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Mineradora do Canadá é acusada de coagir indígenas para explorar potássio na Amazônia

© Folhapress / Lalo de AlmeidaGarimpo ilegal na Amazônia, área do rio Rato, afluente do Tapajós, no Pará.
Garimpo ilegal na Amazônia, área do rio Rato, afluente do Tapajós, no Pará. - Sputnik Brasil, 1920, 28.04.2022
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O Ministério Público Federal (MPF) investiga a empresa canadense Potássio do Brasil por pressionar indígenas a vender terras na Amazônia.
No mesmo dia em que o Brasil foi acusado pela Global Forest Watch de ser responsável pela destruição de 40% das florestas nativas em 2021, o portal InfoAmazonia relatou que uma empresa canadense está coagindo indígenas para extrair potássio na região amazônica.
Placas que identificam as áreas adquiridas pela mineradora Potássio do Brasil estão espalhadas por aldeias indígenas nos arredores de Autazes, município a 110 km de Manaus, capital do Amazonas.
Fontes ouvidas pela reportagem denunciam a abordagem truculenta da empresa para ocupar o território onde o povo Mura vive há séculos.
Segundo a publicação, a empresa canadense vem se estabelecendo na região porque pretende erguer um complexo de exploração de potássio, que ganhou força com a crise mundial de fertilizantes.
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O principal empreendimento é a escavação, em Autazes, da maior mina de potássio já identificada no Brasil. Mas, além disso, ela quer explorar uma imensa área na bacia do rio Amazonas.
Desde 2010, a mineradora realizou 33 perfurações em Autazes, incluindo sondagens do solo, sem autorização, nas terras indígenas Jauary e Soares/Urucurituba — esta autodemarcada.
"Eles falam que o projeto está longe da terra indígena, mas sabemos que não é verdade, eles estão dentro de nossas áreas", disse um morador da região citado pela reportagem. A mineradora não reconhece a reivindicação e diz que o projeto não atinge o território Mura.
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As denúncias também foram constatadas por representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Justiça Federal do Amazonas em uma inspeção realizada no dia 29 de março na região.
A expedição apontou que a mineradora pressionou e coagiu indígenas e ribeirinhos e os impediu de acessar suas antigas áreas.

"É muito grave, muitos deles estão impedidos de usar suas roças", afirmou o procurador federal Fernando Merloto Soave, que pede a anulação das vendas das terras e a retirada das placas.

Em um caso citado pelo processo, um indígena relatou pressões da Potássio do Brasil para vender seu lote por R$ 120 mil e receber outros R$ 900 mensais durante os trabalhos de perfuração da área. Ele rejeitou o negócio.
Em Autazes, a mineradora, que é controlada pelo banco canadense Forbes & Manhattan, estima explorar por ano 2,4 milhões de toneladas de potássio, usado na fabricação de fertilizantes.
Além da mina, com quase um quilômetro de profundidade, o projeto inclui a construção de estradas, um porto e uma fábrica de insumos agrícolas.
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A empresa também identificou depósitos de sais de potássio em Itacoatiara (incluindo a comunidade de Novo Remanso) e Itapiranga e, em março, recebeu autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM) para perfurar trechos em São Sebastião do Uatumã e Urucará, todas cidades no Amazonas.
O MPF e a Justiça Federal também apuram suspeitas de aliciamento e corrupção no processo de consulta indígena.
O InfoAmazonia enfatiza que, em março, o prefeito de Autazes, Anderson Cavalcante (PSC), viajou ao Canadá a convite da Potássio do Brasil, acompanhado da então ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
No mesmo mês, executivos da multinacional se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro (PL). A pauta, segundo a empresa, foi "ajudar o Brasil a depender menos da importação de fertilizantes".
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