Na semana passada, Saleh participou de uma reunião de segurança presidida pelo então presidente Ashraf Ghani, que renunciou e fugiu do país no domingo (15). Na ocasião, Saleh afirmou que estava orgulhoso das Forças Armadas afegãs e que o governo faria tudo o que pudesse para fortalecer a resistência contra o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), reporta a agência Reuters.
Clarity: As per d constitution of Afg, in absence, escape, resignation or death of the President the FVP becomes the caretaker President. I am currently inside my country & am the legitimate care taker President. Am reaching out to all leaders to secure their support & consensus.
— Amrullah Saleh (@AmrullahSaleh2) August 17, 2021
Clareza: de acordo com a Constituição do Afeganistão, na ausência, fuga, renúncia ou morte do presidente, o vice-presidente passa a ser o presidente interino. Atualmente, estou dentro do meu país e sou o legítimo presidente interino. Estou entrando em contato com todos os líderes para garantir apoio deles e o consenso.
Saleh acrescentou que é "inútil" discutir com o presidente dos EUA, Joe Biden, sobre a retirada das forças norte-americanas.
It is futile to argue with @POTUS on Afg now. Let him digest it. We d Afgs must prove tht Afgh isn't Vietnam & the Talibs aren't even remotely like Vietcong. Unlike US/NATO we hvn't lost spirit & see enormous oprtnities ahead. Useless caveats are finished. JOIN THE RESISTANCE.
— Amrullah Saleh (@AmrullahSaleh2) August 17, 2021
É inútil discutir com o presidente dos EUA sobre o Afeganistão agora. Deixe-o digerir. Nós afegãos devemos provar que o Afeganistão não é o Vietnã e que os talibãs não são nem remotamente como os vietcongues. Ao contrário dos EUA/OTAN, não perdemos o ânimo e vemos enormes oportunidades pela frente. As advertências inúteis acabaram. Juntem-se à resistência.
Saleh, cujo paradeiro é desconhecido, disse ainda que "em hipótese alguma se curvará" aos "terroristas do Talibã". Ele também indicou que "nunca trairia" Ahmad Shah Massoud, líder da Aliança do Norte que foi assassinado por dois membros da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) pouco antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Talibã fala sobre direito das mulheres
O Talibã concedeu, nesta terça-feira (17), sua primeira entrevista coletiva em Cabul desde a tomada da cidade, declarando que deseja relações pacíficas com outros países e que respeitará os direitos das mulheres dentro da estrutura da lei islâmica.
O principal porta-voz do movimento, Zabihullah Mujahid, afirmou que as mulheres terão permissão para trabalhar e estudar e "serão muito ativas na sociedade, mas dentro da estrutura do Islã".
O Talibã não buscará retaliação contra ex-soldados e membros do governo afegão apoiado pelo Ocidente, garantiu Mujahid, dizendo que o movimento está concedendo anistia para ex-soldados do governo, bem como contratados e tradutores que trabalharam para as forças internacionais. "Ninguém vai fazer mal a vocês, ninguém vai bater em suas portas."
No acordo realizado com Washington sobre a retirada das tropas dos EUA, firmado no ano passado, ainda sobre a presidência de Donald Trump, o Talibã concordou em não atacar as forças estrangeiras quando elas partissem.
'Decisão correta'
O presidente norte-americano Joe Biden afirmou na segunda-feira (16) que as tropas norte-americanas no Afeganistão não deveriam lutar em uma guerra na qual os próprios afegãos não estão dispostos a lutar. O democrata acrescentou que "os líderes políticos do Afeganistão não foram capazes de se unir para o bem de seu povo e pelo futuro de seu país".
Biden disse ainda que os EUA continuarão evacuando milhares de cidadãos norte-americanos e aliados afegãos do país nos próximos dias e que Washington continuará a defender os direitos das mulheres e meninas do Afeganistão.