Brasil fica de fora de aliança comercial contra Rússia na OMC
16:59 15.03.2022 (atualizado: 18:24 15.03.2022)
© Sputnik / Sergei KarpukhinPresidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante a cerimônia de aposição floral no Túmulo do Soldado Desconhecido, no centro de Moscou, Rússia, 16 de fevereiro de 2022.
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O governo brasileiro rejeitou participar de um projeto na Organização Mundial do Comércio (OMC) que amplia a pressão econômica sobre a Rússia.
Nesta terça-feira (15), uma coalizão formada por quase 40 países anunciou que suspenderá os direitos comerciais da Rússia.
A aliança conta com a liderança dos EUA e dos 27 países da UE, além do Canadá, da Austrália, da Islândia, do Japão, da Coreia do Sul, da Nova Zelândia, do Reino Unido e de outros.
Fontes do alto escalão do Itamaraty indicaram que, pelo menos por enquanto, o Brasil não vai aderir ao conjunto, escreve o colunista Jamil Chade.
A diplomacia brasileira, conforme comprovado em recentes pronunciamentos na ONU, aponta para os riscos das sanções, que podem representar uma ameaça para o abastecimento de alimentos no mundo.
A Rússia não incluiu o Brasil entre os países considerados hostis, e, em resposta ao UOL, a diplomacia de Moscou afirmou que o governo Bolsonaro "entende" os motivos que levaram o Kremlin a agir na Ucrânia.
Nos últimos dias, a avaliação do governo brasileiro tem sido corroborada por entidades internacionais.
© AP Photo / Mikhail KlimentyevO presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente russo, Vladimir Putin, posam para uma foto antes de uma reunião do BRICS à margem da cúpula do G-20 em Osaka, no Japão, em 28 de junho de 2019.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o presidente russo, Vladimir Putin, posam para uma foto antes de uma reunião do BRICS à margem da cúpula do G-20 em Osaka, no Japão, em 28 de junho de 2019.
© AP Photo / Mikhail Klimentyev
A própria FAO (braço da ONU que lidera esforços para a erradicação da fome e o combate à pobreza) alertou que existe o risco de que, com a operação especial russa na Ucrânia e as sanções contra Moscou, o preço dos alimentos sofra uma alta de 20%. O resultado seria o aumento da fome no mundo.
O Brasil, ao lado de outros países latino-americanos, considera inclusive levar o tema para o debate na agência de alimentos da ONU. Esse entendimento foi compartilhado hoje (15) pelo presidente do Banco Mundial.
O governo brasileiro quer pressionar para que fertilizantes, por exemplo, sejam excluídos do regime de sanções, sob o argumento de que o impacto seria negativo para a agricultura dos países ricos e para o abastecimento de alimentos nos países mais pobres.
Na segunda-feira (14), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Alberto França, criticou a decisão de países que integram a OMC de rebaixar o status comercial da Rússia de forma unilateral.
Durante uma aula magna para estudantes do curso de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília, o chanceler disse que a medida o preocupa e cobrou discussões no âmbito da entidade antes da formalização de novas resoluções.