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Menos ou mais empregos? Especialistas apontam riscos do processo eleitoral ao mercado de trabalho
Menos ou mais empregos? Especialistas apontam riscos do processo eleitoral ao mercado de trabalho
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A Sputnik Brasil conversou com especialistas para entender até que ponto o ambiente político e as acirradas eleições de 2022 podem impactar a geração de... 30.05.2022, Sputnik Brasil
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Enquanto a inflação segue em viés de alta, os salários e os números de emprego parecem se manter estagnados no país. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a geração de emprego no Brasil perdeu força no primeiro trimestre deste ano, após esboçar uma recuperação no fim de 2021.Nos três primeiros meses de 2022, a taxa de desemprego no país foi de 11,1%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, 11,9 milhões de brasileiros buscavam ocupação nesse período.É neste cenário, em meio à procura por vaga no mercado de trabalho ou por melhores rendimentos, que os brasileiros irão às urnas daqui a quase quatro meses, nas eleições presidenciais, em outubro de 2022.Ainda sob os efeitos prolongados da pandemia e os mais recentes da crise ucraniana, o país passa a ficar mais suscetível a instabilidades políticas à medida que o pleito se aproxima. Se o ambiente político costuma ter reais impactos na economia brasileira, as eleições deste ano, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa, prometem elevar o quadro de tensão.Para o cientista político Sérgio Praça, professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), o maior obstáculo para a estabilidade econômica brasileira, por enquanto, continuam sendo os efeitos do conflito na Ucrânia.Porém ele alerta que as movimentações do ambiente interno nos próximos meses podem piorar a sensação de insegurança do país.Segundo ele, medidas de curto prazo do governo neste momento pré-eleitoral devem melhorar a popularidade do presidente, mas não serão capazes de reverter o quadro no mercado de trabalho brasileiro.As pesquisas de intenção de voto apontam que o ex-presidente Lula é o favorito para o pleito. No primeiro turno, o petista tem aparecido com mais de 45% da preferência do eleitorado, contra cerca de 30% de Bolsonaro. De acordo com o último levantamento do Datafolha, Lula tem 54% dos votos válidos (48% das intenções de voto), indicando uma chance de vitória já em primeiro turno.O especialista ressalta que, no caso de Lula, o que poderia gerar maior instabilidade seriam as especulações quanto à sua equipe econômica. Praça avalia que ainda é cedo para um anúncio desse porte, mas acredita que uma sinalização antes do pleito seria positiva.Contudo, segundo o cientista político, o pior cenário para o país seria se Bolsonaro se recusasse a aceitar o resultado das eleições em caso de vitória de Lula.'Questão é mais política do que econômica'Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de graduação em economia do Insper, afirma que toda incerteza "pode gerar desdobramentos na empregabilidade". Segundo ela, "o processo eleitoral e eventuais incertezas e riscos provenientes da sucessão podem causar pressões maiores sobre a economia".Para a economista, os setores mais vulneráveis neste momento turbulento são os que requerem investimentos mais longos, com maior capital de entrada e infraestrutura, como a construção civil, além do eletroeletrônico e do automotivo.
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Menos ou mais empregos? Especialistas apontam riscos do processo eleitoral ao mercado de trabalho
19:30 30.05.2022 (atualizado: 19:34 30.05.2022) Especiais
A Sputnik Brasil conversou com especialistas para entender até que ponto o ambiente político e as acirradas eleições de 2022 podem impactar a geração de empregos no país.
Enquanto a inflação segue em viés de alta, os salários e os números de emprego parecem se manter estagnados no país. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a geração de emprego no Brasil
perdeu força no primeiro trimestre deste ano, após esboçar uma recuperação no fim de 2021.
Nos três primeiros meses de 2022, a taxa de desemprego no país foi de 11,1%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, 11,9 milhões de brasileiros buscavam ocupação nesse período.
