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Fruto de renovação política 'ativa' no Brasil, MBL sobreviverá nos partidos, dizem analistas
Fruto de renovação política 'ativa' no Brasil, MBL sobreviverá nos partidos, dizem analistas
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Com a aproximação do início da campanha eleitoral no Brasil, movimentos de renovação política como o MBL estão em crise. A Sputnik Brasil ouviu dois cientistas... 15.03.2022, Sputnik Brasil
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Ao longo da última década floresceram no Brasil diversos grupos de renovação política. A partir dos protestos de 2013, alguns deles ganharam proeminência e inserção no debate público brasileiro. É o caso de grupos como o Renova e o MBL, assim como expoentes do movimento negro e feminista, que conquistaram cargos políticos em diversas instâncias de poder no Brasil.Recentemente, o MBL vive uma crise devido às polêmicas envolvendo alguns de seus principais nomes, como o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), acusado de defender a existência de partidos nazistas, e do deputado estadual Arthur do Val (sem partido), conhecido como Mamãe Falei, que foi flagrado na Ucrânia em fala machista de cunho sexual sobre refugiadas que deixam o país.Em entrevista à Sputnik Brasil, o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que o caso de Arthur de Val pode prejudicar a organização que, segundo ele, se posicionou de forma "contundente" contra as falas machistas de seu quadro. Apesar disso, o pesquisador não vê riscos grandes para o grupo, que deve sobreviver dentro de partidos políticos.Já para a professora Daniele Marques, especialista em direito eleitoral e coordenadora da Academia Brasileira de Direito Institucional, essas polêmicas devem afetar principalmente os integrantes envolvidos nelas, mas não devem afetar a organização em si, pois o grupo já é consolidado em sua atividade. Ela explica que grupos como MBL são de natureza suprapartidária e voltados à formação de líderes com o objetivo de ocupar espaços de poder e representatividade política – o caso do próprio Mamãe Falei, eleito após ganhar notoriedade ao lado do grupo.Segundo a professora, essas organizações têm natureza em "um processo de engajamento da sociedade" que deve perdurar mesmo com o acirramento da competição política eleitoral. Para ela, a tendência é que alguns desses grupos continuem defendendo novos formatos para a atividade política.Segundo ela, essas organizações terão um papel importante nas próximas eleições na qualificação do debate "contribuindo para a educação política" de futuros candidatos. Marques também salienta que a participação de membros desses grupos nos partidos políticos é natural, uma vez que essa é a única forma permitida pela Constituição brasileira para o exercício do poder político.Renovação política no Brasil é 'muito ativa'O sociólogo e cientista político Paulo Baía, da UFRJ, salienta que a renovação política evocada pela formação desses movimentos, tanto à direita quanto à esquerda, é um tema recorrente da vida pública brasileira desde os anos 1960. Segundo ele, essa renovação se dá principalmente de duas formas.Dessa forma, o professor ressalta que grupos de novas lideranças, como o MBL, o Livres e o Renova, não foram os únicos na cena de renovação política recente, que também é composta pelo surgimento se organizações negras, feministas e, inclusive, de cunho socialista, por exemplo.
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Fruto de renovação política 'ativa' no Brasil, MBL sobreviverá nos partidos, dizem analistas
22:49 15.03.2022 (atualizado: 08:29 16.03.2022) Especiais
Com a aproximação do início da campanha eleitoral no Brasil, movimentos de renovação política como o MBL estão em crise. A Sputnik Brasil ouviu dois cientistas políticos para discutir o impacto desses grupos na política brasileira e no pleito eleitoral que se aproxima.
Ao longo da última década floresceram no Brasil diversos grupos de renovação política. A partir dos protestos de 2013, alguns deles ganharam proeminência e inserção no debate público brasileiro. É o caso de grupos como o
Renova e o MBL, assim como expoentes do
movimento negro e feminista, que
conquistaram cargos políticos em diversas instâncias de poder no Brasil.
