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Erradicação da pobreza e regularização do trabalho serão as pautas deste século, diz especialista
Erradicação da pobreza e regularização do trabalho serão as pautas deste século, diz especialista
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De tudo que acompanhamos desde o início da pandemia em 2020, fica cada vez mais difícil desassociar a crise sanitária de suas consequências socioeconômicas. A... 03.01.2022, Sputnik Brasil
2022-01-03T17:05-0300
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2022 já bateu à nossa porta trazendo consigo questões do ano passado a serem resolvidas com urgência, como a crise sanitária global do coronavírus e o colapso econômico através dos altos índices de inflação, desemprego e aumento da fome.Se antes achávamos que as vacinas "segurariam" a disseminação da pandemia, a COVID-19 nos "presenteou" com a nova variante Ômicron com alta taxa de transmissibilidade.O impacto da pandemia afeta a frágil economia global, que iniciou uma caminhada tímida, mas já começa a ficar temerosa com as restrições impostas pela nova cepa e a dificuldade de se gerar novos investimentos devido ao cenáro de incertezas.A Sputnik Brasil entrevistou dois especialistas para saber o que precisamos melhorar a fim de achar, em definitivo, a resposta para erradicação do vírus, e qual novo olhar é preciso ter sobre as relações de trabalho e sobre a economia no intuito de desacelerar o processo de pobreza.O grande avanço de 2021 em relação à pandemia foi a vacinação em massa, na perspectiva de Gilson Caleman, professor doutor em saúde coletiva da Faculdade de Medicina de Marília (SP) entrevistado pela reportagem.No entanto, Caleman ressalta que as campanhas de vacinação não "foram feitas de forma homogênea em todo mundo, trazendo o grave aspecto da iniquidade que pode manter a pandemia ativa em 2022".O professor complementa que "não tendo essa cobertura vacinal, a chance de desenvolvimento de variantes mais transmissíveis, no gênero da Ômicron, é muito grande porque o vírus não se cansa".Caleman também chama atenção para fato de que não é apenas fazer com que as vacinas cheguem a esses países, é preciso um esforço global para que nesses lugares também se tenha estrutura para receber os imunizantes."Mesmo tendo a vacina, há problemas estruturais como a cadeia de frios para armazenamento que essas regiões não têm, além de não haver gente treinada o suficiente para aplicar a medicação."Outro ponto levantado pelo professor, que precisa progredir para não ocorrer mais mutações do vírus, é a vacinação de crianças de cinco a 11 anos, uma vez que "temos tecnologia para isso e já foi provada a segurança da imunização de pessoas nessa faixa etária".Sobre a eficácia dos imunizantes já existentes diante das novas variantes, o professor diz que estudos comprovam positivamente sua eficiência no combate às novas cepas, mas que de qualquer maneira, "a gente não pode deixar de alterar a realidade da baixa cobertura vacinal".SUS no BrasilApesar das dificuldades orçamentárias do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, foi possível fazer uma campanha de vacinação que foi exemplo para o mundo. Indagado sobre quais são os horizontes para o SUS neste ano de 2022, Caleman afirma que sobre a vacinação a campanha vai continuar, mas que do ponto de vista do financiamento "o quadro não é muito otimista".O professor conta que nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), houve um aumento significativo de casos, mas que os mesmos se misturaram com o alto índice de casos de Influenza (gripe)."Essa junção do vírus da COVID-19 com o da Influenza está complicando a realidade, vai ter que ter um esforço para realizar a cobertura da vacina para gripe, porque esse vírus [da Influenza] pode levar pessoas a desenvolverem quadros graves", salienta Caleman.Caleman relembra que, além dos vírus, há outros tratamentos de diversas doenças que foram afetados devido ao foco dado ao coronavírus. "Por exemplo, o número de transplantes diminuiu drasticamente, assim como caiu a cobertura vacinal de outras doenças."Pandemia