Cientistas descobrem origem genética do povo etrusco, que 'desapareceu' com os romanos
18:43 27.09.2021 (atualizado: 11:48 21.11.2021)
CC BY 2.0 / Flickr.com / Herman Pijpers / Urna romano-etrusca (imagem referencial)
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Cientistas encontraram evidências de que os etruscos, que viviam na península italiana, não eram de origem asiática, e rejeitaram a versão de que vinham do Mediterrâneo oriental.
O povo etrusco é geneticamente muito próximo do povo italiano, concluíram paleogeneticistas que analisaram o DNA de 82 indivíduos da Etrúria e do sul da Itália que viveram entre 800 a.C. e 1.000 d.C., disseram cientistas em comunicado da Universidade de Florença, Itália.
Os etruscos foram uma civilização que habitou a península central dos Apeninos, a atual Itália, no primeiro milênio a.C.. As inscrições mais antigas conhecidas no etrusco, que era um idioma não europeu isolado, datam do século VIII a.C.. As cidades etruscas, apesar de serem unidas por uma língua comum e ideias religiosas, nunca formaram um Estado unificado.
A origem dos etruscos sempre foi controversa. Alguns pesquisadores acreditam que os etruscos se formaram através de ondas de migração do Mediterrâneo Oriental, da Europa Central e da região ao norte do mar Negro, que foi sugerida por Heródoto, geógrafo e historiador grego.
De acordo com o historiador Dionísio de Halicarnasso, os etruscos eram de origem indígena. Neste caso, os arqueólogos os associam à cultura mais antiga do fim da Idade do Bronze e do início da Idade do Ferro no norte e centro da Itália.
A versão da origem autóctone dos etruscos foi sempre sujeita a considerável dúvida. Os cientistas associam o aparecimento de elementos asiáticos com "uma mudança genética em larga escala, resultante da mistura com populações do leste do Mediterrâneo, que provavelmente incluiu escravos e soldados realocados através do Império Romano".
Os etruscos "compartilham um passado genético com os latinos que habitam as áreas ao redor de Roma, com uma grande proporção de seus perfis genéticos provenientes de ascendência relacionada à estepe que chegaram à região durante a Idade do Bronze", diz declaração da Universidade de Florença, Itália.
A língua desaparecida dos etruscos permanece um mistério, devido a não ser de origem indo-europeia. Foram os nativos das estepes eurasiáticas que a trouxeram e a ajudaram a se espalhar e se desenvolver em territórios europeus.
"Este aspecto continua intrigante e requer mais pesquisas arqueológicas, históricas e linguísticas. Ele também aponta para um processo mais complexo de formação da população italiana", dizem os pesquisadores do estudo publicado na revista Science Advances.
Embora tenham governado o mar por algum tempo, os etruscos preferiram se estabelecer nas colinas próximas aos rios. Nada sobreviveu de seus assentamentos, construídos de madeira, mas restam paredes de pedra e numerosos enterros.
Acredita-se que muitos costumes, incluindo lutas de gladiadores e corridas de carruagem, têm raízes etruscas, embora as culturas deles e dos romanos sejam conhecidas por serem diferentes. Os etruscos perderam completamente sua posição dominante com a expansão da influência romana, apesar de seus descendentes serem os primeiros governadores de Roma.