Chanceler russo sobre um possível conflito: 'Se depender da Rússia não haverá guerra'
05:09 28.01.2022 (atualizado: 11:40 28.01.2022)
© Serviço de imprensa do Parlamento / Acessar o banco de imagensMinistro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, falando na Duma de Estado (Parlamento) da Rússia
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O chanceler russo sublinhou que as conversações sobre garantias de segurança com a OTAN e os EUA ainda não terminaram.
Se depender da Rússia, não haverá guerra, Moscou não quer guerra, disse Sergei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores, durante uma entrevista com quatro grandes estações de rádio russas.
No entanto, Moscou não permitirá que o Ocidente ignore grosseiramente os seus interesses, sublinhou Lavrov.
"Se depender da Federação da Rússia – não haverá guerra. Não queremos guerras, mas também não permitiremos que os nossos interesses sejam grosseiramente espezinhados e ignorados", observou.
Lavrov disse que as propostas de segurança apresentadas pela Rússia não são excessivas. Moscou quer que se trabalhe com ela de forma honesta.
"Nossas propostas, que foram apresentadas aos americanos e à OTAN em 15 de dezembro, podem parecer excessivas se o especialista que as avaliar partir do princípio que 'bem, os americanos já tomaram tudo ao redor de vocês, para que vocês estão fazendo alarido e se preocupando com isso? Vá, aceitem o que há e se limitem ao mínimo que têm.' Não, nós queremos que trabalhem conosco de forma honesta", defendeu Lavrov em entrevista às estações de rádio russas.
As ameaças de sanções dos EUA contra a Rússia e sua eventual imposição equivaleriam à ruptura das relações, Washington entende isso, notou o chefe da diplomacia russa.
"Em relação às ameaças de sanções, foi dito aos americanos, nomeadamente, durante os contatos entre os presidentes, que o pacote [de sanções] que tem sido mencionado e que sugere um desligamento completo dos sistemas financeiros e econômicos controlados pelo Ocidente, seria equivalente a uma ruptura das relações. Isso foi dito de forma clara e eu acho que eles entendem isso", afirmou o chanceler.
A Rússia fortalecerá as relações com a América Latina independentemente de como prossigam as negociações sobre as garantias de segurança, declarou Lavrov.
Se os EUA continuarem insistindo que não vão alterar sua posição sobre as questões relacionadas com a segurança europeia, eles devem entender que a Rússia também manterá a sua, disse o ministro do exterior russo.
"Se eles insistirem que não vão mudar de posição, nós também não mudaremos nossa posição. É que a posição deles é baseada em argumentos falsos, em uma deturpação direta dos fatos, enquanto nossa posição se baseia no que todos assinaram. Aqui não vejo qualquer possibilidade de compromisso. Caso contrário, para quê negociar se eles distorcem e sabotam abertamente as antigas decisões? Este será o teste fundamental para nós", ressaltou Lavrov.
"Volto a dizer – eles não poderão se esquivar a responder à questão por que motivo não cumprem o que os seus presidentes assinaram sobre a inadmissibilidade de aumentar sua segurança à custa da segurança dos outros", acrescentou.
Os EUA e o Ocidente estão agora desenvolvendo histericamente o tema da ameaça da Rússia à Ucrânia, disse Lavrov.
"Agora nos dizem, exagerando histericamente o tema da escalada na Ucrânia, exigindo a desescalada, e [Josep] Borrell, e [Antony] Blinken [repetem] como uma fórmula de magia: 'Esperamos realmente que a Rússia escolha o caminho da diplomacia'. Vou cobrar essa promessa, porque nós escolhemos o caminho da diplomacia por muitas décadas desde que a União Soviética desapareceu", declarou Lavrov em entrevista.
"E o resultado dessa diplomacia muito significativa são os acordos de Istambul e Astana, ou seja, que ninguém reforçará a sua segurança à custa da segurança dos outros. Este é um acordo, esta é uma declaração, o produto final da diplomacia [...] Se vocês são a favor da diplomacia, primeiro cumpram aquilo que vocês concordaram em fazer", acrescentou o ministro russo.
O chefe da diplomacia russa declarou que, durante as conversações em Genebra, não fez quaisquer ameaças relativamente à Ucrânia que tivessem levado os EUA a decidirem evacuar seus diplomatas de Kiev.
"Eu não disse nada para ele […] Asseguro-lhes que discutimos apenas as garantias de segurança", disse Lavrov ao ser perguntado o que ele poderia ter dito a Blinken em Genebra para que os EUA decidissem evacuar os seus diplomatas da Ucrânia imediatamente após a reunião.
Lavrov afirmou na entrevista que os EUA usam o presidente ucraniano Vladimir Zelensky para aumentar as tensões em torno da Rússia.
"Zelensky e seu regime são usados principalmente pelos americanos para aumentar as tensões, usando os seus criados na Europa, que sempre alinham com eles em suas iniciativas russofóbicas. E o principal objetivo de Washington aqui não é de modo algum o destino da Ucrânia – para eles é importante escalar as tensões em torno da Rússia, a fim de 'fechar' este assunto e depois lidar com a China, tal como escrevem os próprios cientistas políticos americanos", comentou.
"Como é que eles querem 'fechar' [o assunto] – não consigo imaginar. Se eles ainda têm lá alguns estrategistas políticos sensatos, devem entender que este caminho não levará a lado nenhum", concluiu o ministro.