Exército do Brasil: simulação contra grupos de esquerda não tinha 'conotação político-ideológica'
15:06 27.01.2022 (atualizado: 13:53 28.01.2022)
© Marcos Corrêa/PR / http://fotospublicas.com/michel-temer-assistiu-na-esplanada-dos-ministerios-parada-civica-de-celebracao-feriado-da-independencia/Militares do Exército Brasileiro no desfile do Dia da Independência, em Brasília
© Marcos Corrêa/PR / http://fotospublicas.com/michel-temer-assistiu-na-esplanada-dos-ministerios-parada-civica-de-celebracao-feriado-da-independencia/
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Treinamento foi executado em 2020 na cidade de Piquete, no estado de São Paulo, e criou entidades com nomes alusivos a grupos reais em um país fictício chamado "Brasânia". O Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, era chamado de Partido Operário (PO).
Em novembro de 2020, o Exército Brasileiro realizou um exercício intitulado "Mantiqueira" com o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOpEsp) para ensinar a combater ameaças de esquerda, militantes e organização "marxista", segundo o UOL.
A simulação foi questionada pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), o qual solicitou por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) cópias de pareceres que serviram como fundamento para embasar a ação, realizada em Piquete (SP).
Como resposta, o Exército afirmou que o treinamento ocorreu "sem nenhuma conotação político-ideológica nem de nacionalidade".
Entretanto, o parlamentar interpretou que a resposta "minimizou o caso" e questionou por que não se faz o mesmo visando "uma operação antifascista".
O Exército respondeu a nosso requerimento de informação sobre Operação Mantiqueira, que simulava combates contra grupos de esquerda. Minimizaram, responderam estar em consonância com Estado Democrático de Direito. Absurdo! Por que não treinam com uma operação antifascista?
— Ivan Valente (@IvanValente) January 26, 2022
De acordo com a mídia, o treinamento foi pautado em um país fictício chamado "Brasânia".
Na descrição da história da nação "Brasânia", é possível encontrar vários paralelos com a trajetória brasileira, passando pela Guerrilha do Araguaia, as chamadas "ameaças comunistas", popularizadas nas décadas de 1960 e 1970, e manifestações marcadas pelo uso de mídias sociais.
"As informações constantes na documentação do exercício são meramente fictícias e serviram somente para contextualizar o Exercício de Operações Contra Forças Irregulares do Curso de Forças Especiais, no ano de 2020, sem nenhuma conotação político-ideológica nem de nacionalidade. Desse modo, o exercício visa tão somente aos militares desenvolverem a capacidade em combater Forças Irregulares, de Insurgência, de Guerrilha e/ou grupos armados contra o Estado de Direito", diz um trecho da carta enviada pelo Exército.
No entanto, o site Congresso em Foco, afirma que as características conferidas para montar a simulação eram bastante específicas.
O Exército criou entidades com nomes alusivos a grupos reais que se opõem ao atual governo: o PT se tornou Partido Operário (PO), já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se tornou Movimento de Luta pela Terra, e os dois seriam apoiados pelo jornal "Mídia Samurai", fazendo referência ao grupo de narrativas independentes Mídia Ninja.