como agente impulsionador da crise econômica Segundo Diego Pautasso, professor de Relações Internacionais e especialista em países do BRICS, a economia mundial vem sofrendo um período de dificuldades acentuado pela pandemia, e que dentro deste contexto, "a atuação do Estado se mostra cada vez mais importante".Um dos efeitos dessa degradação econômica pode ser evidenciado através da progressiva precarização das relações de trabalho. A pandemia teria então exposto "as vulnerabilidades dos trabalhadores desprotegidos por legislações trabalhistas"."Há uma encruzilhada tecnológica combinada a uma situação sanitária grave e a políticas liberalizantes. [Esse combo] tem feito repensarmos os caminhos das condições de trabalho no século XXI", diz Pautasso.Sobre as políticas liberais, na visão do professor, o plano trilionário de infraestrutura do governo Biden, por exemplo, "é uma clara sinalização de que as políticas liberais alcançaram seus limites. Tirando o [Paulo] Guedes, a maior parte dos ministros e dos planejadores de economia desta abordagem estão perdendo espaço, e acredito que isso deve acontecer no Brasil também"."O fracasso das políticas liberais também ajudou para polarização, para a onda de extrema direita que temos visto. [...] As respostas da esquerda me parecem imperativas em um contexto de transição do mundo, o qual requer novos paradigmas políticos capazes de administrar essas mudanças que ocorrem de maneira acelerada", complementa.Ao mesmo tempo, Pautasso ressalta que o contexto sanitário acelerou uma série de transformações tecnológicas que vinham se desenvolvendo desde a década de 1980, com a Terceira Revolução Industrial, "tanto no sentido positivo em termos de possibilidade como o e-commerce, home office e o entretenimento por streaming, mas também expôs as questões da desigualdade e da precarização das condições de trabalho".Para Pautasso, os temas da erradicação da pobreza e da regularização do trabalho "parecem ser os principais temas da agenda social deste século" e que a China, com políticas sociais, conseguiu tirar pessoas da pobreza extrema, enquanto o Ocidente falhou neste aspecto."É preciso destacar que, em 2020, a China anunciou a erradicação da pobreza extrema. Retiraram-se 850 milhões de pessoas da pobreza [...] isso mostra que o crescimento chinês tem comprometimento social e revela que, por outro lado, o Ocidente, sobretudo os países que adotaram as políticas liberais revelaram um grande fracasso, dado o crescimento da desigualdade, da insegurança social e da violência", analisa.Para este ano, os países da América Latina com economia mais preparada ao crescimento são Panamá, República Dominicana, El Salvador e Peru, segundo as previsões mais recentes da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) citadas pela BBC Brasil.Atualmente, o Brasil tem uma das taxas de inflação mais altas do continente: 10,74% nos últimos 12 meses, e se encontra em 17º lugar no ranking das nações que mais podem crescer na região em 2022.
https://noticiabrasil.net.br/20211229/omicron-ja-representa-31-das-infeccoes-por-covid-19-no-brasil-diz-estudo-20862655.html
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economia, exclusiva, covid-19, novo coronavírus, sus, fome, neoliberalismo, pobreza, capitalismo, pandemia, brasil, trabalho
economia, exclusiva, covid-19, novo coronavírus, sus, fome, neoliberalismo, pobreza, capitalismo, pandemia, brasil, trabalho
Erradicação da pobreza e regularização do trabalho serão as pautas deste século, diz especialista
17:05 03.01.2022 (atualizado: 05:57 04.01.2022) Especiais
De tudo que acompanhamos desde o início da pandemia em 2020, fica cada vez mais difícil desassociar a crise sanitária de suas consequências socioeconômicas. A Sputnik Brasil entrevistou analistas para entender qual os tópicos mais urgentes a serem reformulados em nossa sociedade após a explosão da COVID-19.
2022 já bateu à nossa porta trazendo consigo questões do ano passado a serem resolvidas com urgência,
como a crise sanitária global do coronavírus e o colapso econômico através dos altos índices de inflação, desemprego e aumento da fome.
