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Acordo entre Brasil e Argentina de reduzir TEC em 10% é derrota dos liberais do governo brasileiro?
Acordo entre Brasil e Argentina de reduzir TEC em 10% é derrota dos liberais do governo brasileiro?
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O acordo entre a Argentina e o Brasil para reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul em 10% não é tanto uma disputa entre os dois países mas uma derrota... 13.10.2021, Sputnik Brasil
2021-10-13T10:22-0300
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O acordo anunciado pelos chanceleres de ambos países, o argentino Santiago Cafiero e o brasileiro Carlos França, permitirá reduzir em 10% a tarifa aplicada aos bens de países externos quando essas mercadorias entram no bloco.Os chanceleres indicaram que a redução seria aplicada à grande maioria das mercadorias, mantendo no entanto a proteção de alguns setores como o automotivo, o têxtil e o calçado.Se bem que reduzir a tarifa comum era uma das demandas daqueles que pretendiam uma maior liberalização do bloco, a imprensa brasileira, como a Folha de S. Paulo, destaca a diferença entre os 10% alcançados e a pretensão inicial do ministro Guedes, que defendia uma redução de cerca de 50%.Para Camilo López, pesquisador uruguaio em Ciências Políticas e Relações Internacionais, para entender o significado político por trás da medida é necessário considerar "a dimensão política doméstica brasileira".Nesse sentido, López afirma que nessa "luta" entre a chancelaria e o Ministério da Economia há "sectores internos dos dois países que obtêm benefícios". Dessa maneira, os interesses dos grupos industriais brasileiros a favor de não reduzir as tarifas parecem ter tido mais peso do que a vontade do agronegócio do Brasil, impulsionador de uma maior liberalização.Por que Brasil e a Argentina chegaram a acordo?O especialista notou que os interesses desses industriais do Brasil, por sua vez, coincidem com os industriais argentinos e acabam sendo a base para o acordo entre Brasília e Buenos Aires.Apesar das diferenças políticas entre as administrações de Alberto Fernández e Jair Bolsonaro, o pesquisador uruguaio opina que a chave das aproximações entre os países está na importância vital que esse vínculo (Brasil- Argentina) tem para a América do Sul em tempos de mudanças no plano internacional."Na história, a integração regional sul-americana funciona se a Argentina e o Brasil chegam a acordo. E esse acordo às vezes tem a ver com a forma como [eles] se posicionam frente a atores externos ou a situações desafiadoras a nível doméstico", explicou.Entretanto, segundo o pesquisador, as duas potências sul-americanas se aproximam em um contexto de maior "projeção dos EUA e da China sobre a região", um contexto no qual "há incentivos para ter algum tipo de ação coletiva".Para o cientista político, o consenso entre Brasília e Buenos Aires para reduzir as tarifas em apenas 10% acaba sendo uma má notícia para os interesses chineses, enquanto pode ser considerado "um sinal de primazia" dos interesses defendidos pelo chanceler."A minha opinião é que as negociações com países terceiros parecem não ser muito claras no acordo", observou.López contrastou essa postura com o caminho de maior flexibilização do Mercosul que defendia o governo do Uruguai, que em setembro anunciou a vontade da China de avançar em um acordo comercial que pudesse, no futuro, estender-se a todo o bloco regional.
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Acordo entre Brasil e Argentina de reduzir TEC em 10% é derrota dos liberais do governo brasileiro?
10:22 13.10.2021 (atualizado: 15:41 20.11.2021) O acordo entre a Argentina e o Brasil para reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul em 10% não é tanto uma disputa entre os dois países mas uma derrota dos setores mais liberais do governo brasileiro e, em particular, do ministro da economia Paulo Guedes, disse à Sputnik o analista internacional Camilo López.
O acordo anunciado pelos chanceleres de ambos países, o argentino Santiago Cafiero e o brasileiro Carlos França, permitirá reduzir em 10% a tarifa aplicada aos bens de países externos quando essas mercadorias entram no bloco.
Os chanceleres indicaram que a redução seria aplicada à grande maioria das mercadorias, mantendo no entanto a proteção de alguns setores como o automotivo, o têxtil e o calçado.
Se bem que reduzir a tarifa comum era uma das demandas daqueles que pretendiam uma maior liberalização do bloco, a imprensa brasileira, como a Folha de S. Paulo,
destaca a diferença entre os 10% alcançados e a pretensão inicial do ministro Guedes, que defendia uma redução de cerca de 50%.
Para Camilo López, pesquisador uruguaio em Ciências Políticas e Relações Internacionais, para entender o significado político por trás da medida é necessário considerar "a dimensão política doméstica brasileira".
"Claramente o que se nota aqui é que, na pressão que existe sobre a política externa brasileira, prevalece a visão da chancelaria", observou o analista.
Nesse sentido, López afirma que nessa "luta" entre a chancelaria e o
Ministério da Economia há "sectores internos dos dois países que obtêm benefícios". Dessa maneira, os interesses dos grupos industriais brasileiros a favor de não reduzir as tarifas parecem ter tido mais peso do que a vontade do agronegócio do Brasil, impulsionador de uma maior liberalização.
Por que Brasil e a Argentina chegaram a acordo?
O especialista notou que os interesses desses industriais do Brasil, por sua vez, coincidem com os industriais argentinos e acabam sendo a base para o acordo entre Brasília e Buenos Aires.
Apesar das diferenças políticas entre as administrações de Alberto Fernández e Jair Bolsonaro, o pesquisador uruguaio opina que a chave das aproximações entre os países está na importância vital que esse vínculo (Brasil- Argentina) tem para a América do Sul em tempos de mudanças no plano internacional.
"Na história, a integração regional sul-americana funciona se a Argentina e o Brasil chegam a acordo. E esse acordo às vezes tem a ver com a forma como [eles] se posicionam frente a atores externos ou a situações desafiadoras a nível doméstico", explicou.
Entretanto, segundo o pesquisador, as duas potências sul-americanas se aproximam em um contexto de maior "projeção dos EUA e da China sobre a região", um contexto no qual "há incentivos para ter algum tipo de ação coletiva".
Para o cientista político, o consenso entre Brasília e Buenos Aires para reduzir as tarifas em apenas 10% acaba sendo uma
má notícia para os interesses chineses, enquanto pode ser considerado "um sinal de primazia" dos interesses defendidos pelo chanceler.
"A minha opinião é que as negociações com países terceiros parecem não ser muito claras no acordo", observou.
López contrastou essa postura com o caminho de maior flexibilização do Mercosul
que defendia o governo do Uruguai, que em setembro anunciou a vontade da China de avançar em um acordo comercial que pudesse, no futuro, estender-se a todo o bloco regional.
De acordo com o analista, na sua análise, o governo uruguaio se baseou excessivamente na posição de Guedes e "não prestou atenção à situação interna brasileira para saber que o que a Economia estava dizendo não era a voz principal" no Brasil.