Conflitos no campo: 77% dos assassinatos em 2021 foram na Amazônia Legal
16:58 10.12.2021 (atualizado: 06:49 11.12.2021)
© Divulgação/IBAMAApreensão de toras na fronteira com o Peru em operação que envolveu Ibama, Exército, Funai, PF e PM do Amazonas
© Divulgação/IBAMA
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Estados amazônicos lideram o número de famílias impactadas por desmatamento ilegal, territórios invadidos, pistolagem e contaminação por agrotóxicos.
Dados do relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados nesta sexta-feira (10) revelam que houve um aumento de 30% no número de assassinatos relacionados a conflitos em zonas rurais neste ano.
Até o momento, foram 26 vítimas de assassinatos, sendo oito indígenas, seis sem-terra, três posseiros, três quilombolas, dois assentados, dois pequenos proprietários e duas quebradeiras de coco babaçu. Em 2020, foram 20 assassinatos registrados pela CPT.
Os casos foram registrados entre 1º de janeiro e novembro de 2021. Entre os assassinatos deste ano, 21 ocorreram nos estados que ficam inseridos na Amazônia Legal, equivalente a 77% do total.
© Folhapress / Avener PradoGarimpo ilegal na terra indígena Mundurucu, no sudoeste do Pará. O megagarimpo de ouro destruiu um pequeno rio e foi denunciado pelos próprios índios. A equipe de elite do Ibama, no entanto, foi atacada por mundurucus aliados dos garimpeiros e decidiu abortar a ação
Garimpo ilegal na terra indígena Mundurucu, no sudoeste do Pará. O megagarimpo de ouro destruiu um pequeno rio e foi denunciado pelos próprios índios. A equipe de elite do Ibama, no entanto, foi atacada por mundurucus aliados dos garimpeiros e decidiu abortar a ação
© Folhapress / Avener Prado
O número de sem-terra assassinados passou de dois, em 2020, para seis, em 2021. Mortes em consequência de conflitos dispararam, tendo um aumento de 1.044%, passando de nove, em todo o ano de 2020, para 103 registradas até o momento. Dessas, 101 foram de indígenas Yanomamis.
Entre as mortes dos indígenas Yanomami, foram pelo menos 45 crianças. Dos casos de morte em situação de conflito, destacam-se as duas crianças que foram sugadas por dragas de garimpo em outubro, e outras duas afogadas fugindo de tiros disparados pelos garimpeiros, em maio.
Todos os assassinatos de quilombolas neste ano também ocorreram na Amazônia Legal, no Maranhão. O estado registrou um terço do total de assassinatos, recorde entre as unidades federativas.
© Folhapress / Odair LealIndígenas yanomami caminham na aldeia Novo Demini, em Barcelos (AM)
Indígenas yanomami caminham na aldeia Novo Demini, em Barcelos (AM). Foto de arquivo
© Folhapress / Odair Leal
A publicação destaca também o que chamou de "massacre": em 13 de agosto, três pessoas foram assassinadas no Acampamento Ademar Ferreira, em Nova Mutum, distrito de Porto Velho, pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar (PM) de Rondônia e pela Força de Segurança Nacional.
© Wilson Dias/Agência Brasil/Fotos PúblicasDos 200 assassinatos de ambientalistas ocorridos em todo o mundo no ano passado, 49 aconteceram no Brasil
Dos 200 assassinatos de ambientalistas ocorridos em todo o mundo no ano passado, 49 aconteceram no Brasil. Foto de arquivo
© Wilson Dias/Agência Brasil/Fotos Públicas
O relatório apresenta ainda um aumento de 50% nas agressões, 200% nas ameaças de prisão, 1.100% nas humilhações e 14% nas intimidações, entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2021, em todo o Brasil, em comparação ao mesmo intervalo em 2020.
Indígenas são as maiores vítimas dos conflitos por terra na Amazônia Legal (33%), seguidos pelos quilombolas (19%). A violência contra posseiros, sem-terra e assentados foi a que mais cresceu na região.
Em 2021, 19,5% das vítimas de conflito na Amazônia Legal foram posseiros, 12% sem-terra e 7% assentados. Já os autores da violência na região são em sua maioria fazendeiros (30%) e grileiros (14%).
23 de novembro 2021, 17:28