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Rússia expulsa do Conselho de Direitos Humanos: 'Hipocrisia dos EUA e submissão da UE'

© AP Photo / John MinchilloBarbara Woodward, representante permanente do Reino Unido nas Nações Unidas, sorri na mesa de sua delegação após cumprimentar Nicolas de Rivière, representante francês, durante reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), em 7 de abril de 2022, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).
Barbara Woodward, representante permanente do Reino Unido nas Nações Unidas, sorri na mesa de sua delegação após cumprimentar Nicolas de Rivière, representante francês, durante reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), em 7 de abril de 2022, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). - Sputnik Brasil, 1920, 07.04.2022
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Professor de relações internacionais ouvido pela Sputnik Brasil classifica cerco político à Rússia de "uma condição no mínimo hipócrita" dos Estados Unidos, citando a prisão de Guantánamo. Segundo o especialista, Brasil deve apoiar investigação independente na Ucrânia.
Em uma articulação do Ocidente, a Rússia foi expulsa do Conselho de Direitos Humanos em Assembleia Geral da ONU (AGNU), realizada nesta quinta-feira (7).
A resolução que suspende o país teve o apoio de 93 países e 24 votos contrários, incluindo os de Belarus, Cuba e China. Outras 58 nações, como Brasil, Índia e Arábia Saudita, se abstiveram.
Liderada pelos Estados Unidos e aliados europeus, a medida ocorre após Kiev acusar Moscou de supostas atrocidades na cidade ucraniana de Bucha. A Rússia classifica o caso como "provocação encenada", apontando diversas inconsistências.
Uma delas é que as imagens que mostram corpos de civis mortos em Bucha surgiram apenas quatro dias depois de as tropas russas deixarem a região, ocupada por forças ucranianas após as negociações de paz em Istambul, no dia 29 de de março.
© REUTERS / Zohra BensemraSoldados ucranianos em um tanque durante a operação da Rússia na Ucrânia em Bucha, na região de Kiev, Ucrânia 2 de abril de 2022
Soldados ucranianos em um tanque durante a operação da Rússia na Ucrânia em Bucha, na região de Kiev, Ucrânia 2 de abril de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 07.04.2022
Soldados ucranianos em um tanque durante a operação da Rússia na Ucrânia em Bucha, na região de Kiev, Ucrânia 2 de abril de 2022
Algumas imagens ainda mostram vítimas com lenços brancos amarrado ao braço, um símbolo de identificação de não agressão.
Nesta quarta-feira (6), o jornal The New York Times (NYT) informou que verificou a veracidade de um vídeo que retrata um grupo militar ucraniano matando soldados russos em Bucha. Há pelo menos mais três soldados russos mortos com as mãos amarradas nas costas e faixas brancas em seus braços cercados por manchas de sangue.
Os assassinatos ocorreram no sudoeste de Bucha, após uma emboscada ucraniana em 30 de março, segundo a análise.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou, na última terça-feira (5), que o Ocidente está tentando sabotar as conversas entre Moscou e Kiev ao alimentar a histeria sobre Bucha.
Segundo ele, caso os EUA e seus aliados insistam na tese do "massacre" russo em Bucha, existe o risco de que as negociações entre Rússia e Ucrânia repitam o destino dos acordos de Minsk.
Para Bruno Beaklini, cientista político e professor de relações internacionais, o cerco político e econômico à Rússia não contribui em nada nas tentativas de diálogo e paz para o fim do conflito na Ucrânia.
Ele aponta ainda "hipocrisia" dos EUA em liderar o processo de expulsão da Rússia do órgão, citando que qualquer país com "centros ilegais de tortura" em território estrangeiro, "como a prisão de Guantánamo", não deveria ter o direito de fazer acusações sobre o tema contra outra nação.

"A suspensão da Rússia é no mínimo uma condição hipócrita. Não creio que a humanidade vá avançar em nenhum processo civilizatório se formos fazer uma competição entre o cinismo dos Estados, entre os interesses mesquinhos dos países", afirmou Beaklini à Sputnik Brasil.

Segundo o professor, não é recente o fato de a Rússia ser alvo de "severas acusações de violações dos direitos humanos".

"A UE se transforma em um aliado não estratégico, mas vassalo e submisso dos EUA, e avança no sentido de criar uma espécie de cerco da opinião pública, se não mundial, ocidentalizada contra a Rússia", avaliou.

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'Brasil deveria apoiar investigação independente na Ucrânia'

Para o especialista em relações internacionais, a diplomacia brasileira "vem, corretamente, se posicionando contra sanções econômicas" promovidas pelo Ocidente, lembrando que as medidas, inclusive, "geram inflação" no país.
Ele aponta que o procedimento padrão deveria ser o de não aceitar o isolamento de nenhum país do mundo do sistema internacional. "Menos ainda se os EUA são os protagonistas dessas ações", acrescentou.
Beaklini afirma que o Itamaraty deve sempre se posicionar de maneira altiva, soberana e independente em sua política externa.

"O Brasil deveria e deve sempre defender a atuação da ONU ou das agências da ONU no sentido de conduzir uma investigação independente sobre o conflito da Ucrânia. Votar contra ou mesmo se abster nesta condição é delicado e complicado", disse.

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