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Venda de equipamentos militares do Brasil bate recorde, e analista afirma: 'Há margem para crescer'
Venda de equipamentos militares do Brasil bate recorde, e analista afirma: 'Há margem para crescer'
Sputnik Brasil
A indústria bélica do Brasil atingiu a marca de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,3 bilhões) em exportações em 2021. Para Roberto Godoy, especialista em assuntos... 09.12.2021, Sputnik Brasil
2021-12-09T19:01-0300
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Na noite de quarta-feira (8), o ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, estava feliz durante a cerimônia da 6ª Mostra BID Brasil, realizada em Brasília. Em um dos seminários que participou, ele apresentou, entre sorrisos, os números da indústria da defesa em 2021, e destacou que as exportações superaram o valor de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,3 bilhões). "Os resultados mostram que estamos no caminho certo", comentou, apontando em seguida a participação do setor no PIB nacional, que cresceu mais de 8% no biênio 2019-2020 em relação a 2018. Ele ainda citou a diversidade do portfólio brasileiro, "composto por aeronaves, embarcações, ferramentas cibernéticas para proteção de dados, radares, sistemas seguros de comunicação, armamentos, e entre outros itens de alta tecnologia".Há boas razões para a felicidade do general. A Base Industrial de Defesa (BID) representa atualmente 4,7% do PIB nacional, com uma taxa de crescimento que superou, em 2020, a de setores tradicionais da economia brasileira, como a construção civil, a agricultura e a extração de petróleo. O especialista em assuntos militares Roberto Godoy, em entrevista à Sputnik Brasil, fez uma análise deste quadro apresentado pelo ministro da Defesa brasileiro.Godoy explicou que, ao analisar as causas do sucesso da indústria militar brasileira, é preciso compreender que o governo foi inteligente ao manter o parque industrial que herdou, promovendo o aumento do investimento em alguns programas estratégicos. O especialista comentou que o projeto iniciado em 2007 pelo governo Lula, "de modernizar as Forças Armadas objetivando um reflexo na indústria de defesa", foi levado adiante pela gestão de Jair Bolsonaro.Para ele, o projeto de Lula foi o estopim para o recente ciclo de desenvolvimento da indústria militar. Na época, explicou Roberto Godoy, "tudo o que fosse comprado fora teria que ser comprado com transferência de tecnologia". Os casos mais claros disso são o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), e o programa de renovação da frota de caças. "Em ambas as compras, foi condicionada a transferência de tecnologia", assinalou.'O pulo do gato é o resgate de uma tradição'De acordo com Roberto Godoy, "o pulo do gato" da indústria militar brasileira nos últimos anos foi respeitar a tradição do país de se posicionar como um importante agente no mercado internacional de armas. Ele comentou que a década de 1980, sobretudo a partir de 1985, foi o grande momento da indústria bélica do Brasil. "Naquela época, uma única empresa foi capaz de vender o valor que o governo Bolsonaro comemora nas vendas de um ano inteiro", avaliou. Ao falar sobre o complexo industrial do Brasil, enfatizou que alguns blindados da época ainda são utilizados até hoje, como é o caso do blindado Cascavel, veículo de reconhecimento armado com um canhão de 90 mm, além de outros equipamentos. O especialista comentou que, "nos anos 1990, houve um desmonte da estrutura industrial militar". Equipamentos que simbolizam o sucesso brasileiroAo ser questionado sobre qual seria o equipamento que encanta nossos clientes no exterior, Godoy avalia que é, sem dúvida, "o setor de produção de vetores não tripulados, ou seja, foguetes e mísseis". Ele citou como exemplo de sucesso a Avibras, e o Astros II, que está entrando em sua sexta geração após anos sendo vendido em países do Oriente Médio e no norte da África. "Os cliente da região do Golfo gostam muito deste equipamento, que atualmente está sendo chamado de Astros 2020, cujo diferencial é o lançador de foguetes de saturação, de artilharia, com estabilização aerodinâmica e direcionado a um determinado alvo. A grande novidade do Astros 2020 é que ele lança três diferentes tipos de foguetes, de curta, média e longa distância, e incorporou recentemente ao seu sistema um míssil de cruzeiro, muito