Em estudo publicado na revista Scientific Reports, um grupo internacional de cientistas descobriu que tanto os diamantes encontrados nas rochas oceânicas quanto os chamados diamantes continentais superprofundos compartilhavam uma origem comum de carbono orgânico reciclado nas profundezas do manto terrestre.
"Trazendo um novo significado para o velho ditado 'lixo para tesouro', esta pesquisa descobriu que o motor da Terra na verdade transforma carbono orgânico em diamantes muitas centenas de quilômetros abaixo da superfície", disse o dr. Luc Doucet, do Grupo de Pesquisa de Dinâmica da Terra da Universidade de Curtin, na Austrália, citado pelo site Scimex.
Depois de examinar uma variedade de diamantes oceânicos, continentais profundos e litosféricos, os pesquisadores finalmente concluíram que os núcleos dos diamantes continentais superprofundos têm uma composição semelhante de δ13C (assinatura isotópica) aos núcleos dos diamantes oceânicos.
Isso significaria que os diamantes continentais superprofundos também foram originalmente formados a partir de carbono orgânico, mas em seu lento processo de ascensão à superfície por meio de erupções vulcânicas, eles foram "contaminados" por carbono não orgânico.
"Esta pesquisa não só ajuda a entender o ciclo do carbono da Terra, mas também tem o potencial de descobrir mais segredos da história dinâmica do planeta [...]. Isso pode ser alcançado mapeando a distribuição de diamantes continentais e oceânicos", disse Zheng-Xiang Li, coautor do estudo e geólogo da Universidade de Curtin.
No entanto, os cientistas ainda não sabem ao certo por que os diamantes continentais superprofundos são formados quase exclusivamente de carbono orgânico.
Para Zheng-Xiang, é um mistério que "isso possa ter algo a ver com o ambiente físico-químico do manto terrestre", acrescentando que "não é incomum que uma nova descoberta científica levante mais questões que exijam uma investigação mais aprofundada".