'Processo espetacular e violento': astrônomos desvendam mistério da morte das galáxias (FOTOS)
CC BY 3.0 / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/S. Dagnello (NRAO)/Böhringer et al. (ROSAT All-Sky Survey) / Galáxias observadas pelo telescópio ALMA sobrepostas à imagem do gás quente no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra
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Uma equipe internacional de astrônomos pode ter resolvido um mistério cósmico de longa data ao descobrir o processo que despoja as galáxias de seu gás formador de estrelas, cessando o nascimento de novos astros.
A nova pesquisa apresenta as evidências mais claras até agora de que os ambientes extremos no espaço têm um efeito negativo sobre o gás existente dentro das galáxias, ajudando a limitar a formação de estrelas. Astrofísicos definem a cessação da formação estelar como "morte" da galáxia, detalha Newsweek.
Utilizando a rede de telescópios ALMA, localizada no Chile, pesquisadores estudaram reservatórios de gás em 51 galáxias das milhares localizadas dentro do aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra. Eles encontraram um ambiente tão extremo e inóspito que pode impedir galáxias inteiras de formarem estrelas em um processo conhecido como extinção de galáxias.
"Sabemos que as galáxias estão sendo mortas por seus ambientes, e queremos saber o porquê", disse em comunicado o autor principal do estudo, Toby Brown, do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá.
"O aglomerado de Virgem é um pouco incomum, já que tem uma população relativamente grande de galáxias que ainda estão formando estrelas. Muitos aglomerados de galáxias no Universo são dominados por galáxias vermelhas [não formadoras de estrelas] com pouco gás e formação estelar", disse Christine Wilson, copesquisadora principal do projeto VERTICO e professora da Universidade McMaster, no Canadá.
CC BY 3.0 / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/S. Dagnello (NRAO) / Galáxia espiral relativamente comum NGC 4254 no aglomerado de Virgem que produz ativamente novas estrelas.
Galáxia espiral relativamente comum NGC 4254 no aglomerado de Virgem que produz ativamente novas estrelas.
CC BY 3.0 / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/S. Dagnello (NRAO) / NGC 4567 e NGC 4568 – duas galáxias em processo de colisão no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra.
NGC 4567 e NGC 4568 – duas galáxias em processo de colisão no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra.
CC BY 3.0 / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/S. Dagnello (NRAO)/Böhringer et al. (ROSAT All-Sky Survey) / Galáxias observadas pelo telescópio ALMA sobrepostas à imagem do gás quente no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra.
Galáxias observadas pelo telescópio ALMA sobrepostas à imagem do gás quente no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra.
Galáxia espiral relativamente comum NGC 4254 no aglomerado de Virgem que produz ativamente novas estrelas.
NGC 4567 e NGC 4568 – duas galáxias em processo de colisão no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra.
Galáxias observadas pelo telescópio ALMA sobrepostas à imagem do gás quente no aglomerado de Virgem a 65 milhões de anos-luz da Terra.
Por sua vez, Brown explicou que o referido aglomerado de Virgem é a região mais extrema do Universo local, cheia de plasma de milhões de graus Celsius, velocidades extremas de galáxias e interações violentas entre galáxias e seus arredores.
O processo de despojo de gás, descoberto pelo projeto, ocorre quando as galáxias estão se movendo tão rápido através do plasma quente em seu aglomerado que grandes quantidades de gás molecular frio são removidas da galáxia.
"A remoção de gás é um dos mais espetaculares e violentos mecanismos externos que podem cessar a formação de estrelas em galáxias. [É como] se o gás fosse varrido por uma enorme vassoura cósmica", detalhou Brown.
Foi possível realizar estas observações graças ao receptor de 6 bandas do ALMA, capaz de fazer observações de alta sensibilidade e alta resolução sem minimizar o tempo de observação.