Vladimir Putin diz que decisão sobre operação especial na Ucrânia foi 'difícil'
09:59 05.03.2022 (atualizado: 11:21 05.03.2022)
© Sputnik / Mikhail KlementievPresidente russo, Vladimir Putin, 2 de março de 2022
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O presidente russo, Vladimir Putin, qualificou de "difícil" a decisão de começar a operação especial na Ucrânia.
Conforme disse hoje, sábado (5) o chefe de Estado, a Rússia tentou resolver o conflito na Ucrânia de maneira pacífica. Kiev devia permitir à população de Donbass de falar em russo e viver como eles desejavam, mas, em vez disso, foi feito um bloqueio.
As autoridades atuais em Kiev devem compreender que, se continuarem a agir da mesma maneira, elas põem em questão o futuro da soberania ucraniana e, se isso acontecer, será completamente da sua responsabilidade, afirmou.
"As pessoas em Donbass não são cachorros perdidos: de 13 a 14 mil foram mortos, mas o Ocidente preferiu ignorar isso por oito anos", segundo as palavras de Putin.
O presidente relatou que as ações de destruição da infraestrutura militar na Ucrânia estão quase completadas, e acrescentou que a Rússia tem forças suficientes para atingir os objetivos da operação por meio das tropas do Exército russo. As Forças Armadas da Rússia estão alcançando os seus objetivos, a operação avança de acordo com o plano e cronograma do Estado-Maior, sublinhou.
Ele ressaltou ainda que da operação militar no território ucraniano participam apenas militares profissionais e que não se planeja envolver recrutas.
"Nós não planejamos introduzir qualquer estado especial no território da Federação da Rússia, não planejamos, não há tal necessidade hoje", assegurou Vladimir Putin.
A adesão da Ucrânia à OTAN permitiria apoiá-la em caso de conflito armado, e daria força aos ucranianos para tentarem recuperar a Crimeia.
"Ultimamente a situação é ainda pior: [...] começaram a falar mais ativamente sobre a Ucrânia ser aceita na OTAN. Vocês entendem ao que poderia levar isso? E pode levar ainda agora? Se é membro da OTAN, então, em conformidade com o tratado fundador desta organização, todos os outros membros da Aliança devem apoiar esse país em caso de um conflito militar".
Relembrou também que a Crimeia não é reconhecida como parte do Estado russo na arena internacional.
"Portanto, eles [os ucranianos] realizam operações militares em Donbass. E da mesma forma vão se infiltrar na Crimeia. E neste caso teríamos que combater com toda a OTAN. E isso é o quê? Vocês entendem as consequências ou não? Acho que todos entendem", disse.
Vladimir Putin também comentou que os neonazistas na Ucrânia não têm piedade para com as pessoas e fuzilam até seus próprios soldados. Ainda mais, as autoridades em Kharkov mantêm mais de seis mil cidadãos estrangeiros como reféns por três dias já.
Além disso, a Rússia considerará a introdução de zona de exclusão aérea na Ucrânia por qualquer país como participação do conflito armado:
"Qualquer passo nesse sentido será considerado por nós como participação do conflito armado pelo país a partir de cujo território fossem criadas ameaças para nossos militares. No mesmo instante, vamos considerá-lo participante do conflito. E não importa a quais organizações pertençam".
O presidente abordou também a questão da possibilidade de a Ucrânia se tornar um Estado nuclear. Conforme as palavras do líder russo, desde a época soviética que a Ucrânia tem capacidades nucleares, e ela pode criar seus próprios mísseis, com ajuda "do outro lado do oceano". A partir desse minuto, o destino da Rússia mudará.
"Como podemos negligenciar tudo isso? São ameaças absolutamente reais, não é um absurdo exagerado", ponderou o mandatário.
O presidente também revelou que a decisão de colocar as forças de dissuasão nuclear em regime especial de combate foi tomada depois que a chanceler britânica, Liz Truss, disse "que a OTAN pode ser envolvida no conflito".
Afirmou ainda que a Rússia tem registrado a presença na Ucrânia de militantes do Oriente Médio e até de vários países europeus.
No que diz respeito às negociações com Kiev, Putin apontou que existem diversas variantes da desmilitarização da Ucrânia, um dos principais objetivos da operação russa. Todas elas estão na mesa de negociações com o lado ucraniano, sublinhando que a Rússia espera uma reação positiva por parte de Kiev.