Kremlin expressa apoio à patinadora russa chamando a situação com teste de doping de equívoco
13:30 11.02.2022 (atualizado: 14:44 11.02.2022)
© Sputnik / Grigory Sysoev / Acessar o banco de imagensPatinadora russa Kamila Valieva participando nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim
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O teste de doping da patinadora artística russa Kamila Valieva realizado em 25 de dezembro de 2021 deu positivo para substância chamada trimetazidina, relata em comunicado a Agência Internacional de Testes (ITA).
"A amostra para teste de doping de Valieva, coletada em 25 de dezembro de 2021 no campeonato de patinação artística da Rússia em São Petersburgo mostrou a presença da substância proibida trimetazidina. O resultado foi comunicado em 8 de fevereiro por um laboratório de testes antidopagem acreditado em Estocolmo pela WADA [Agência Mundial Antidoping]. Depois disso, a esportista foi suspensa condicionalmente pela Agência Antidoping da Rússia (RUSADA)", lê-se na nota da ITA.
"De acordo com o Código Mundial de Antidoping, Valieva, que tem 15 anos, tem um estatuto de 'pessoa protegida', que é aplicado a pessoas com menos de 16 anos de idade. As informações sobre a abertura de um processo contra um esportista com esse estatuto não são de divulgação obrigatória. No entanto, devido ao fato de que vários meios de comunicação não respeitarem o estatuto da esportista e emitiram notícias baseadas em informações não oficiais, a ITA está ciente da necessidade de publicar oficialmente as informações devido ao elevado interesse público", informa o comunicado.
No entanto, a suspensão de Valieva foi retirada em 9 de fevereiro, e ela está autorizada a competir nas Olimpíadas de Pequim.
"A esportista apelou contra a suspensão condicional, em 9 de fevereiro a RUSADA decidiu remover a suspensão, permitindo que ela continuasse participando das Olimpíadas. A justificativa para esta decisão será comunicada a todas as partes interessadas o mais rapidamente possível", avança comunicado da RUSADA.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) contestará a decisão da RUSADA e o caso será analisado pelo Tribunal Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês). Prevê-se que a decisão seja divulgada antes de 15 de fevereiro.
Kremlin apoia a patinadora russa e sugere esperar pelos resultados oficiais do processo
A patinadora artística russa Kamila Valieva, suspeita de usar doping nos Jogos Olímpicos de Inverno 2022 em Pequim, é fortemente apoiada pelo Kremlin, disse o porta-voz do presidente, Dmitry Peskov.
"Não comentamos e não queremos comentar a situação, aguardamos a conclusão dos procedimentos [...] Apoiamos a nossa Kamila Valieva", disse Peskov.
As autoridades russas estão confiantes de que houve algum mal-entendido e sugerem aguardar pelos resultados do processo.
Há chances para resolução favorável do caso
O advogado esportivo Artyom Patsev disse à Sputnik que na situação em torno do resultado positivo do teste de doping há chances para uma resolução favorável do caso.
"Não se deve esperar a pior das hipóteses, eu vejo plenamente as chances de um resultado favorável, especialmente porque há experiências positivas com trimetazidina em atletas de alto nível [...] Há também exemplos positivos neste caso, tendo em conta a idade da esportista, seu modo de vida, de seus treinadores e assim por diante. É possível encontrar evidências de que ela não tinha onde obter esta substância e não fazia nenhum sentido tomá-la. Eu seria cautelosamente otimista", observou advogado.
Mark Adams, chefe do serviço de imprensa do COI, comentando a situação de Valieva, afirmou que o caso ainda está sendo analisado, salientando que a permissão de retomar a participação não está relacionada com a idade da patinadora.
"Ouvimos muitos rumores, há muito ruído, nós esperamos que haja mais explicações, embora tenhamos o documento básico. COI é 100% contra o doping, nós conduzimos investigações completas de cada caso. Mas este caso não foi totalmente analisado. Além disso, trata-se de uma menor de idade. A investigação continua", comentou Adams.
Sputnik questionou especialista britânica Genevieve Gordon-Thomson sobre a demora da WADA de refletir sobre o teste de doping feito em dezembro de ano passado.
Por que, na sua opinião, demorou tanto tempo para a WADA refletir sobre um teste realizado em dezembro de 2021, especialmente em meio ao impasse político que está acontecendo neste momento entre a Rússia e Ocidente?
"Muitas perguntas podem ser levantadas em relação ao prazo. RUSADA deveria ter pressionado o laboratório sueco a informar em tempo útil, especialmente dado o seu estatuto como Comitê Olímpico Russo (ROC) e o simples fato de que Valieva estava a caminho de Pequim para competir nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. WADA deveria, sem dúvida, ter sido mais rápida nas suas ações. A União Internacional de Patinação (ISU) teria assim o conhecimento das amostras que teriam sido coletadas. As três partes teriam tido acesso ao sistema de gestão e administração antidoping, que lhes diria onde e quando as amostras foram coletadas. Na minha opinião, cada uma dessas organizações são culpadas e têm questões a responder sobre este triste caso; tenham elas caráter político esportivo ou outro", comentou Genevieve Gordon-Thomson, presidente da Associação Esportiva do Reino Unido, vice-presidente da Associação Britânica do Esporte e do Direito e diretora do Centro de Pesquisa e Inovação para Esporte, Tecnologia e Direito da Universidade de Montfort.
Kamila Valieva, de 15 anos, participou na prova de patinação artística por equipes que ganhou medalhas de ouro.