Cientistas conseguiram criar imagens em alta definição de galáxias distantes, informa um comunicado do Instituto de Radioastronomia dos Países Baixos (ASTRON).
As observações foram feitas utilizando a LOw Frequency ARray (LOFAR), a maior rede de radiotelescópios de baixa frequência atualmente em operação na Terra, tendo a capacidade de combinar observações de cerca de 70.000 antenas espalhadas pela Europa usando uma técnica chamada radiointerferometria, que lhe permite tomar algumas das observações de rádio mais sensíveis do céu noturno.
Esta tecnologia já forneceu aos cientistas dados valiosos sobre o Universo, mas as novas observações superam as informações coletadas até agora por oferecerem 20 vezes a resolução usual. Isto porque as operações padrão do LOFAR utilizam apenas as antenas localizadas nos Países Baixos, que cobrem uma área de 120 quilômetros, enquanto as novas imagens de alta resolução foram obtidas de uma rede de radiotelescópios espalhados pela Europa cobrindo uma área de 2.000 quilômetros.
"Nosso objetivo é que isto permita à comunidade científica utilizar toda a rede europeia de telescópios LOFAR para sua própria ciência, sem ter que passar anos para se tornar especialista", disse Leah Morabito, astrônoma da Universidade de Durham, Reino Unido, ao ASTRON.
Jatos de partículas de buracos negros
Um total de 11 estudos publicados na edição especial da revista Astronomy & Astrophysics são dedicados a um dos mais surpreendentes fenômenos associados ao comportamento galáctico: os jatos de partículas relativistas lançados no espaço intergaláctico pelos buracos negros supermassivos que estão ativos no centro das galáxias, que apenas podem ser vistos em comprimentos de onda de rádio.
Sabe-se que quando algo passa o limiar crítico de um buraco negro, chamado horizonte de eventos, torna-se impossível escapar da atração gravitacional. Mas a região em torno de um buraco negro ativo é muito dinâmica, com o material girando em um disco ao redor do buraco negro, semelhante ao que acontece quando a água desce por um dreno.
"Estas imagens de alta resolução nos permitem ampliar para ver o que realmente acontece quando os buracos negros supermassivos lançam jatos de rádio, o que antes não era possível em frequências próximas à banda de rádio FM", explicou Neal Jackson, astrônomo da Universidade de Manchester, Reino Unido, ao ASTRON, em referência ao material que flui dos centros de algumas galáxias a uma velocidade próxima à da luz, e que emite fortes ondas de rádio.
As galáxias analisadas incluem a 3C 293, uma galáxia com enormes e peculiares lóbulos de rádio que sugerem um fluxo de jato interrompido. Os pesquisadores concluíram que a galáxia passou por múltiplos períodos de atividade devido a interrupções de jatos e abastecimento intermitente de combustível, sugerindo que seu buraco negro supermassivo passou por pelo menos um período de inatividade.
Além disso, foi analisada uma galáxia que viajou mais de 11 bilhões de anos-luz, algo que geralmente é bastante difícil de observar em detalhe em baixas frequências.