É neste cenário, em meio à procura por vaga no mercado de trabalho ou por melhores rendimentos, que os brasileiros irão às urnas daqui a quase quatro meses, nas eleições presidenciais, em outubro de 2022.
Ainda sob os efeitos prolongados da pandemia e os mais recentes da
crise ucraniana, o país passa a ficar mais suscetível a instabilidades políticas à medida que o pleito se aproxima. Se o ambiente político costuma ter reais impactos na economia brasileira, as eleições deste ano, com o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente
Jair Bolsonaro (PL) na disputa, prometem elevar o quadro de tensão.
Para o cientista político Sérgio Praça, professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), o maior obstáculo para a estabilidade econômica brasileira, por enquanto, continuam sendo os efeitos do conflito na Ucrânia.
Porém ele alerta que as movimentações do ambiente interno nos próximos meses podem piorar a sensação de insegurança do país.
"O cenário internacional está ruim e vai piorar. Isso não é culpa do Bolsonaro, mas nos últimos dois anos ele gastou muito mal o dinheiro, como no caso do orçamento secreto, o que limitou a possibilidade de aumentar o [programa] Auxílio Brasil de maneira sustentável e o seguro-desemprego. Assim, nada ficará sustentável do ponto de vista fiscal", disse o especialista.
Segundo ele,
medidas de curto prazo do governo neste momento pré-eleitoral devem melhorar a popularidade do presidente, mas não serão capazes de reverter o quadro no mercado de trabalho brasileiro.
"Se tomar medidas populistas, o que é possível, vai afastar ainda mais os investimentos", afirmou Praça.
As pesquisas de intenção de voto apontam que o ex-presidente Lula é o favorito para o pleito. No primeiro turno, o petista tem aparecido com mais de
45% da preferência do eleitorado, contra cerca de
30% de Bolsonaro. De acordo com o
último levantamento do Datafolha, Lula tem
54% dos votos válidos (48% das intenções de voto), indicando uma chance de vitória já em primeiro turno.
O especialista ressalta que, no caso de Lula, o que poderia gerar maior instabilidade seriam as especulações quanto à sua equipe econômica. Praça avalia que ainda é cedo para um anúncio desse porte, mas acredita que uma sinalização antes do pleito seria positiva.
"Como o Lula lidera tanto no primeiro como no segundo turno, geraria maior incerteza se ele não dissesse nada sobre o comando da economia. Seria bom se desse uma pista maior", opinou.
Contudo, segundo o cientista político, o pior cenário para o país seria se Bolsonaro se recusasse a aceitar o resultado das eleições em caso de vitória de Lula.
"O que traz instabilidade mesmo é o fato de o Bolsonaro sinalizar que não aceitará o resultado das eleições caso seja derrotado. Isso tem um efeito difícil de medir de maneira exata, mas tem um impacto real. Quem investiria em um país sem ter claro se o candidato vencedor tomará posse?", questionou.
'Questão é mais política do que econômica'
Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de graduação em economia do Insper, afirma que toda incerteza "pode gerar desdobramentos na empregabilidade". Segundo ela, "o processo eleitoral e eventuais incertezas e riscos provenientes da sucessão podem causar pressões maiores sobre a economia".
"Empresários que imaginavam ter mais postos de trabalho talvez não contratem. O processo [eleitoral] pode afetar a criação de empregos. Tudo vai depender de quais as propostas dos candidatos, quais os planos de governo e como vão lidar com problemas econômicos existentes", analisou Inhasz.
Para a economista, os setores mais vulneráveis neste momento turbulento são os que requerem investimentos mais longos, com maior capital de entrada e infraestrutura, como a construção civil, além do eletroeletrônico e do automotivo.
"Independentemente de Lula ou Bolsonaro, a questão é mais política do que econômica. É sobre implementar pautas que consigam impactar o emprego e entender a reação da sociedade e como os agentes econômicos vão responder", afirmou.