Crise na Ucrânia: EUA dizem que 'nada vai dissuadi-los' de armar Kiev
17:13 16.04.2022 (atualizado: 09:43 18.04.2022)
© AP Photo / Stephani BargePaletes de munição, armas e outros equipamentos com destino à Ucrânia são carregados em avião por membros do 436º Esquadrão Aéreo do Porto durante uma missão de vendas militares estrangeiras na Base Aérea de Dover, no estado norte-americano de Delaware, em 30 de janeiro de 2022
© AP Photo / Stephani Barge
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Os EUA vão continuar a despejar armas na Ucrânia, apesar de a Rússia ter alertado sobre "consequências", diz Washington.
Na última sexta-feira (15), o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse à CNN que "nada dissuadirá" o governo dos EUA de canalizar armas para a Ucrânia. Anteriormente, a Rússia teria enviado um telegrama diplomático a Washington alertando sobre "consequências imprevisíveis" se esses carregamentos de armas continuarem.
"Os russos disseram algumas coisas em particular, eles disseram algumas coisas publicamente; nada nos dissuadirá da estratégia em que embarcamos", disse Price a Kate Bolduan, da CNN. Se o Kremlin está preocupado que o governo Biden esteja "fornecendo bilhões de dólares em assistência de segurança aos nossos parceiros ucranianos [...] então somos culpados da acusação", acrescentou.
Os EUA enviaram mais de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 11,7 bilhões) em armas e outras ajudas militares para a Ucrânia desde que a Rússia lançou sua operação especial militar em fevereiro. Washington enviou inicialmente milhares de mísseis antitanque e grandes quantidades de munição para o país. Somente na última quarta-feira (13) os EUA aprovaram um pacote de envio de armamento pesado que inclui helicópteros, artilharia e drones kamikaze autônomos.
Ainda na terça-feira (12), a Rússia teria enviado um telegrama diplomático para os EUA acusando os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de violar "princípios rigorosos" que regem a transferência de armas para zonas de conflito e de ignorar a "ameaça de armas de alta precisão caindo nas mãos de nacionalistas radicais, extremistas e bandidos na Ucrânia".
A política de Kiev de armar civis e grupos paramilitares para repelir as forças russas já levou a algumas consequências imprevistas, com relatos de guerras de gangues, saques e execuções extrajudiciais surgindo na Ucrânia desde o início do conflito.
A carta de Moscou acusa a OTAN de pressionar a Ucrânia a abandonar as negociações com a Rússia "para continuar o derramamento de sangue" e condena Washington por encorajar nações com armas da era soviética a entregá-las à Ucrânia.
"Pedimos aos Estados Unidos e seus aliados que parem com a militarização irresponsável da Ucrânia, que implica em consequências imprevisíveis para a segurança regional e internacional", disse a nota, segundo o Washington Post.
Nem Washington nem Moscou confirmaram a autenticidade do telegrama diplomático. Price disse à CNN que "não estava em posição de confirmar qualquer correspondência diplomática privada". No entanto, o porta-voz afirmou que o Kremlin "não deveria se surpreender" com a escalada no fornecimento de armas dos EUA à Ucrânia, dados os compromissos que Biden fez com o governo de Zelensky antes do início do conflito.