Restos humanos no deserto do Atacama revelam que agricultores antigos lutavam até a morte (FOTO)

© Foto / Rodrigo OteroPesquisadores da Universidade do Chile e do Museu de História Natural e Cultural do Deserto de Atacama no sítio
Pesquisadores da Universidade do Chile e do Museu de História Natural e Cultural do Deserto de Atacama no sítio - Sputnik Brasil, 1920, 30.08.2021
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Ferimentos profundos encontrados nos crânios de agricultores enterrados há cerca de 3.000 anos no território do Chile indicam um alto nível de violência durante o período neolítico no Novo Mundo.

O artigo com os resultados da pesquisa foi publicado na edição de setembro da revista Journal of Anthropological Archaeology.

As escavações arqueológicas realizadas no vale de Azapa, no Chile, permitiram analisar em uma seleção de 194 pessoas os traumas causados durante os bem frequentes confrontos entre vizinhos durante a transição neolítica de 1000 a.C. a 600 d.C.

Para determinar se se tratava de lutas com forasteiros ou estritamente de brigas internas, os pesquisadores compararam a composição isotópica dos achados. Além disso, a fim de avaliar o nível de violência, eles estudaram destruições de construções, evolução do armamento e cenas em pinturas rupestres.

Os esqueletos ficaram bem preservados nas condições secas do deserto do Atacama, em vários deles ainda é possível encontrar tecidos moles e cabelos. Os restos esqueléticos e tecidos moles mumificados representam provas diretas do alto nível de violência na sociedade naquela época.

© Foto / Standen et al., JAA, 2021Crânios de agricultores enterrados há 3.000 anos no território do Chile
Restos humanos no deserto do Atacama revelam que agricultores antigos lutavam até a morte (FOTO) - Sputnik Brasil, 1920, 30.08.2021
Crânios de agricultores enterrados há 3.000 anos no território do Chile

Os traumas ligados aos confrontos foram revelados em 21% da população adulta, sendo especialmente frequentes nos homens. Entretanto, 50% dessas lesões causadas por maças, porretes de madeira e dardos foram mortais.

As causas dos conflitos eram com frequência problemas econômicos e sociais, bem como o constante déficit de recursos nesse local muito seco. Os combates aconteciam entre grupos locais, mas dentro das próprias comunidades também havia alto nível de violência.

"Esses fatores podiam provocar concorrência, criar tensão adicional e gerar conflitos cruéis entre os grupos sociais concorrentes vizinhos no vale de Azapa", esclareceram os autores da pesquisa.
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