Lavrov: Kiev quer retirar militantes de Azovstal devido à presença de mercenários
17:28 01.05.2022 (atualizado: 20:03 01.05.2022)
© Sputnik / Pavel BednyakovChanceler russo, Sergei Lavrov fala durante coletiva de imprensa ao lado do ministro das Relações Exteriores da Eritreia, Osman Saleh, em Moscou, Rússia, 27 de abril de 2022
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Em entrevista à televisão italiana, neste domingo (1º), o chanceler russo Sergei Lavrov afirmou que Kiev quer retirar militantes de Azovstal devido ao risco de que eles podem confirmar a presença de mercenários e de oficiais de exércitos ocidentais no local.
Segundo declarou Lavrov durante a entrevista à emissora italiana Mediaset, essas seriam as motivações do que classificou como desejo "histérico" de Kiev para retirar seus militantes da planta de Azovstal e levá-los a um território controlado pela Ucrânia.
"A situação com a confrontação na planta de Azovstal em Mariupol e o persistente e quase histérico desejo de [Vladimir] Zelensky, seu gabinete e seus patrocinadores ocidentais de alcançar a retirada dessas pessoas [...] se deve ao fato de que há muitas delas que confirmarão a presença de mercenários e talvez oficiais de exércitos ocidentais ao lado de ucranianos radicais", disse Lavrov.
O chanceler russo também afirmou que a Rússia teve US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,5 trilhão) roubados pelo Ocidente como forma de punição. Os valores seriam em grande parte pagamentos realizados por compradores de gás e petróleo.
"Eles queriam punir a Rússia, então eles roubaram isso", disse Lavrov, acrescentando que a exigência de que os pagamentos à Gazprom sejam feitos em rublos é uma forma impedir novos "roubos".
Quando perguntado se a Rússia interromperia o fornecimento de gás, o chefe da diplomacia russa afirmou que mesmo que o Ocidente continue tomando dinheiro da Rússia a situação permanecerá a mesma.
Zelensky, armas hipersônicas e guerra nuclear
Lavrov também fez comentários sobre o atual estado da operação russa na Ucrânia e afirmou que o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, tem poder para levar paz ao seu país caso interrompa suas "ordens criminosas".
"Zelensky também pode garantir a paz se ele parar de dar ordens criminosas aos seus batalhões neonazistas, forçá-los a libertar os civis e interromper a resistência", disse.
© AP Photo / Serviço de Imprensa da Presidência da UcrâniaSecretários de Defesa e de Estado dos EUA, respectivamente Lloyd Austin (à esquerda) e Antony Blinken (à direita), com o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, durante visita a Kiev, em 24 de abril de 2022
Secretários de Defesa e de Estado dos EUA, respectivamente Lloyd Austin (à esquerda) e Antony Blinken (à direita), com o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, durante visita a Kiev, em 24 de abril de 2022
© AP Photo / Serviço de Imprensa da Presidência da Ucrânia
Lavrov também teceu comentários sobre armas hipersônicas. Segundo ele, Moscou foi obrigada a desenvolver esses sistemas por saber que mísseis dos Estados Unidos seriam apontados contra a Rússia.
"Nós fomos forçados a desenvolver armas hispersônicas porque sabíamos muito bem que o sistema de defesa de mísseis dos EUA não seria direcionado contra a Coreia do Norte ou o Irã, mas contra a Rússia e subsequentemente a China", afirmou.
© Sputnik / Serviço de imprensa do Ministério da Defesa da RússiaTeste do míssil de cruzeiro hipersônico Tsirkon
Teste do míssil de cruzeiro hipersônico Tsirkon
© Sputnik / Serviço de imprensa do Ministério da Defesa da Rússia
Segundo Lavrov, a Rússia precisava de armas capazes de superar os sistemas de mísseis norte-americanos.
"De outra forma, o país detentor da defesa antimíssil e armas ofensivas pode sentir-se tentado a atacar primeiro na esperança de que um ataque de retaliação seria suprimido por seu sistema de defesa", afirmou.
O chanceler russo também comentou que a Rússia nunca parou seus esforços para alcançar acordos que garantam que uma guerra nuclear não seja iniciada.
Rússia não mudará agenda militar na Ucrânia
Durante a entrevista à emissora italiana, Lavrov sanou dúvidas sobre suposta mudança de planos da operação militar russa no contexto do Dia da Vitória, celebrado na Rússia em 9 de maio. Segundo o chanceler russo, o Kremlin não mudará o curso de suas ações na Ucrânia em razão de nenhuma data.
"O ritmo da operação na Ucrânia depende, acima de tudo, da necessidade de minimizar riscos à população civil e aos militares russos", disse, acrescentando que as tropas da Rússia "não ajustarão suas ações de forma artificial a nenhuma data, incluindo o Dia da Vitória".
© AP Photo / Pavel GolovkinBombardeiros estratégicos russos Tu-95 sobrevoam bandeira russa no complexo do Kremlin durante ensaio para o desfile militar do Dia da Vitória, em Moscou, em 4 de maio de 2018
Bombardeiros estratégicos russos Tu-95 sobrevoam bandeira russa no complexo do Kremlin durante ensaio para o desfile militar do Dia da Vitória, em Moscou, em 4 de maio de 2018
© AP Photo / Pavel Golovkin
Lavorv especificou que a Rússia está focada em seus objetivos centrais na Ucrânia, que têm sido anunciados pelo presidente russo Vladimir Putin: a proteção e segurança da população civil, a desnazificação e a ausência de armas ofensivas no território da Ucrânia.
Rússia não busca mudança de regime na Ucrânia: 'Isso é especialidade dos EUA'
Perguntado se a Rússia quer a rendição de Zelensky, Lavrov afirmou que Moscou "não está demandando que ele se renda", mas que ele "dê ordens para a libertação de todos os civis e interrompa a resistência".
O chanceler russo enfatizou que a Rússia quer garantir a segurança de todas as pessoas no leste ucraniano de forma que elas não sejam ameaçadas pela militarização ou pela nazificação do país "e que não haja ameaças à segurança da Federação da Rússia vindas do território da Ucrânia".
"Nosso objetivo não é mudança de regime na Ucrânia. Essa é uma especialidade dos norte-americanos. Eles fazem isso no mundo inteiro", disse o chefe da diplomacia russa.