O Conselho da Segurança da ONU aprovou a Resolução 2593 em 30 de agosto a respeito da crise afegã, preparada pelos três membros permanentes do Conselho de Segurança – EUA, Reino Unido e França. A Rússia e a China se abstiveram.
"A Rússia deu uma contribuição significativa para tornar o documento o mais equilibrado possível, para que ele correspondesse às tarefas atuais da regularização afegã. Entretanto, na votação final do texto, nosso país, juntamente com a China, foi forçado a se abster. Mais uma vez, a prática dos parceiros ocidentais de criar uma pressão de tempo artificial ao negociar os documentos do Conselho foi decepcionante", declarou a representante oficial do MRE russo, Maria Zakharova.
O Ministério das Relações Exteriores russo disse que há todos os motivos para acreditar que Washington, Londres e Paris conseguiram alterar o texto em estreita combinação, apresentando-o apenas ao Conselho para consideração no último minuto.
"Isto pode ser constatado pelos vazamentos na mídia sobre a iniciativa da Troika, ainda antes de o lado russo receber qualquer sinal de seus autores", disse Zakharova.
O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, sublinhou que algumas das preocupações de Moscou não foram tidas em conta no texto. Em particular, o documento não menciona a necessidade de combater o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) e não refere as "consequências negativas da evacuação" de especialistas qualificados do Afeganistão para a economia do país. A resolução também não aborda o impacto prejudicial do congelamento dos ativos financeiros afegãos sobre a situação econômica e humanitária do país.
A Rússia espera que, no futuro, os países ocidentais levem em conta as preocupações russas e chinesas quanto a este assunto.
"Esperamos que, no futuro, os parceiros ocidentais estejam mais atentos às preocupações de seus colegas do Conselho de Segurança em seu trabalho sobre o Afeganistão".
"Partimos do princípio de que a manutenção da unidade do Conselho de Segurança em relação à problemática da regularização no Afeganistão é uma prioridade nesta etapa importantíssima para o país e toda a região", disse Zakharova.
Em 30 de agosto, o Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 membros, adotou uma resolução que obriga o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) a honrar o compromisso de deixar as pessoas saírem livremente do Afeganistão nos próximos dias e de dar acesso à ajuda da ONU e outras agências. A Rússia e a China se abstiveram, enquanto os outros 13 países votaram a favor.