Recentemente, o MBL vive uma crise devido às polêmicas envolvendo alguns de seus principais nomes, como o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), acusado de defender a existência de partidos nazistas, e do deputado estadual Arthur do Val (sem partido), conhecido como Mamãe Falei, que foi flagrado na Ucrânia em fala machista de cunho sexual sobre refugiadas que deixam o país.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que o caso de Arthur de Val pode prejudicar a organização que, segundo ele, se posicionou de forma "contundente" contra as falas machistas de seu quadro. Apesar disso, o pesquisador não vê riscos grandes para o grupo, que deve sobreviver dentro de partidos políticos.
"Você tem que separar um pouco a questão do MBL e do deputado e a inserção que os membros do MBL têm, sobretudo em São Paulo, onde ele é mais forte. Em São Paulo, o MBL vai se compor com os partidos e, portanto, sobreviver dentro desses partidos", aponta o pesquisador em entrevista à Sputnik Brasil.
Já para a professora Daniele Marques, especialista em direito eleitoral e coordenadora da Academia Brasileira de Direito Institucional, essas polêmicas devem afetar principalmente os integrantes envolvidos nelas, mas
não devem afetar a organização em si, pois o grupo já é consolidado em sua atividade. Ela explica que grupos como MBL são de natureza suprapartidária e
voltados à formação de líderes com o objetivo de ocupar espaços de poder e representatividade política – o caso do próprio Mamãe Falei, eleito após ganhar notoriedade ao lado do grupo.
"Esses movimentos buscam viabilizar e impulsionar candidatos competitivos para concorrerem com políticos experientes nas eleições", explica a especialista em entrevista à Sputnik Brasil.
Segundo a professora, essas organizações têm natureza em "um processo de engajamento da sociedade" que deve perdurar mesmo com o acirramento da competição política eleitoral. Para ela, a tendência é que alguns desses grupos continuem defendendo novos formatos para a atividade política.
"Em um futuro próximo, acredito que esses movimentos permaneçam pregando outras formas de fazer política, a exemplo dos mandatos coletivos em contraposição a uma política individual, que, embora sem previsão legal, já é uma realidade", afirma, lembrando um formato de mandato utilizado principalmente por movimentos de esquerda em câmaras estaduais e municipais no Brasil.
Segundo ela, essas organizações terão um papel importante nas próximas eleições na qualificação do debate "contribuindo para a educação política" de futuros candidatos. Marques também salienta que a participação de membros desses grupos nos partidos políticos é natural, uma vez que essa é a única forma permitida pela Constituição brasileira para o exercício do poder político.
Renovação política no Brasil é 'muito ativa'
O sociólogo e cientista político Paulo Baía, da UFRJ, salienta que a renovação política evocada pela formação desses movimentos, tanto à direita quanto à esquerda, é um tema recorrente da vida pública brasileira desde os anos 1960. Segundo ele, essa renovação se dá principalmente de duas formas.
"Há uma renovação geracional em que os grupos tradicionais são substituídos por seus herdeiros, e uma substituição de novas lideranças que surgem como, por exemplo, as lideranças ligadas ao movimento feminista, as lideranças ligadas ao movimento ambientalista, ao movimento negro, ao movimento indígena", detalha o pesquisador.
Dessa forma, o professor ressalta que grupos de novas lideranças, como o MBL, o Livres e o Renova, não foram os únicos na cena de renovação política recente, que também é composta pelo
surgimento se organizações negras, feministas e, inclusive, de cunho socialista, por exemplo.
"A renovação política no Brasil se dá de maneira muito ativa. Desde 1970 você vê essa renovação partidária nos quadros partidários, basta dar uma olhada na substituição que acontece dos parlamentares", ressalta o pesquisador. "Existe uma ativa renovação geracional em todos os partidos. Todos os partidos estão com o corpo dirigente muito renovado", avalia.