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Tebet traz fôlego à 3ª via, mas não há espaço para tantas candidaturas, diz analista

© Folhapress / Mateus BonomiEm Brasília, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), gesticula durante cerimônia do lançamento de sua pré-candidatura à Presidência, em 8 de dezembro de 2021
Em Brasília, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), gesticula durante cerimônia do lançamento de sua pré-candidatura à Presidência, em 8 de dezembro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 08.12.2021
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Nesta quarta-feira (8), o MDB oficializou a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), a primeira mulher presidenciável a anunciar o nome no pleito de 2022. A Sputnik Brasil ouviu a cientista política Clarisse Gurgel para discutir os efeitos de mais um nome na "terceira via".
Na manhã desta quarta-feira (8), uma cerimônia de formalização da pré-candidatura da senadora Simone Tebet foi realizada em um hotel de Brasília, reunindo autoridades do MDB, além dos presidentes do PSDB e do União Brasil. A pré-candidatura de Tebet já era conhecida desde novembro.
© Folhapress / Aloísio MauricioEm São Paulo, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) participa da entrega do relatório da CPI da Covid ao Ministério Público paulista, em 10 de novembro de 2021
Em São Paulo, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) participa da entrega do relatório da CPI da Covid ao Ministério Público paulista, em 10 de novembro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 08.12.2021
Em São Paulo, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) participa da entrega do relatório da CPI da Covid ao Ministério Público paulista, em 10 de novembro de 2021
Durante a cerimônia, Tebet apresentou um discurso defendendo harmonia e pacificação na tentativa de se posicionar contra a polarização política e como alternativa dentro da chamada terceira via. Para a cientista política Clarisse Gurgel, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), ainda é cedo para saber se Simone Tebet conseguirá despontar como candidata da terceira via, mas há interesses de setores específicos nesse campo.

"Há muitos interesses de que o Brasil não fique condicionado ao Bolsonaro ou ao ex-presidente Lula. E, em especial, interesses por parte de um grande empresariado, setor financeiro, principalmente, agronegócio", afirma Gurgel em entrevista à Sputnik Brasil.

O fato de Tebet ser a primeira candidatura feminina para 2022 também foi observado pela cientista política, que explica que o Brasil tem "traços fortes de misoginia, de ódio às mulheres", o que pode atrapalhar a tentativa da senadora de chegar à Presidência. A pesquisadora reforça que a simples representação feminina no pleito não resolve "problemas estruturais" e que a presença de apenas uma mulher candidata à Presidência é um sinal de "retrocesso".

"Para as candidaturas às cadeiras no parlamento, as eleições para um voto proporcional, a gente já consegue ver que essa disputa, em combate ao machismo, já começa a encontrar efeitos mais concretos. Mas nessas disputas de maior espectro, mais superestruturais, em que as forças se exercem de maneira mais direta, eu diria que essa luta é uma luta ainda com poucos resultados e a aparência não diz muito sobre ela", explica Gurgel.

Mais fôlego para a 3ª via

Gurgel acredita que a candidatura de Tebet possa servir para valorizar a posição do MDB nas eleições de 2022, uma vez que o partido historicamente participa da composição dos governos à direita e à esquerda, uma situação que "acaba por narrar a própria história da democracia brasileira".
"O MDB tem uma trajetória de composição e, em especial, de terceira via. Porque o MDB tem um perfil de uma direita liberal clássica, ainda que ele transite muito tranquilamente de setores da extrema direita até a esquerda de centro", afirma a pesquisadora.
Para Gurgel, Tebet traz fôlego à terceira via na disputa eleitoral de 2022 por envolver, via MDB, um setor ligado ao grande empresariado.

"A gente pode entender que a candidatura da senadora é uma candidatura que imprime um certo respiro, dá um fôlego à terceira via, porque envolve um setor ligado ao grande empresariado, ao setor mais entreguista do Brasil, ao setor mais fisiológico, a um setor mais flexível no que diz respeito ao mercado político", diz.

'Não há muito espaço para tantas candidaturas'

Ao lado de Tebet, ao menos outros 11 nomes já foram anunciados como pré-candidatos às eleições presidenciais de 2022. Para a cientista política Clarisse Gurgel, esse é um número fora da realidade e não haverá espaço para tantos candidatos no pleito.

"Essas eleições de 2022 vão nos lembrar muito as eleições da redemocratização, onde surgiram várias candidaturas, mas algumas tenderam a se consolidar mais do que outras. Essa é a tendência em geral", afirma.

Segundo Gurgel, como a maioria dos nomes está à direita, é possível que o presidente Jair Bolsonaro (PL) saia prejudicado nesse contexto.

"O que se vislumbra, ao nosso ver, é um esgotamento da própria candidatura do Jair Bolsonaro [PL] por alguns eleitores encontrarem nessa terceira via uma alternativa. Mas essa terceira via, muito pulverizada em muitas candidaturas, vai dividir votos, o que pode, sim, favorecer a candidatura do ex-presidente Lula [PT]", conclui.

Conheça os nomes de todos os pré-candidatos à Presidência anunciados até o momento:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT);
Jair Bolsonaro (PL);
Sergio Moro (Podemos);
Ciro Gomes (PDT);
João Doria (PSDB);
Simone Tebet (MDB);
Rodrigo Pacheco (PSD-MG);
Alessandro Vieira (Cidadania-SE);
André Janones (Avante-MG);
Cabo Daciolo (Brasil 35);
Felipe D´Ávila (Novo);
Leonardo Péricles (UP).
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