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Fim da concentração bancária? Especialista aponta benefícios das fintechs e 'riscos' para clientes

© Foto / Flickr/Alexis NickinImagem ilustrativa em alusão ao poder sobre recursos financeiros
Imagem ilustrativa em alusão ao poder sobre recursos financeiros - Sputnik Brasil, 1920, 02.06.2022
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Com a digitalização dos serviços financeiros, os cinco maiores bancos do país vêm perdendo terreno e buscando se adaptar à realidade virtual. Segundo especialista ouvido pela Sputnik Brasil, consumidores ganham com maior competição, mas precisam estar atentos à credibilidade das novas empresas.
A pandemia acelerou o movimento, mas os ventos do século XXI já eram favoráveis à expansão das fintechs. As instituições financeiras digitais, que vinham tomando fatias de um mercado historicamente dominado por grandes bancos, ganharam ainda mais visibilidade em meio à crise sanitária mundial.
Um levantamento do Banco Central (BC), publicado pelo jornal Valor Econômico, aponta um crescimento de 15% na quantidade de opções para os brasileiros no setor financeiro nos últimos três anos. Em fevereiro deste ano, o país passou a ter, no total, 649 bancos e fintechs.
Apesar disso, as cinco maiores instituições — Itaú, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil — ainda controlam 72,6% do crédito à população e 63,1% das receitas entre 441 conglomerados prudenciais, de acordo com o BC.
© Folhapress / Bruno SantosFachada do Banco do Brasil na Avenida Paulista, Zona Central de São Paulo
Fachada do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, Zona Central de São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 02.06.2022
Fachada do Banco do Brasil na Avenida Paulista, Zona Central de São Paulo. Foto de arquivo
Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), o processo de surgimento de fintechs ainda está longe do fim. O especialista afirma que nos próximos anos o país verá a continuidade da substituição das agências bancárias por serviços financeiros on-line.

"O número de agências físicas vai diminuir cada vez mais. A tendência é que precisemos menos, o que abre espaço para fintechs. Sendo competitiva e prestando bons serviços, consegue atrair o cliente", disse Teixeira.

O coordenador da FGV ressalta, no entanto, que credibilidade é uma palavra-chave para as empresas que desejam sobreviver no segmento.

"Logicamente é uma questão muito importante para instituições financeiras ter credibilidade e solidez, que vêm da competência de quem gere", advertiu.

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Fim das agências bancárias?

Se atualmente ainda abocanham a maior parte do mercado, há algumas décadas, sem a concorrência digital, o predomínio era evidente. O coordenador de Gestão Financeira lembra que a tendência de buscar bancos com grande oferta de agências, em distintas praças, facilitou a concentração.

"Hoje, com apps de bancos permitindo transações financeiras, a quantidade de agências perde importância. Fintechs nem agência têm", destacou Teixeira.

Agora, segundo ele, concomitantemente à perda de agências físicas, os brasileiros vão ganhar em melhores aplicativos de bancos. O investimento na qualidade dos serviços on-line será tão fundamental quanto as agências foram um dia.

"No futuro, a tendência mesmo é que as grandes instituições, bem geridas, tratem 90% das suas transações de forma digital. A acessibilidade, que causou a concentração, não será tão necessária", indicou o especialista.

Por enquanto as agências continuam sendo necessárias, ele pondera, já que boa parte da população ainda não tem fácil acesso à Internet.

"A população mais pobre, que é majoritária no Brasil, ainda não tem acesso aos canais digitais com a facilidade que outras classes sociais têm", disse.

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Segundo o especialista, porém, ainda que gradual, o movimento de digitalização com a consequente desconcentração bancária é benéfico para os consumidores. Com maior competição, as instituições precisarão buscar serviços melhores e mais baratos para atrair clientes.

"A redução da concentração claramente cria uma competição, aumenta a competitividade. Quanto mais 'players' prestando serviços semelhantes, mais as tarifas tendem a cair, mais as instituições ficam abertas e investem em um bom atendimento aos clientes. Mas deve-se sempre tomar cuidado com a solidez e a credibilidade dos serviços", recordou.

Segundo Teixeira, os "riscos existem, e temos que estar atentos a eles". O especialista explica que em nenhum caso é possível ter conhecimento total sobre a gestão da empresa, mas é sempre recomendável realizar pesquisas e comparações de mercado antes de confiar em novas instituições.

"A democratização é muito boa, mas também se perde um pouco de informação", afirmou, ao comentar que com a concentração era menos complexo entender o mercado. "Por isso é sempre muito importante estudar bem a instituição onde colocar os recursos."

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