'Inspiração': tumba romana de 2.050 anos oferece compreensão sobre resiliência do concreto (FOTO)

© AFP 2023 / FILIPPO MONTEFORTETurista caminha na Via Ápia, próximo da tumba de Cecília Metela nos arredores de Roma, Itália. Foto de arquivo
Turista caminha na Via Ápia, próximo da tumba de Cecília Metela nos arredores de Roma, Itália. Foto de arquivo - Sputnik Brasil, 1920, 13.10.2021
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O concreto geralmente começa a rachar e desmoronar depois de algumas décadas de vida, mas, esse não era o caso com muitas estruturas romanas. Nova pesquisa aborda a durabilidade do concreto romano.
Uma nova pesquisa publicada no jornal científico Journal of the American Ceramic Society mostra que a qualidade do concreto do túmulo de Cecília Metela, construído no século I a.C., excede a de monumentos contemporâneos de Metela devido ao agregado vulcânico que os construtores escolheram e às interações químicas incomuns com a chuva e lençóis freáticos que se acumulam ao longo de dois milênios.
"Compreender a formação e os processos de materiais antigos pode informar os pesquisadores sobre novas maneiras de criar materiais de construção duráveis ​​e sustentáveis ​​para o futuro [...]. O túmulo de Cecília Metela é uma das estruturas mais antigas ainda de pé, oferecendo ideias que podem inspirar a construção moderna", explica Admir Masic, coautor da pesquisa, em comunicado.
Metela pertencia a uma família aristocrática e se casou com um membro da família de Marco Crasso, formando assim uma famosa aliança entre Júlio César e Pompeu. O túmulo é um dos mais conhecidos e bem preservados monumentos ao longo da Via Ápia, uma das principais estradas da antiga Roma e um popular destino turístico.
Tumba romana de 2.050 anos oferece maior compreensão sobre a resistência do concreto antigo. A tumba de Cecília Metela e as ruínas do castelo Caetani em Roma
"A construção deste monumento e ponto de referência muito inovador e robusto na Via Ápia indica que ela [Metela] era muito respeitada [...] e o concreto, 2.050 anos depois reflete uma presença forte e resiliente", afirma Marie Jackson, coautora do estudo.

Sabedoria romana

A tumba de Metela é composta por grossas paredes de tijolo ou agregado de rocha vulcânica ligada com argamassa feita com cal e piroclasto (fragmentos porosos de vidro e cristais de erupções explosivas).
​Os pesquisadores perceberam que os cristais do mineral leucita, rico em potássio, presentes no agregado vulcânico se dissolvem com o tempo para remodelar e reorganizar de forma benéfica a interação entre os agregados vulcânicos e a matriz de ligação cimentícia, melhorando a coesão do concreto.
"Focar no projeto de concretos modernos com zonas compartilhadas de reforço constante pode nos fornecer mais uma estratégia para melhorar a durabilidade dos materiais de construção modernos [...]. Fazer isso por meio da integração da comprovada 'sabedoria romana' fornece uma estratégia sustentável que pode melhorar a longevidade de nossas soluções modernas em ordens de magnitude", garante Masic.
Masic acrescenta que a conexão entre os agregados vulcânicos e a argamassa de qualquer concreto é fundamental para a durabilidade da estrutura e destaca que essa interação no túmulo de Metela está em "constante evolução por meio de uma remodelação de longo prazo [...]. Esses processos de remodelação reforçam as zonas de conexão e potencialmente contribuem para melhorar o desempenho mecânico e a resistência à ruptura do material antigo".
Stefano Roascio, arqueólogo responsável pela tumba, observa que o estudo tem uma grande relevância para a compreensão de outras estruturas de concreto antigas e históricas.
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