O México anunciou que uma ação judicial contra o "comércio negligente" de armas nos Estados Unidos foi aceita por um tribunal federal do país. A ação foi ajuizada em 4 de agosto durante cerimônia na Cidade do México, de acordo com o Museu da Memória e Tolerância da Cidade do México.
O mercado de armas nos EUA é regulamentado, mas seu tráfico ilícito para o território mexicano permite que centenas de milhares de armas sejam contrabandeadas a cada ano e usadas no crime organizado, alegava a ação.
Após a aceitação do tribunal, o chanceler mexicano Marcelo Ebrard celebrou a conquista em sua conta no Twitter dizendo ser "um primeiro grande passo".
La Corte Federal en Massachusetts aceptó el litigio presentado por el Gobierno de México contra diversas empresas responsables de comercio negligente de las armas que usa la delincuencia aquí. Es un primer gran paso, ahora vienen la notificación y el proceso legal. Avanzamos. pic.twitter.com/aKasaCrZmo
— Marcelo Ebrard C. (@m_ebrard) August 20, 2021
O Tribunal Federal de Massachusetts aceitou a ação movida pelo Governo do México contra várias empresas responsáveis pelo comércio negligente de armas que os criminosos usam aqui. É um primeiro grande passo, agora vem a notificação e o processo legal. Nós avançamos.
De acordo com estatísticas oficiais mexicanas, as empresas dos EUA comercializam cerca de 340 mil armas a cada ano para este país, das quais 200 mil seriam ilegais.
O chanceler destacou que o contencioso "não visa interferir na política norte-americana" de armas, visto que o processo judicial envolve apenas as negociações e não as autoridades dos EUA.
A ação civil foi movida na Justiça Federal de Boston contra 11 empresas de produção e distribuição de armas nos EUA que são apontadas por "práticas comerciais negligentes e ilegais" que facilitam o tráfico ilegal de armas para o México, pelo menos 17 mil assassinatos no país estariam ligados ao tráfico.
A denúncia pode ser um processo demorado nos tribunais dos EUA e afirma que as empresas de comércio de armas "estão cientes de que seus produtos são traficados e usados em atividades ilícitas contra a população civil e as autoridades mexicanas".
O Ministério das Relações Exteriores estima que o comércio de armas pode chegar a 2% do PIB mexicano. Somente entre janeiro e junho as autoridades mexicanas apreenderam 28.456 armas de fogo.