Fernández ordena investigação contra governo Macri por espionagem de sindicalistas e opositores
© AP Photo / Victor CaivanoO presidente da Argentina, Alberto Fernández, fala a apoiadores durante evento na Praça de Maio, em Buenos Aires, no dia 17 de novembro de 2021
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, informou, nesta terça-feira (4), que ordenou uma investigação contra o governo anterior, de Mauricio Macri (2015-2019), por "espionagem ilegal" e "perseguição judicial contra sindicalistas e opositores".
O pedido do presidente ocorre após denúncia da inspetora da Agência Federal de Inteligência (AFI) Cristina Caamaño contra funcionários do governo Macri. Ela teve acesso a vídeos de reuniões do então ministro do Trabalho de Buenos Aires, Marcelo Villegas, nas quais ele tratava de ações contra dirigentes sindicais.
La Justicia Federal investiga una denuncia que he ordenado hacer a la Agencia Federal de Inteligencia para que se investiguen acciones del anterior gobierno que promovieron el espionaje ilegal y diversas persecuciones judiciales contra sindicalistas y opositores. pic.twitter.com/QOgrtPxICS
— Alberto Fernández (@alferdez) January 4, 2022
A Justiça Federal está investigando uma denúncia que ordenei à Agência Federal de Inteligência [AFI] contra as ações do governo anterior que promoveram a espionagem ilegal e vários processos judiciais contra sindicalistas e opositores.
Fernández disse que, no início de seu mandato, denunciou a existência de mais de 100 celulares criptografados fornecidos pela AFI, que incluía os de funcionários públicos e da Justiça e aliados políticos e comerciais do então partido no poder, Cambiemos.
Segundo ele, alguns dos celulares pertenciam a ex-governadora da província de Buenos Aires Maria Eugenia Vidal, ao procurador Julio Conte Grand, ao ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors Daniel Angelici, ao ex-ministro da Justiça de Buenos Aires Gustavo Ferrari, ao empresário Nicolás Caputo e ao ex-procurador-geral Martín Ocampo.
"Por que esses telefones estavam criptografados? Que segredos os oficiais judiciais e os políticos preservavam com os empresários? Que conversa secreta um empresário do esporte que se transformou em operador judicial teve com oficiais políticos, promotores ou juízes?", indagou o presidente argentino.
Para Fernández, estas questões requerem uma resposta, pois "o uso do serviço de inteligência do Estado de direito para realizar espionagem interna e promover processos criminais é definitivamente repugnante e, portanto, inadmissível".
O presidente ressaltou "o dever de pôr o serviço de inteligência a favor dos interesses nacionais" para "acabar com os hábitos ilegais da inteligência 'macrista' e reavaliar o Estado de direito e a convivência democrática".
Na Argentina, há outra investigação de suposta espionagem durante o governo Macri em curso na Justiça Federal de Dolores, na província de Buenos Aires.
Neste caso, o ex-presidente virou réu por espionagem ilegal a parentes da tripulação do submarino ARA San Juan, da Marinha argentina, que afundou em 2017.