DNA (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil, 1920
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Historiadores subestimaram fortemente efeito da Praga Justiniana, segundo estudo

CC BY 2.0 / Flickr.com / Richard Mortel / Justiniano (imagem referencial)
Justiniano (imagem referencial) - Sputnik Brasil, 1920, 23.11.2021
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Um historiador do Reino Unido analisou textos e evidências de DNA dos meados do séc. VI e concluiu que muitos deles comprovam o alto impacto da epidemia na época.
O impacto da Praga Justiniana, que se espalhou no oeste da Eurásia entre os séculos VI e VIII, foi muito maior que o indicado por alguns estudos, aponta nova pesquisa. Os cientistas geralmente consideram que as consequências da disseminação da praga bubônica não foram particularmente grandes.
No entanto, outros afirmam que a infecção pode ter eliminado até metade de toda a população mediterrânica da época, minando o território do Império Romano Ocidental e do Império Romano Oriental, com o último também conhecido na historiografia como Império Bizantino.
Segundo Peter Sarris, historiador da Universidade de Cambridge, Inglaterra, Reino Unido, os historiadores e arqueólogos precisam de trabalhar em conjunto com geneticistas e cientistas ambientais para entender os antigos surtos de doenças na sua totalidade, incluindo a peste bubônica, também conhecida como Praga Justiniana.

"Alguns historiadores permanecem altamente hostis a considerar fatores externos, como certas doenças, como tendo um grande impacto no desenvolvimento da sociedade humana, e o 'ceticismo da praga' tem tido muita atenção em anos recentes", comentou o acadêmico. Ao invés, ele afirma que o impacto da pandemia pode ser medido pela implementação de muita legislação de gestão de crise entre os anos 542 e 545, em meio a uma queda da população, e uma redução na produção de legislação em geral.

Como exemplos específicos de seu estudo, publicado na revista Past & Present, Sarris cita uma lei do ano 542 para assegurar o funcionamento das operações com dinheiro. Além disso, foram emitidas moedas de ouro leves (foi a primeira vez em séculos em que o valor do ouro como moeda caiu) e as pesadas moedas de cobre que circulavam em Constantinopla também foram reduzidas em tamanho.
Tais exemplos são mais significativos que os referidos por outros historiadores. Alguns autores consideram que as poucas referências diretas à peste na literatura podem ser interpretadas como evidência de seu baixo impacto na sociedade.
"Ver a praga em primeira mão obrigou o historiador contemporâneo Procópio a se afastar de sua vasta narrativa militar, para escrever um relato angustiante da chegada da praga a Constantinopla, que deixaria uma impressão profunda nas gerações posteriores de leitores bizantinos", diz Peter Sarris em comunicado da Universidade de Cambridge.
"Isso é muito mais revelador que o número de palavras relacionadas à praga que ele escreveu. Autores diferentes, escrevendo diferentes tipos de texto, se concentraram em temas diferentes, e seus trabalhos devem ser lidos de acordo com isso."
Bactérias da praga bubônica retiradas de um paciente (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 07.07.2020
Agora peste bubônica? Virologista avalia riscos de propagação desta praga
Na opinião do cientista, as evidências de DNA, como a que revelou em 2018 que a peste bubônica se espalhou na Inglaterra até Edix Hill, e que pode ter chegado à Grã-Bretanha através dos países bálticos e escandinavos, é mais eficaz em determinar o grau de disseminação da pandemia do que verificar esse efeito em textos antigos.
"Temos muito a aprender de como nossos antepassados responderam à doença epidémica, e como pandemias impactaram estruturas sociais, a distribuição de riqueza e os modos de pensar", frisou Sarris.
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