Costa Concordia, 10 anos depois: senador italiano revela à Sputnik detalhes do naufrágio do cruzeiro
© AFP 2023 / Filippo MonteforteEvacuação do cruzeiro Costa Concórdia no dia 15 de janeiro de 2012.
© AFP 2023 / Filippo Monteforte
Nos siga no
Há dez anos, o navio de cruzeiro Costa Concordia, com 4.229 pessoas a bordo, naufragou na costa da ilha de Giglio, na Toscana, após uma manobra malsucedida do capitão Francesco Schettino.
O capitão Francesco Schettino havia traçado uma rota para passar muito próximo ao porto da ilha, na tentativa de fazer o chamado "inchino" (reverência), para saudar os 800 moradores da ilha.
Contudo, os cálculos estavam errados e o navio, de 300 metros de comprimento e com 114 mil toneladas de arqueação, colidiu com as rochas.
© AFP 2023 / Guarda de Finanças da ItáliaNaufrágio do cruzeiro Costa Concórdia na Isola del Giglio, Itália
Naufrágio do cruzeiro Costa Concórdia na Isola del Giglio, Itália
© AFP 2023 / Guarda de Finanças da Itália
A Sputnik Itália conversou com o senador Gregorio De Falco, que era o comandante em terra a cargo de coordenar as operações de resgate, a partir da Capitania de Livorno, e que contou sua versão do desastre, que deixou 32 pessoas mortas no dia 13 de janeiro de 2012.
Gregorio de Falco ficou conhecido após ordenar para que Schettino voltasse e ajudasse no resgate das mais de 4.200 pessoas presas na embarcação (ordem que não foi obedecida).
Durante o diálogo, reproduziu uma frase que ganhou fama mundial imediatamente: "Vada a bordo, cazzo".
Contudo, De Falco afirma que pouca gente notou a comunicação mais importante, que foi um telefonema durante o qual ele pediu ao navio para enviar a mensagem de socorro, mostrando uma situação de perigo real para a segurança da vida do homem no mar, instando a embarcação a iniciar o procedimento de emergência.
De Falco ressalta que a demora na realização do procedimento de emergência foi responsável por causar vítimas.
© AFP 2023 / Filippo MonteforteSoldados sentados no porto da Isola de Giglio com o cruzeiro Costa Concórdia naufragado ao fundo
Soldados sentados no porto da Isola de Giglio com o cruzeiro Costa Concórdia naufragado ao fundo
© AFP 2023 / Filippo Monteforte
Além disso, ele ressalta que se passaram 45 minutos, quando já havia três compartimentos inundados, para que a embarcação declarasse emergência e encaminhasse os passageiros aos botes salva-vidas.
Falando sobre o capitão da embarcação, De Falco afirmou que Schettino poderia ter feito muitas coisas se voltasse a bordo como, por exemplo, manter a ordem e a organização entre os passageiros, evitando que as pessoas ficassem presas nos corredores cheios d'água. Ele poderia ter evitado as mortes e sido reconhecido pela sociedade.
Contudo, ele ressalta que a culpa não foi apenas do ex-capitão, já que os demais tripulantes não evitaram que Schettino realizasse uma navegação perigosa e irracional próximo da ilha, para depois abandonar o navio.
© AFP 2023 / Filippo MonteforteMulher observa o cruzeiro Costa Concórdia parcialmente submerso
Mulher observa o cruzeiro Costa Concórdia parcialmente submerso
© AFP 2023 / Filippo Monteforte
Além disso, ele afirma que espera que a lição tenha sido aprendida e que esta situação não se repita novamente.
De Falco lembrou que o gerador de emergência da embarcação não foi iniciado, indicando que os exercícios não eram realizados a bordo há meses, e, no momento de necessidade, o motor não funcionou, estando todo enferrujado, o que causou sua parada.
Por esta razão, o hoje senador De Falco espera que o acidente tenha servido de lição para evitar novos erros que resultem em perdas dolorosas e violentas.
O Costa Concordia havia entrado em atividade em 2006 e era o modelo de navio mais luxuoso da empresa Costa Cruzeiros.
© AFP 2023 / Filippo MonteforteCruzeiro Costa Concórdia tombado na Isola de Giglio no dia 23 de janeiro de 2012
Cruzeiro Costa Concórdia tombado na Isola de Giglio no dia 23 de janeiro de 2012
© AFP 2023 / Filippo Monteforte
A embarcação tinha 300 metros de comprimento e deslocamento de 114 mil toneladas. Além disso, tinha capacidade para 3.780 passageiros e 1.100 tripulantes.
Mais de dois anos e meio depois do acidente o navio foi resgatado e retirado da água.