"Quando Osama bin Laden se tornou um problema para os americanos, ele estava no Afeganistão. Embora não houvesse provas de que ele estivesse envolvido, agora temos feito promessas de que o solo afegão não será usado contra ninguém", disse ao NBC News o porta-voz do Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), Zabihullah Mujahid, na quarta-feira (25).
Pressionado por seu entrevistador sobre se ele realmente acreditava que bin Laden não esteve envolvido nos ataques de 11 de setembro de 2001, Mujahid disse que "não há evidências" que confirmem isso.
"Mesmo após 20 anos de guerra, nós não temos nenhuma prova de que ele esteve envolvido. Não havia justificação para esta guerra. Era uma desculpa para a guerra", ressaltou ele.
Seus comentários surgiram após uma rápida campanha do movimento para assumir o controle do Afeganistão e derrubar seu governo apoiado pelos EUA e pela OTAN.
Pretexto para invasão americana do Afeganistão
Os Estados Unidos começaram sua intervenção no país da Ásia Central em outubro de 2001, várias semanas após os ataques terroristas de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas, o Pentágono em Washington e um avião que caiu sobre a Pensilvânia a caminho de atacar a Casa Branca. A administração Bush acusou bin Laden de organizar os ataques e exigiu que os talibãs o entregassem à jurisdição dos EUA. O movimento recusou, citando o que disseram ser falta de provas de seu envolvimento em atos de terrorismo.
O próprio bin Laden, que já foi um aliado dos EUA em sua guerra no Afeganistão contra o governo apoiado pela URSS nos anos 1980, também inicialmente negou o envolvimento no 11 de setembro, e só começou a tomar crédito em vídeos lançados a partir do ano de 2004.
Before 9/11, Osama bin Laden and his fundamentalist friends in the Taliban were hailed as heroes by the West for their anti-Communist credentials. Here’s an article from 1993 showcasing this “anti-Soviet warrior.” pic.twitter.com/zyJJWxWy3u
— C.J. Atkins (@cj_atkins) August 18, 2021
Antes do 11 de setembro, Osama bin Laden e seus amigos fundamentalistas do Talibã foram saudados como heróis pelo Ocidente por suas credenciais anticomunistas. Aqui está um artigo de 1993 apresentando este "guerreiro antissoviético"
Bin Laden foi encontrado vivendo em uma mansão no Paquistão no subúrbio rico de Abbottabad, uma área habitada principalmente por militares e agentes de inteligência paquistaneses, em maio de 2011. Uma equipe dos SEAL da Marinha americana matou o líder terrorista e jogou seu corpo no oceano Índico, mas fotos do terrorista morto nunca foram publicadas, alegadamente por medo de que elas pudessem "ofender" outros terroristas e desencadear novos ataques contra os EUA.
Em suas recentes justificações da retirada de tropas americanas do solo afegão, o presidente Joe Biden declarou várias vezes que Washington tinha alcançado seu objetivo de "pegar" bin Laden e erradicar a presença da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) no Afeganistão. No entanto, o Pentágono contestou esta última alegação.
Nos anos que se seguiram aos ataques de 11 de setembro, investigadores de algumas mídias alegaram que os atos de terrorismo teriam sido utilizados como pretexto para começar uma série de invasões americanas e outras operações militares em todo o mundo. Investigadores apontaram a um documento produzido pelo American Enterprise Institute, um think tank neoconservador, nos anos 2000, e conhecido como "Projeto para um Novo Século Americano". O texto postulava que preservar o papel dos EUA como a proeminente potência mundial no século XXI exigiria "algum evento catastrófico e catalisador – como um novo Pearl Harbor", para acelerar.