sofisticado, com alcance de 300 km e precisão digital", disse o especialista.Ainda comentando sobre os equipamentos que fazem sucesso no exterior, o especialista ainda citou o trabalho desenvolvido pela Embraer, em especial com relação ao cargueiro KC-390 Millenium, que pode realizar múltiplas tarefas, como o reabastecimento em voo de outras aeronaves, além de socorro médico, servir de hospital e etc. Godoy ainda defendeu o "campeão de vendas" brasileiro, a frota do Super Tucano, que hoje é usado por 15 países no mundo. Ele lembrou que a aeronave "tem 130 combinações de armas diferentes". Segundo ele, isso facilita a aquisição por outros países, como a Colômbia, que utiliza o avião leve para combater o narcotráfico, dada a sua versatilidade e capacidade de adaptação.O especialista analisou que o grande cliente internacional, comprador de equipamentos militares no Brasil, é a Arábia Saudita, "que comprou um lote considerável de novos lançadores de foguetes. Ele ainda incluiu nesta lista a Indonésia e a Malásia, destacando a importância de clientes no Oriente Médio, África, América Latina e Ásia.Questionado sobre o futuro da indústria para os próximos anos, Roberto Godoy afirmou que ainda é muito cedo para fazer qualquer previsão sobre os negócios. "Podemos imaginar um bom ano em 2022, pois haverá retomada de vendas". O problema, para ele, não é falta de interesse estrangeiro nos produtos brasileiros. "O problema é que o Brasil tem uma relação de amor e ódio com a indústria da defesa". Ele apontou que há constrangimento com a indústria nacional porque o país foi vanguarda na diplomacia internacional, e às vezes sente-se obrigado a renegar a indústria bélica em detrimento do diálogo e de uma posição pacífica e neutra.
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Venda de equipamentos militares do Brasil bate recorde, e analista afirma: 'Há margem para crescer'
19:01 09.12.2021 (atualizado: 07:34 10.12.2021) Especiais
A indústria bélica do Brasil atingiu a marca de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,3 bilhões) em exportações em 2021. Para Roberto Godoy, especialista em assuntos militares, futuro do setor depende da relação que o país assumirá com a indústria de defesa.
Na noite de quarta-feira (8), o ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, estava feliz durante a cerimônia da 6ª Mostra BID Brasil, realizada em Brasília. Em um dos seminários que participou, ele apresentou, entre sorrisos, os números da indústria da defesa em 2021, e
destacou que as exportações superaram o
valor de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,3 bilhões).
"Os resultados mostram que estamos no caminho certo", comentou, apontando em seguida a participação do setor no PIB nacional, que cresceu mais de 8% no biênio 2019-2020 em relação a 2018. Ele ainda citou a diversidade do portfólio brasileiro, "composto por aeronaves, embarcações, ferramentas cibernéticas para proteção de dados, radares, sistemas seguros de comunicação, armamentos, e entre outros itens de alta tecnologia".
Há boas razões para a felicidade do general. A Base Industrial de Defesa (BID) representa atualmente 4,7% do PIB nacional, com uma taxa de crescimento que superou, em 2020, a de setores tradicionais da economia brasileira, como a construção civil, a agricultura e a extração de petróleo. O especialista em assuntos militares
Roberto Godoy, em entrevista à Sputnik Brasil, fez uma
análise deste quadro apresentado pelo ministro da Defesa brasileiro.
24 de novembro 2021, 14:23
Godoy explicou que, ao analisar as causas do sucesso da indústria militar brasileira, é preciso compreender que o governo foi inteligente ao manter o parque industrial que herdou, promovendo o aumento do investimento em alguns programas estratégicos.
O especialista comentou que o projeto iniciado em 2007 pelo governo Lula, "de modernizar as Forças Armadas objetivando um reflexo na indústria de defesa", foi levado adiante pela gestão de Jair Bolsonaro.
Para ele, o projeto de Lula foi o estopim para o recente ciclo de desenvolvimento da indústria militar. Na época, explicou Roberto Godoy, "tudo o que fosse comprado fora teria que ser comprado com transferência de tecnologia".
Os casos mais claros disso são o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), e o programa de renovação da frota de caças. "Em ambas as compras, foi condicionada a transferência de tecnologia", assinalou.