Se antes achávamos que as vacinas "segurariam" a disseminação da pandemia, a COVID-19 nos "presenteou" com a nova variante Ômicron com alta taxa de transmissibilidade.
O impacto da pandemia afeta a frágil economia global, que iniciou uma caminhada tímida, mas já começa a ficar temerosa com as restrições impostas pela nova cepa e a dificuldade de se gerar novos investimentos devido ao cenáro de incertezas.
A Sputnik Brasil entrevistou dois especialistas para saber o que precisamos melhorar a fim de achar, em definitivo, a resposta para erradicação do vírus, e qual novo olhar é preciso ter sobre as relações de trabalho e sobre a economia no intuito de desacelerar o processo de pobreza.
O grande avanço de 2021 em relação à pandemia foi a vacinação em massa, na perspectiva de Gilson Caleman, professor doutor em saúde coletiva da Faculdade de Medicina de Marília (SP) entrevistado pela reportagem.
No entanto, Caleman ressalta que as campanhas de vacinação não "
foram feitas de forma homogênea em todo mundo, trazendo o grave aspecto da iniquidade que pode manter a pandemia ativa em 2022".
"A cobertura vacinal de países mais necessitados foi muito baixa, como a dos países africanos, por exemplo, onde alguns não chegaram nem a ter 20% de vacinados. O mundo falhou em uma ação global humanitária que pudesse possibilitar a essas nações maior acesso à vacina. E essa falta de imunização é o que gera novas variantes, como a Ômicron", explica o especialista.
O professor complementa que "não tendo essa cobertura vacinal, a chance de desenvolvimento
de variantes mais transmissíveis, no gênero da Ômicron, é muito grande porque o vírus não se cansa".
Caleman também chama atenção para fato de que não é apenas fazer com que as vacinas cheguem a esses países, é preciso um esforço global para que nesses lugares também se tenha estrutura para receber os imunizantes.
29 de dezembro 2021, 18:47
"Mesmo tendo a vacina, há problemas estruturais como a cadeia de frios para armazenamento que essas regiões não têm, além de não haver gente treinada o suficiente para aplicar a medicação."
Outro ponto levantado pelo professor, que precisa progredir para não ocorrer mais mutações do vírus, é a vacinação de crianças de cinco a 11 anos, uma vez que "temos tecnologia para isso e
já foi provada a segurança da imunização de pessoas nessa faixa etária".
"Essas estratégias têm que ser concomitantes [para erradicação do vírus]: avançar na vacinação de crianças, avançar na quarta dose – principalmente em grupos de risco – e avançar nesta ação global para que todos países tenham acesso à vacina, não só para frear o vírus, mas por uma questão de solidariedade. É preciso que se fale menos e faça mais", analisa Caleman.
Sobre a
eficácia dos imunizantes já existentes diante das novas variantes, o professor diz que estudos comprovam positivamente sua eficiência no combate às novas cepas, mas que de qualquer maneira, "a gente não pode deixar de alterar a realidade da baixa cobertura vacinal".
Apesar das dificuldades orçamentárias do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, foi possível fazer uma campanha de vacinação que foi exemplo para o mundo. Indagado sobre quais são os horizontes para o SUS neste ano de 2022, Caleman afirma que sobre a vacinação a campanha vai continuar, mas que do ponto de vista do financiamento "o quadro não é muito otimista".
"O SUS continua com baixo financiamento, até mesmo por conta do resultado do PIB, mas de alguma forma nossa política de imunização é muito potente. Se tivéssemos começado a vacinar antes, teria sido melhor [...], mas agora chegamos a quase 70% da população brasileira com a primeira dose, quase 68% com a segunda e avançando na terceira dose. Mas precisamos começar com urgência a vacinação de crianças."
O professor conta que nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), houve um aumento significativo de casos, mas que os mesmos se misturaram com o alto índice de casos de Influenza (gripe).
