Estudo de ondas sísmicas sugere que o núcleo interno da Terra pode não ser sólido

© Depositphotos.com / Rost9Estrutura do núcleo da Terra em imagem criada pela NASA
Estrutura do núcleo da Terra em imagem criada pela NASA - Sputnik Brasil, 1920, 10.10.2021
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Núcleo interno da Terra desempenha um papel importante na manutenção da vida em nosso planeta, uma vez que ele alimenta o campo magnético da Terra que, por sua vez, a protege de muitas formas de radiação nociva.
Apesar da importância do núcleo, pouco se sabe sobre sua história ou quando se formou. Segundo afirmam cientistas em um novo estudo publicado na revista Science Direct, o núcleo da Terra não é tão sólido como se pensava.
Uma vez que é impossível conduzir estudos diretos ou examinar a área do núcleo devido à temperatura e à pressão extremas, os pesquisadores se basearam nos dados provenientes das ondas de terremotos.
"Por meio do conhecimento dos terremotos na crosta e manto superior, bem como das análises dos observatórios sísmicos na superfície da Terra, a sismologia oferece a única maneira direta de estudar o núcleo interno e seus processos", disse Rhett Butler, geofísico da Escola de Ciências e Tecnologia do Oceano e da Terra da Universidade do Havaí em Manoa.
À medida que as ondas sísmicas se movem através das camadas da Terra, sua velocidade muda e isso pode ocorrer por refração, dependendo dos minerais, temperatura e densidade da camada.
Butler e o coautor do estudo, Seiji Tsuboi, pesquisador da Agência japonesa de Tecnologia e Ciência Marinha da Terra, usaram dados de sismómetros perto do epicentro de terremotos.
CC BY-SA 2.0 / Laboratório Nacional Argonne / Composição do manto da Terra revisada graças à pesquisa na Fonte Avançada de Fótons do Laboratório Nacional de Argonne
Composição do manto da Terra revisada graças à pesquisa na Fonte Avançada de Fótons do Laboratório Nacional de Argonne - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2021
Composição do manto da Terra revisada graças à pesquisa na Fonte Avançada de Fótons do Laboratório Nacional de Argonne
Para cobrir todo o núcleo interno, eles estabeleceram cinco pares – Tonga-Argélia, Indonésia-Brasil e três entre o Chile e a China – que foram analisados por um supercomputador, o Simulador da Terra do Japão.
Um exame subsequente dos dados revelou que o núcleo interno possui uma estrutura heterogênea.
"Em contraste com as ligas homogêneas de ferro macio consideradas em todos os modelos terrestres do núcleo interno desde década de 1970, nossos modelos sugerem que existem regiões adjacentes de ligas de ferro duras, macias e líquidas ou moles nos 240 km da parte superior do núcleo interno. Isso coloca novas limitações quanto à composição, história térmica e evolução da Terra", explicou Butler.
Para os pesquisadores, a descoberta pode oferecer informações importantes sobre a dinâmica no limite entre o núcleo interno e o núcleo externo, que são responsáveis pela formação do campo magnético da Terra.
"O conhecimento dessa condição de limite a partir da sismologia pode permitir melhores modelos preditivos do campo geomagnético que protege a vida em nosso planeta", concluiu Butler.
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