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China: Esperamos que Brasil continue a oferecer às empresas chinesas ambiente de negócios imparcial

© REUTERS / Agência Brasil / Wilson DiasEntrevista do Embaixador Conselheiro da embaixada da China, Qu Yuhui, Brasília, 1º de fevereiro de 2021
Entrevista do Embaixador Conselheiro da embaixada da China, Qu Yuhui, Brasília, 1º de fevereiro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 14.09.2021
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Porta-voz da China no Brasil diz que Pequim vê Brasília com amizade, e que tal parceria gera mais de 40 mil empregos. Entretanto, diz que são de "má-fé" as declarações do presidente, Jair Bolsonaro, quando relaciona o país asiático ao coronavírus.
Nesta terça-feira (14), em entrevista para Folha de São Paulo, o ministro-conselheiro e porta-voz da Embaixada da China em Brasília, Qu Yuhui, disse que Pequim espera "estabilidade" na relação com o Brasil e ressaltou os investimentos e empregos gerados pelo gigante asiático no país.
"Como amigos do Brasil, esperamos que o país mantenha a estabilidade e o contínuo desenvolvimento [...]. Vale salientar que a China é um dos principais investidores no país, com um volume de aportes em rápida ascensão de US$ 80 bilhões [R$ 418 bilhões] e 40 mil empregos diretos", afirmou Qu.
Entretanto, em relação ao panorama atual político brasileiro, o porta-voz disse que "não cabe a nós comentar sobre os assuntos internos do Brasil".
A mídia relata que decidiu fazer a entrevista pela relação ambígua que o governo do presidente, Jair Bolsonaro, tem com o país asiático.
© AP Photo / Eraldo PeresO presidente da China, Xi Jinping, à esquerda, fala durante declaração conjunta com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante reunião bilateral paralela à 11ª edição da Cúpula do BRICS, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, no Brasil, no dia 13 de novembro de 2019
O presidente da China, Xi Jinping, à esquerda, fala durante declaração conjunta com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante reunião bilateral paralela à 11ª edição da Cúpula do BRICS, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, no Brasil, no dia 13 de novembro de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2021
O presidente da China, Xi Jinping, à esquerda, fala durante declaração conjunta com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante reunião bilateral paralela à 11ª edição da Cúpula do BRICS, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, no Brasil, no dia 13 de novembro de 2019
Ao mesmo tempo que ataca a China e profere que sua vacina (CoronaVac) não tem comprovação científica, diz que Pequim é um parceiro importante na luta do Brasil contra a pandemia, de acordo com as palavras do presidente na última conferência do BRICS, conforme noticiado.
Indagado se seria possível crer em tanta moderação, Qu respondeu:
"A afirmação sobre as relações sino-brasileiras feita pelo presidente Bolsonaro foi uma avaliação objetiva sobre as relações amistosas entre nossos dois países e a parceria bilateral de alto nível no contexto da pandemia. [...] Nesta cúpula do BRICS, o presidente Xi Jinping apresentou cinco iniciativas para promover o crescimento de alta qualidade da cooperação pragmática dentro do bloco. Esperamos trabalhar com o lado brasileiro para implementar os importantes consensos alcançados", contemporizou.
Em maio, Bolsonaro chegou a citar (sem nomear diretamente) a China como interessada em uma "guerra biológica" com o vírus da COVID-19. Qu comentou as sugestões norte-americanas com o mesmo conteúdo.
"Trata-se de uma acusação leviana e de má-fé. [...] Os EUA são, de fato, o país que mais espalhou o vírus pelo mundo e que apresenta mais suspeitas no rastreio da origem do vírus. Provas científicas indicam que as infecções pelo novo coronavírus em várias cidades norte-americanas aconteceram muito antes dos primeiros casos registrados no país", disse.
Entretanto, ao comentar sobre afirmações feitas durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês) por Donald Trump Jr, filho do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o porta-voz foi bem mais incisivo.
"São fantasias absurdas, totalmente descoladas da realidade, às quais manifestamos veemente objeção [...]. Instamos as personalidades norte-americanas a cessar suas manobras políticas para distorcer os fatos e fabricar mentiras contra a China", declarou Qu.
© Folhapress / Wallace Martins/Futura PressDonald Trump Jr., filho do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante Congresso Conservador organizado por Eduardo Bolsonaro, 4 de setembro de 2021
Donald Trump Jr., filho do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante Congresso Conservador organizado por Eduardo Bolsonaro, 4 de setembro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2021
Donald Trump Jr., filho do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante Congresso Conservador organizado por Eduardo Bolsonaro, 4 de setembro de 2021
Na conferência, Trump Jr. acusou Pequim de buscar influenciar o resultado da eleição presidencial brasileira de 2022, para a instalação de um "governo socialista o qual possam manipular" — o eufemismo para PT, no caso, segundo a mídia.
Sobre a questão do 5G no Brasil, o leilão das bandas da tecnologia é marcado por diversos vaivéns, mas por ora a Huawei só está proibida de associar-se a operadoras na chamada rede privativa do governo, que trafega dados sensíveis à segurança nacional. O processo continua travado.
Além disso, em visita ao Brasil no princípio de agosto, o Conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, fez pressão no governo brasileiro dizendo que o país poderia se tornar membro da OTAN se não adotar tecnologia 5G chinesa, conforme noticiado.
Para Qu, o edital brasileiro "oferece condições relativamente equitativas de concorrência". "Esperamos que o governo brasileiro continue a proporcionar às empresas chinesas, aí incluída a Huawei, um ambiente de negócios imparcial, aberto, transparente e livre de discriminação", afirmou.
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