"Essa
junção do vírus da COVID-19 com o da Influenza está complicando a realidade, vai ter que ter um esforço para realizar a cobertura da vacina para gripe, porque esse vírus [da Influenza] pode levar pessoas a desenvolverem quadros graves", salienta Caleman.
Sobre este ano que inicia, em relação ao contexto sanitário, o professor diz que pode até falar "de um otimismo cauteloso", mas que está mais "para o pessimismo, porque se a pandemia prolongar, as outras enfermidades continuarão prejudicadas".
Caleman relembra que, além dos vírus, há outros tratamentos de diversas doenças que foram afetados devido ao foco dado ao coronavírus. "Por exemplo, o número de transplantes diminuiu drasticamente, assim como caiu a cobertura vacinal de outras doenças."
Pandemia como agente impulsionador da crise econômica
Segundo Diego Pautasso, professor de Relações Internacionais e especialista em países do BRICS, a economia mundial vem sofrendo um período de dificuldades acentuado pela pandemia, e que dentro deste contexto, "a atuação do Estado se mostra cada vez mais importante".
"As desigualdades e contradições do sistema econômico tendem a se tornar mais agudas. As economias como a norte-americana e a europeia – desde a crise de 2008 e depois aprofundada pela crise de 2011 – já vêm apresentando dificuldades. Isso tem colocado em xeque as políticas liberalizantes e tem revelado a importância do Estado como mecanismo de planejamento e coordenação econômica", analisa o professor.
Um dos efeitos dessa degradação econômica pode ser evidenciado através da progressiva precarização das relações de trabalho. A pandemia teria então exposto "as vulnerabilidades dos trabalhadores desprotegidos por legislações trabalhistas".
"Há uma encruzilhada tecnológica combinada a uma situação sanitária grave e a políticas liberalizantes. [Esse combo] tem feito repensarmos os caminhos das condições de trabalho no século XXI", diz Pautasso.
Sobre as políticas liberais, na visão do professor, o plano
trilionário de infraestrutura do governo Biden, por exemplo, "é uma clara sinalização de que as políticas liberais alcançaram seus limites. Tirando o [Paulo] Guedes, a maior parte dos ministros e dos planejadores de economia desta abordagem estão perdendo espaço, e acredito que isso deve acontecer no Brasil também".
"O fracasso das políticas liberais também ajudou para polarização, para a onda de extrema direita que temos visto. [...] As respostas da esquerda me parecem imperativas em um contexto de transição do mundo, o qual requer novos paradigmas políticos capazes de administrar essas mudanças que ocorrem de maneira acelerada", complementa.
23 de novembro 2021, 16:06
Ao mesmo tempo, Pautasso ressalta que o contexto sanitário acelerou uma série de transformações tecnológicas que vinham se desenvolvendo desde a década de 1980, com a Terceira Revolução Industrial, "tanto no sentido positivo em termos de possibilidade como o e-commerce, home office e o entretenimento por streaming, mas também expôs as questões da desigualdade e da precarização das condições de trabalho".
Para Pautasso, os
temas da erradicação da pobreza e da regularização do trabalho "parecem ser os principais temas da agenda social deste século" e que a China, com políticas sociais, conseguiu tirar pessoas da pobreza extrema, enquanto o Ocidente falhou neste aspecto.
"É preciso destacar que, em 2020, a
China anunciou a erradicação da pobreza extrema. Retiraram-se 850 milhões de pessoas da pobreza [...] isso mostra que o crescimento chinês tem comprometimento social e revela que, por outro lado, o Ocidente, sobretudo os países que adotaram as políticas liberais revelaram um grande fracasso, dado o crescimento da desigualdade, da insegurança social e da violência", analisa.
Para este ano, os países da América Latina com economia mais preparada ao crescimento são Panamá, República Dominicana, El Salvador e Peru, segundo as previsões mais recentes da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal)
citadas pela BBC Brasil.
Atualmente, o Brasil tem uma das taxas de inflação mais altas do continente: 10,74% nos últimos 12 meses, e se encontra em 17º lugar no ranking das nações que mais podem crescer na região em 2022.