A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse nesta quinta-feira (12) em uma coletiva de imprensa que a oposição do Canadá à condenação dos cidadãos Robert Lloyd Schellenberg e Michael Spavor por Pequim infringiu a soberania da China.
Hua exortou o Canadá a não se engajar na diplomacia do microfone, uma estratégia que já foi comprovada, e a se abster de publicar suas opiniões. Ela afirmou que, embora o Canadá se proclame como um país que respeita a lei, seu único objetivo neste caso era politizar as questões.
"Independentemente da nacionalidade dos criminosos, os órgãos judiciais vão tratá-los em estrita conformidade com as regras e tratá-los com igualdade. Os estrangeiros não estão acima da lei", pontuou ela, acrescentando que a China é um país sob o estado de direito.
A porta-voz afirmou que a justiça foi feita pelas decisões desta semana. Na terça-feira (10), o tribunal decidiu manter a pena de morte para o traficante de drogas Schellenberg, enquanto na quarta-feira (11) Liaoning condenou o consultor Spavor a 11 anos de prisão por espionagem.
"Schellenberg participou de atividades organizadas de tráfico internacional de drogas e contrabandeou 222.035 kg de metanfetamina" para a China, disse ela, acrescentando que Spavor colocou em risco a "segurança nacional".
Os comentários da porta-voz foram feitos depois que legisladores canadenses, incluindo o primeiro-ministro Justin Trudeau, rotularam as decisões da China como "absolutamente inaceitáveis e injustas".
"O veredicto de hoje para o Sr. Spavor vem depois de mais de dois anos e meio de detenção arbitrária, falta de transparência no processo legal e um julgamento que não satisfez nem mesmo os padrões mínimos exigidos pelo direito internacional", criticou Trudeau.
O primeiro ministro canadense também exigiu a libertação de Michael Kovrig, um ex-diplomata, que o Canadá afirma ter sido "detido arbitrariamente" por Pequim.
A embaixada da China no Canadá já descreveu os comentários de Trudeau como "absurdos". O Canadá afirma que as medidas são retaliatórias pela detenção do CFO da Huawei Meng Wanzhou, que foi presa no país norte-americano e enfrenta extradição para os EUA em meio a acusações de conspiração para violar as sanções comerciais dos EUA com o Irã.