Durante este fim de semana, o Talibã capturou as capitais de quatro províncias no norte do país e outra no ocidente, onde foram confrontados com pouca resistência por parte do Exército afegãos.
As forças militares dos EUA, que já evacuaram grande parte de suas tropas do país, informaram no domingo passado (8) que conduziram ataques aéreos para protegerem seus aliados do grupo insurgente, informa a agência Bloomberg.
Entidades com conhecimento amplo da situação, disseram que o presidente Ghani sente que está cada vez mais isolado, especialmente quando as forças norte-americanas continuam abandonando o país e, ao mesmo tempo, o Talibã começa recebendo diplomatas de vários Estados.
Sabendo disso, Ghani acredita que a única solução é unir todos os grupos afegãos que se oponham ao Talibã e impedir a guerra civil.
De acordo Mohammad Amiri, porta-voz presidencial, enquanto o governo de Cabul está disposto a dialogar, o grupo insurgente está se afastando de oportunidades para conversações. Assim, o presidente afegão decidiu "mobilizar e armar" a população local para lutar contra o Talibã, após ter se encontrado com vários líderes políticos e alguns dos principais mercenários do país.
"Infelizmente, o Talibã não acredita em negociações de paz [...] Eles estão tentando tomar o poder pela força e tais atos não são aceitáveis para o povo e para o governo do Afeganistão", disse Amiri, citado pela mídia.
O último encontro sobre conversações para a paz entre o governo afegão e o Talibã ocorreu em 17 de julho deste ano em Doha, no Qatar. Depois disso, ambos os lados concordaram em se voltar a reunir, mas até agora tal nunca aconteceu.
Além das conquistas territoriais, o Talibã também fez progressos diplomáticos que se destacam bastante do que o grupo teria alcançado antes da invasão dos EUA após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
"O Talibã não se renderá, e atacará cidades como Cabul para travar a guerra e derrubar o governo", declarou Zabihullah Mujahid, porta-voz do grupo, em uma entrevista. "[...] esperamos que haja um acordo político antes que a guerra se torne fatal", comentou, culpando Ghani por "prolongar a guerra", citado pela Bloomberg.
Ghani, por sua vez, admitiu no final do mês passado que o Talibã "não tem vontade de paz nem de construção do país [...] Nós queremos a paz, mas eles querem que nos rendamos", citado na matéria.
Tomando tudo isso em consideração, também ainda não é certo por quanto tempo mais as forças de Defesa do Afeganistão vão continuar recebendo apoio militar dos EUA após seus soldados se retirarem por completo do país.