Rússia, China e Índia podem ser vanguarda da Nova Ordem Mundial, diz analista
© AP Photo / Florian SchroetterAs bandeiras dos estados da ONU, dentre elas, a do Brasil, tremulam em frente ao prédio do Centro Internacional com sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena, Áustria, 24 de maio de 2021
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Analista da Síria avalia como vai ser a "nova ordem mundial", que talvez não seja a mesma que a indicada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em uma reunião trimestral da Mesa Redonda de Negócios, no mês de março.
O "velho mundo" liderado pelos EUA está se desmoronando, acredita o analista político sírio Taleb Ibrahim: "O que veremos agora é um sistema multipolar. Os EUA ainda vão estar lá como uma força, mas também haverá a China, Rússia e Índia, e eles vão criar seu próprio bloco para contrabalançar o do Ocidente", afirmou à Sputnik.
De acordo com o analista, os três países já deram passos nesse sentido. Pouco depois de a Rússia anunciar o início de sua operação especial militar na Ucrânia, os EUA - e muitos de seus aliados - aplicaram duras sanções econômicas a Moscou.
Grandes empresas ocidentais se retiraram da Rússia e qualquer investimento na economia do país foi congelado, enquanto o mundo ocidental busca eliminar sua dependência dos recursos energéticos de Moscou.
A ideia por trás dessas sanções era simples, diz Ibrahim. Recusando-se a travar uma guerra em grande escala contra a Rússia que poderia levar à destruição de todo o mundo, o Ocidente quer estrangulá-la economicamente, mas isso, afirma o analista, não será uma tarefa fácil.
Acabar com a hegemonia dos EUA
Em março, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que seu país só venderia seu gás em rublos, reduzindo assim o status do dólar americano como a principal moeda do mundo.
O país também está considerando seriamente uma opção em que o comércio com a China, a Índia e várias outras nações seja feito estritamente em suas moedas, um movimento que pode eventualmente sepultar a hegemonia financeira norte-americana.
"O que a Rússia está tentando fazer é tentar se livrar da hegemonia e do domínio do dólar no mundo", disse Ibrahim. "Se as ações atuais da Rússia forem bem-sucedidas, veremos mais e mais países seguindo o exemplo e abandonando a moeda nacional americana", acrescentou.
De certa forma, esse processo já começou. Decepcionada com a atitude dos Estados Unidos, a Arábia Saudita agora está considerando vender seu petróleo para a China usando o yuan chinês.
Outras nações também estão considerando abandonar o dólar, incluindo Índia, Irã e Síria, e o medo em Washington é que muitos outros países possam se juntar a esse clube.
"Eventualmente, esses países vão estabelecer seu próprio Banco Mundial, com suas próprias reservas de ouro. Depois disso, eles também vão poder criar sua nova moeda mundial que vai competir com o dólar americano. E em um estágio posterior, eles também devem poder criar sua própria aliança militar, assim como a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]", explicou Ibrahim.
O analista adverte que o Ocidente não vai ficar de braços cruzados observando como Rússia, China e Índia estabelecem seu próprio domínio mundial. Para o analista, os ocidentais vão tentar paralisar o bloco usando seu poder brando. Mas as chances de sucesso são baixas.
"No passado, antes de a Europa e depois os EUA terem ganhado proeminência, as nações orientais controlavam o mundo. E a história pode se repetir. Quando isso vai acontecer? Ninguém sabe, mas se o curso que a Rússia está tomando atualmente continuar, a nova ordem mundial pode começar a tomar forma daqui a cinco anos".