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Cientistas revelam como o Tambaqui amazonense pode virar commodity de uma indústria milionária

© Folhapress / Luiz Carlos MurauskasFuncionário da Codevasf da Zona da Mata alagoana mostra criação de tambaqui
Funcionário da Codevasf da Zona da Mata alagoana mostra criação de tambaqui - Sputnik Brasil, 1920, 15.02.2022
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O Tambaqui, peixe nativo dos rios amazônicos, é apontado por pesquisadores como dono de um grande potencial no mercado de pesca global, podendo se tornar uma verdadeira commodity brasileira.
Imagine um peixe com grande produção de filhotes, altas taxas de crescimento, dieta majoritariamente vegetariana, resistência a baixas quantidades de oxigênio na água e com demanda no mercado. Este é o sonho de qualquer piscicultor.
Cientistas da FAPESP revelaram nesta semana que o Tambaqui, embora não tenha havido grandes investimentos em sua produção, reúne as características para se tornar mais uma commodity brasileira de sucesso no mercado internacional.
Eles avaliaram que, para isso acontecer, porém, serão necessárias mais pesquisas e investimentos, sobretudo, na área de genética.
Rio Amazonas - Sputnik Brasil, 1920, 15.02.2022
Rio Amazonas. Foto de arquivo
O peixe amazônico alcançou uma produção anual de 100 mil toneladas no Brasil, atrás apenas da tilápia, com cerca de 500 mil toneladas. Em artigo publicado na revista Reviews in Aquaculture, os cientistas destacaram algumas características do Tambaqui.
"Um peixe amazônico, com dieta 75% vegetariana e manejo muito fácil, tem um enorme potencial como produto sustentável, em um momento em que a aquicultura está sob ataque por conta dos impactos no meio ambiente", diz a publicação.
O trabalho reúne o conhecimento mais recente sobre diversos aspectos da cultura do Tambaqui, desde a história da produção no Brasil, passando pelos sistemas de produção, genética, nutrição, doenças, até os métodos de processamento.
Os pesquisadores coordenaram ainda um estudo que caracterizou Tambaquis sem espinhas intermusculares, aquelas em forma de "Y" que ocorrem dentro da carne de algumas espécies.
© FolhapressRio Tupana, na Floresta Amazônica, no estado do Amazonas
Rio Tupana, na Floresta Amazônica, no estado do Amazonas - Sputnik Brasil, 1920, 15.02.2022
Rio Tupana, na Floresta Amazônica, no estado do Amazonas
Em trabalho anterior, o grupo estimou parâmetros genéticos de várias características do Tambaqui, como os que determinam a área do lombo, um dos cortes mais apreciados pelos consumidores.
Reunidos, os trabalhos estabelecem parâmetros científicos para o desenvolvimento de variedades genéticas melhoradas para o mercado.
"O lombo suíno, por exemplo, foi alvo de melhoramento genético. As raças de porco que temos hoje no Brasil foram selecionadas de forma a terem a capa de gordura reduzida e a área de lombo aumentada", diz a publicação.

"O melhoramento pode fazer com que os cortes de Tambaqui chamados de lombo, banda e costela resultem em produtos ainda melhores que os atuais", explica o pesquisador.

"Temos recursos genéticos suficientes para desenvolver variedades com diferentes perfis de tolerância a frio, a baixo oxigênio na água, a doenças, sem espinhas, com maior produção de filhotes e de carne, entre outros", explicou.
"Os produtores necessitam ir além, com a busca de produtos geneticamente superiores para o estabelecimento de uma piscicultura economicamente e ecologicamente sustentável. É isso que o mercado no mundo todo exige atualmente", encerra o pesquisador.
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