'O pulo do gato é o resgate de uma tradição'
De acordo com Roberto Godoy, "o pulo do gato" da indústria militar brasileira nos últimos anos foi respeitar a tradição do país de se posicionar como um importante agente no mercado internacional de armas.
Ele comentou que a década de 1980, sobretudo a partir de 1985, foi o grande momento da indústria bélica do Brasil. "Naquela época, uma única empresa foi capaz de vender o valor que o governo Bolsonaro comemora nas vendas de um ano inteiro", avaliou.
Ao falar sobre o complexo industrial do Brasil, enfatizou que alguns blindados da época ainda são utilizados até hoje, como é o caso do blindado Cascavel, veículo de reconhecimento armado com um canhão de 90 mm, além de outros equipamentos. O especialista comentou que, "nos anos 1990,
houve um desmonte da estrutura industrial militar".
"Eram 120 empresas em 1900, mas muitas quebraram. Restou a divisão militar da Embraer, a Avibras, e o pessoal que produz equipamentos de posse pessoal, como a Taurus, que se aproveita das condições atuais do governo de Bolsonaro para alavancar suas vendas no mercado interno. É muito mais confortável ir para exterior apresentando um lançador múltiplo de foguetes, que é usado pelas Forças Armadas. Esse é o pulo do gato, o resgate de uma tradição", afirmou.
Equipamentos que simbolizam o sucesso brasileiro
Ao ser questionado sobre qual seria o equipamento que encanta nossos clientes no exterior, Godoy avalia que é, sem dúvida, "o setor de produção de vetores não tripulados, ou seja, foguetes e mísseis". Ele citou como exemplo de sucesso a Avibras, e o Astros II, que está entrando em sua sexta geração após anos sendo vendido em países do Oriente Médio e no norte da África.
"Os cliente da região do Golfo gostam muito deste equipamento, que atualmente está sendo chamado de Astros 2020, cujo diferencial é o lançador de foguetes de saturação, de artilharia, com estabilização aerodinâmica e direcionado a um determinado alvo. A grande novidade do Astros 2020 é que ele lança três diferentes tipos de foguetes, de curta, média e longa distância, e incorporou recentemente ao seu sistema um míssil de cruzeiro, muito sofisticado, com alcance de 300 km e precisão digital", disse o especialista.
Ainda comentando sobre os equipamentos que fazem sucesso no exterior, o especialista ainda citou o trabalho desenvolvido pela Embraer, em especial com relação ao cargueiro KC-390 Millenium, que pode realizar múltiplas tarefas, como o reabastecimento em voo de outras aeronaves, além de socorro médico, servir de hospital e etc.
Godoy ainda defendeu o "campeão de vendas" brasileiro, a frota do Super Tucano, que hoje é usado por 15 países no mundo. Ele lembrou que a aeronave "tem 130 combinações de armas diferentes". Segundo ele, isso facilita a aquisição por outros países, como a Colômbia, que utiliza o avião leve para combater o narcotráfico, dada a sua versatilidade e capacidade de adaptação.
"Vários clientes pedem sigilo quanto aos valores envolvidos nas compras do Super Tucano. Na versão básica, com o mínimo de equipamento, ele custa US$ 9 milhões (cerca de R$ 50 milhões)", comentou.
O especialista analisou que o grande cliente internacional, comprador de equipamentos militares no Brasil, é a Arábia Saudita, "que comprou um lote considerável de novos lançadores de foguetes. Ele ainda incluiu nesta lista a Indonésia e a Malásia, destacando a importância de clientes no Oriente Médio, África, América Latina e Ásia.
Questionado sobre o futuro da indústria para os próximos anos, Roberto Godoy afirmou que ainda é muito cedo para fazer qualquer previsão sobre os negócios. "Podemos imaginar um bom ano em 2022, pois haverá retomada de vendas".
O problema, para ele, não é falta de interesse estrangeiro nos produtos brasileiros. "O problema é que o Brasil tem uma relação de amor e ódio com a indústria da defesa". Ele apontou que há constrangimento com a indústria nacional porque o país foi vanguarda na diplomacia internacional, e às vezes sente-se obrigado a renegar a indústria bélica em detrimento do diálogo e de uma posição pacífica e neutra.