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Jornais revelam o que a CIA fez aos cativos no Afeganistão durante ocupação de quase 20 anos

© AFP 2023 / SAUL LOEBLogo da CIA no quartel-general da agência em Langley, EUA (foto de arquivo)
Logo da CIA no quartel-general da agência em Langley, EUA (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 07.12.2021
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Novos documentos publicados sobre o programa de detenção e interrogatório da CIA no Afeganistão descrevem em detalhes alarmantes algumas das técnicas extremas usadas por oficiais norte-americanos que resultaram em mortes em cativeiro.
O jornalista investigativo, Kit Klarenberg, em um artigo publicado pela RT, revelou detalhes obscuros das técnicas de interrogatório perpetradas pela Agência no Afeganistão.
Em um processo judicial recente, os advogados de Abu Zubaydah – detido na baía de Guantánamo e torturado quase até a morte pela CIA, mantido sem acusação pelos EUA por quase 20 anos – pediram que seu cliente fosse libertado, dado que as guerras de Washington no Afeganistão e com a Al-Qaeda (organização proibida na Rússia e em diversos países) finalmente acabaram.
Os advogados argumentam que não havia justificativa legal para mantê-lo cativo e que ele deveria ser dispensado imediatamente.
O que a petição omite de mencionar, no entanto, é que a detenção de Zubaydah foi, desde o primeiro dia, destinada a ser permanente a fim de manter em segredo os maus-tratos criminais da CIA e garantir que seus agressores estivessem protegidos da acusação para sempre.
Quatro meses após sua captura, em 2002, no Paquistão, a equipe da agência no Afeganistão buscou especificamente "garantias razoáveis" de seus superiores de que ele "permaneceria em isolamento e incomunicável pelo resto de sua vida".
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Em resposta, um memorando afirmou que havia "sentimento bastante unânime" na sede da CIA de que Zubaydah "nunca será colocado em uma situação onde [ele] tenha qualquer contato significativo com outros e/ou a oportunidade de ser libertado", e que permaneceria "incomunicável pelo resto de sua vida."
O desejo de Langley (CIA) de total silêncio sobre tudo relativo ao seu programa de tortura é compreensível, pois muitas pessoas têm muito a esconder.
O BuzzFeed publicou no início de dezembro centenas de documentos oficiais relacionados às investigações do Inspetor-Geral da CIA sobre abuso sexual infantil por parte de funcionários da agência e contratados.
Entre os documentos, estava uma revisão especial de maio de 2004 do programa de detenção e interrogatório da agência, lançada depois que Gul Rahman, um afegão suspeito de ter ligações com a milícia, morreu no Salt Pit, na zona de perigo em Cabul, 18 meses antes.
Rahman foi submetido a sessões de privação de sono com duração de 48 horas, nas quais lhe foram negadas roupas "para causar humilhação cultural" e esteve sujeito a tratamento desumano. Apesar disso, ele não cooperou e não forneceu informações, apenas admitindo sua identidade depois de vários dias "em condições de frio com o mínimo de comida e sono".
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Uma avaliação psicológica em novembro de 2002 observou sua "notável resiliência física e psicológica" e, como resultado, recomendou "contínuas privações ambientais" para fazê-lo falar.
Naquele mesmo mês, quando a comida foi entregue a Rahman, ele teria jogado uma garrafa de água e seu balde de defecação nos guardas, avisando que tinha visto seus rostos "e os mataria quando fosse solto". Quando o gerente de Salt Pit soube desse incidente, ele autorizou o "encadeamento" do prisioneiro – amarrando suas mãos e pés ao chão para que ele não pudesse ficar de pé ou sentar-se confortavelmente – nu da cintura para baixo em sua cela.
Na manhã de 20 de novembro, Rahman foi encontrado morto. As investigações subsequentes do Inspetor-Geral descobriram que a equipe de Salt Pit havia empregado uma série de técnicas e "ações improvisadas" sem aprovação do Departamento de Justiça ou da sede da CIA. Isso incluía chuveiros gelados frequentemente, com temperaturas tão baixas que deixavam o suspeito incapaz de falar direito.
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Um funcionário da CIA, sem nome divulgado, quando questionado pelos investigadores se o frio que foi usado para fins de interrogatório não era extremo, respondeu timidamente "não per se", mas reconheceu que o desconforto físico e ambiental "foi usado para encorajar os detidos a melhorar seu ambiente". Eles continuaram argumentando que "frio é difícil de definir", perguntando retoricamente "quão frio é frio? Quão frio é fatal?"
Embora o relatório do Comitê de Inteligência do Senado sobre o programa de detenção e interrogatório da CIA permaneça confidencial até hoje, seu resumo executivo de 525 páginas referiu-se a Rahman mais de 100 vezes.
A extrema violência foi uma marca da atuação da equipe da CIA em território afegão e a impunidade diante dos crimes cometidos não se limitou apenas aos ocorridos no país, segundo os documentos. A revisão, no entanto, não pode ser considerada um documento definitivo, porque apenas contém material registrado oficialmente.
A agência não foi obrigada a documentar a captura e detenção de todos os indivíduos até junho de 2003, portanto, é impossível determinar a situação atual de todos os indivíduos capturados e detidos, ou ainda, quantos perderam suas vidas sob o uso das técnicas de tortura da CIA.
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