A ex-secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, acredita que os EUA se apressaram em retirar suas tropas do Afeganistão, o que levou à tomada do poder pelo Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), escreveu Rice em um artigo de opinião no jornal Washington Post na terça-feira (17).
"Vinte anos não foram suficientes para completar uma jornada do século VII do governo Talibã e uma guerra civil de 30 anos para um governo estável. Vinte anos também podem não ter sido suficientes para consolidar nossos ganhos contra o terrorismo e garantir nossa própria segurança [...]. Nós, e eles [os afegãos], precisávamos de mais tempo", argumenta a funcionária do governo do republicano George W. Bush (2001-2009).
De acordo com Rice, como "chegará a hora de avaliar onde falhamos, e o que alcançamos". Com a queda de Cabul surgiu uma narrativa "corrosiva e profundamente injusta", segundo a qual o povo do Afeganistão está sendo culpado por tudo o que aconteceu após a retirada dos EUA.
A ex-secretária de Estado cita o discurso do presidente Joe Biden na segunda-feira (16), no qual o democrata afirma que os EUA deram aos afegãos "todas as chances de determinar seu próprio futuro".
"Não, eles não escolheram o Talibã. No final das contas, os afegãos não puderam manter o país sem nosso poder aéreo e nosso apoio. Não é surpreendente que as forças de segurança afegãs tenham perdido a vontade de lutar, quando o Talibã advertiu que os EUA os estavam abandonando e que aqueles que resistissem veriam suas famílias mortas", escreve Rice
A ex-secretária de Estado dos EUA afirma agora é a hora de reforçar "nosso compromisso com a Ucrânia, o Iraque e, particularmente, Taiwan". Rice encerra o artigo com um apelo ao atual governo, à luz das recentes comparações entre a queda de Cabul e a capital do Vietnã do Sul, Saigon, em 1975, para repetir a lição daquela guerra e "fornecer refúgio urgente para os afegãos que acreditaram em nós".
Caos era inevitável
O presidente dos EUA afirmou nesta quarta-feira (18) que não achava que seria possível retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão sem o tipo de "caos" visto nos últimos dias em Cabul, onde o movimento Talibã assumiu o controle no domingo (15).
"A ideia de que, de uma forma ou de outra, havia uma saída sem caos, não vejo como isso seria possível", disse ao responder sobre se a retirada dos militares norte-americanos poderia ter sido mais bem administrada durante entrevista à emissora ABC News.
Joe Biden disse ainda que está comprometido em manter tropas dos EUA no Afeganistão até que cada norte-americano seja evacuado, mesmo que isso signifique manter uma presença militar no país além do prazo final de 31 de agosto.