul do Canadá ao norte do Brasil. É primeira evidência da ampla disseminação do SARS-CoV-2 em animais selvagens.
Mesmo que o estudo pré-impressão publicado em 2 de agosto no site bioRxiv precise ser verificado e revisto por especialistas, as conclusões são motivo de preocupação. Embora nenhum dos cervos tenha mostrado efeitos adversos à saúde, a presença de anticorpos específicos no sangue permite sugerir que eles recentemente combateram o vírus.
Ao abrigar e transmitir silenciosamente o patógeno, as populações de cervos, receiam os cientistas, permitem ao coronavírus se adaptar e evoluir para novas cepas, que possivelmente podem reinfectar seres humanos, com transmissibilidade e severidade ainda maiores do que antes.
Desde o início da pandemia, os cientistas receiam que o novo coronavírus possa saltar de seres humanos para outros animais, conhecido como recirculação zoonótica. No ano passado, por exemplo, um surto entre visons de criação levou a um abate maciço destes animais na Europa e nos Estados Unidos.
Mas, ao contrário de animais criados em fazendas pecuárias, as infecções na vida selvagem não podem ser controladas de maneira tão fácil. Por isso, os especialistas ficaram preocupados pelos achados recentes.
Se o SARS-CoV-2 for realmente capaz de encontrar abrigo na vida selvagem, isso pode tornar a erradicação extremamente difícil. Se o vírus se adaptar entre outras espécies e depois reinfectar os humanos, nossas vacinas podem ser muito menos eficazes no futuro.
Antes de pandemia ter eclodido em 2019, os pesquisadores do governo americano não encontraram marcadores imunológicos para o vírus SARS-CoV-2 no sangue de cervos selvagens. Após o início da pandemia, no entanto, estes anticorpos começaram a aparecer cada vez mais.
Como estes cervos foram expostos ao vírus ainda não está claro: ele pode ter saltado diretamente dos humanos, ou pode ser transmitido de gado ou animais selvagens que contataram com humanos e depois com cervos. Como tal, as autoridades americanas estão pedindo uma maior vigilância da vida selvagem, especialmente entre predadores e necrófagos, que interagem regularmente com cervos.