No limbo: bloqueio dos EUA deixa venezuelanos com doenças crônicas incluindo crianças sem tratamento

© REUTERS / Leonardo Fernandez População do bairro popular Cota 905 em Caracas, na Venezuela, dia 14 de agosto de 2021
População do bairro popular Cota 905 em Caracas, na Venezuela, dia 14 de agosto de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 17.08.2021
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Até pouco mais de dois anos atrás, a Fundação Simón Bolívar, dependente da embargada Citgo, cobria as despesas com transplantes e tratamentos de alto custo para pacientes de baixa renda.

As sanções impostas pelos Estados Unidos à petroleira estatal venezuelana PDVSA e o embargo Citgo afetaram dezenas de venezuelanos com doenças crônicas, fazendo com que fossem suspensos os programas sociais de que se beneficiavam.

A Fundação Simón Bolívar, braço social da Citgo, que cobria os custos de transplantes e tratamentos de alto custo para pacientes de baixa renda paralisou os atendimentos por conta da aplicação de sanções.

A Fundalatin, ONG de promoção e defesa dos direitos humanos, afirma ter conseguido documentar 195 casos de pacientes cujos tratamentos médicos foram suspensos por "medidas ilegais" dos EUA e alerta que a vida dessas pessoas está em perigo devido à falta de meios necessários para continuar a terapia.

Crianças sofrendo os efeitos de sanções

Quatro relatores especiais e dois especialistas independentes do Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciaram o impacto do bloqueio norte-americano sobre os direitos fundamentais dos venezuelanos e alertaram que centenas de pacientes com câncer podem morrer devido à aplicação excessivamente rígida de sanções.

No relatório, eles falam sobre pacientes com câncer, mas a realidade atinge todos aqueles que sofrem de uma doença crônica como diabetes ou AIDS, entre outras.

Em 2019, quando vieram as sanções ao PDVSA e ao Citgo, houve um impacto muito grande na população de crianças que aguardavam transplantes e tratamento de alto custo para ampliar o funcionalismo e evitar rejeições, explica o relatório.

"Por causa das sanções, muitos medicamentos anti-rejeição não chegaram ao nosso país e é muito triste quando você olha para o seu filho e não sabe como será o futuro dele", lamenta Yamileth Rojas, mãe de uma criança de 7 anos com diagnóstico de atresia do ducto biliar extra-hepático.

A denúncia dos relatores das Nações Unidas e seus argumentos chegaram até mesmo ao Tribunal Penal Internacional de Haia, de onde a Fundalatin foi informada de que "estão estudando os casos". A solicitação da ONG é que sejam permitidas transações que garantam o acesso dos pacientes à saúde.

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