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'Casamento de conveniências'? Entenda 'cúpula' de Biden e Bolsonaro e futuro dos EUA nas Américas
'Casamento de conveniências'? Entenda 'cúpula' de Biden e Bolsonaro e futuro dos EUA nas Américas
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Terminou na noite desta sexta-feira (10) a Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos. Entre boicotes, pressão internacional e um... 11.06.2022, Sputnik Brasil
2022-06-11T01:01-0300
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O subsecretário do Departamento de Estado dos EUA Jose W. Fernandez descreveu a relação entre os EUA e a América Latina como um casamento, em que nem tudo é perfeito, mas as partes moram na mesma casa, compartilham interesses, problemas, e desfrutam de um "diálogo único", que não têm com mais ninguém no mundo.O entendimento norte-americano acerca de seus parceiros na América Latina é historicamente enviesado. Enquanto Fernandez relativizou recentes embates com países do continente, a maioria dos chefes de Estado que foram à Cúpula das Américas de alguma forma criticou o evento organizado por Joe Biden.As razões são inúmeras. O "diálogo único" citado pelo subsecretário, por exemplo, não existia até esta semana em se tratando de Biden e Jair Bolsonaro, os maiores líderes políticos e econômicos da região.Para o professor de relações internacionais Marcos Cordeiro Pires, da Universidade Estadual Paulista em Marília (Unesp-Marília), em nenhuma das oito edições anteriores do encontro foram vistos avanços significativos que pudessem mudar a qualidade do relacionamento entre os EUA e os países latino-americanos e caribenhos.Por isso, Pires é reticente ao avaliar o plano nomeado de Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica, recém-anunciado por Joe Biden, na quinta-feira (9), durante a cúpula. Segundo ele, a iniciativa pode ser mais uma na lista de projetos que não saíram do papel, como a Aliança para o Progresso, a América Cresce e a Build Back Better World (B3W).O especialista também levanta dúvidas com relação à eventual eficácia da política para imigração de Biden, chamada pelo presidente de Declaração de Los Angeles. Para o professor, a ausência no evento de líderes de países como Guatemala, El Salvador e Honduras, de onde parte o maior contingente de imigrantes ilegais, já não é um bom indício de que a proposta vá dar certo.Biden x BolsonaroOs episódios de animosidades entre Joe Biden e Jair Bolsonaro foram recorrentes nos últimos anos, mas é inegável que o encontro bilateral ao longo da Cúpula das Américas foi fundamental para minimizar as diferenças entre os dois, principalmente em função do desgaste político do presidente norte-americano na América Latina.Segundo Pires, o encontro foi conveniente para ambas as partes. De um lado, o presidente dos Estados Unidos "conseguiu salvar o encontro" frente ao esvaziamento provocado pela recusa do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, em participar devido à ausência de Cuba, Venezuela e Nicarágua, que não foram convidadas. Do outro, o fato de Bolsonaro aparecer em uma foto ao lado do presidente dos Estados Unidos "o ajuda a superar o isolamento internacional em que se encontra".Apesar disso, o especialista avalia que não há "resultado palpável" para nenhum dos dois. Pires ressalta que nem o governo Bolsonaro obteve concessões na área de comércio, nem Biden terá garantias reais de avanços na defesa da integridade da Floresta Amazônica e de seus habitantes.'Estados democráticos'?Foram muitas controvérsias ao longo do evento. O governo de Joe Biden quis convidar apenas "Estados democráticos", sendo que Nicarágua, Venezuela e Cuba ficaram de fora. Em resposta, López Obrador, do México, declarou que só viajaria para a Califórnia se todos os países do hemisfério sul fossem convocados. Bolívia, Honduras e algumas nações do Caribe aderiram, igualmente anunciando sua ausência.A ofensiva diplomática norte-americana teve pouco sucesso com a realização da Cúpula das Américas. Jair Bolsonaro anunciou que só viajaria para os EUA mediante algumas benesses, como um encontro pessoal com Biden, no qual o presidente dos EUA não criticaria abertamente o chefe de Estado brasileiro e sua política ambiental.Em um dos discursos mais comentados do encontro em Los Angeles, Alberto Fernández não poupou o presidente Joe Biden e a política externa dos EUA de críticas. O presidente argentino fez uma das falas mais duras e defendeu Cuba, Venezuela e Nicarágua, dizendo ao americano que "o país anfitrião não tem direito de rejeitar países".O fato é que os EUA têm pouco a oferecer ao continente, e seus acenos ao longo das reuniões da cúpula deixam isso evidente. Há pouca contribuição para os assuntos mais prementes da América Latina: migração, comércio e pobreza crescente. Dono de política migratória restritiva, Biden preferiu não desagradar seus eleitores a propor soluções para um continente em crise, ainda em processo de recuperação após dois anos de pandemia.Enquanto os EUA fecham as portas, a China penetra cada vez mais na América Latina. A Argentina, por exemplo, acaba de se tornar a mais nova parceira dos chineses em sua Iniciativa da Nova Rota da Seda, passando a ser o 20º país da região vinculado ao acordo em troca de investimentos, créditos e acesso a mercados. Dos grandes da América Latina, agora só México, Brasil e Colômbia não estão comprometidos com a China.Ao mesmo tempo, o conflito na Ucrânia valoriza a América do Sul como fornecedora de matéria-prima e energia, com seus países pretendendo permanecer neutros entre os blocos de poder mundial.No caso das relações com a Rússia, para o professor da Unesp, não seria palpável os EUA acreditarem ser capazes de afastar Brasília de Moscou, principalmente devido à dependência do fornecimento de fertilizantes russo e belarusso.O especialista lembra que, apesar de o Brasil ter se posicionado contra o conflito, o governo brasileiro não tomou parte nas inúmeras sanções econômicas impostas a Moscou.Compromissos 'verdes' ou 'genéricos'?Embora o presidente dos Estados Unidos tenha apresentado na quinta-feira (9) uma série de medidas para enfrentar a crise climática, criar empregos verdes e reforçar a segurança energética, a agenda foi descrita pelo jornal El País como "abundantes compromissos genéricos".Outros tratados também foram apresentados, como o compromisso norte-americano na luta contra o desmatamento e o anúncio de uma contribuição de US$ 12 milhões (R$ 58,6 milhões) para Brasil, Colômbia e Peru em defesa da Amazônia. Uma iniciativa para reduzir o desmatamento associado à exploração madeireira e de matérias-primas e as emissões de gases de efeito estufa relacionadas às cadeias de suprimentos agrícolas.Já Kamala Harris, vice de Biden, lançou uma aliança dos EUA com países do Caribe para enfrentar a crise climática. Washington coordenará esforços (estimados em R$ 239 bilhões) de diversos bancos regionais de desenvolvimento para fazer os investimentos necessários ao enfrentamento do desafio climático na região.O acesso ao financiamento será facilitado para os países que enfrentam desastres climáticos, como furacões, enchentes e crises em geral que causam grandes ondas de migração. Um esforço considerado pequeno para o país que, em 2018, na Cúpula das Américas sediada no Peru, "esqueceu" de enviar o seu principal representante, o então presidente, Donald Trump.Os sinais de que o interesse de Washington na região está diminuindo acumularam-se ao longo dos anos, com cada vez mais líderes criticando abertamente a política externa norte-americana.Por isso, para o professor de relações internacionais, o envio de um emissário americano para negociar a participação de Bolsonaro no encontro foi importante para preparar o terreno para o governante brasileiro na cúpula de Los Angeles.Diferenças de discursos sobre direitos humanos, planejamento familiar, equidade étnica e de gênero e defesa do meio ambiente, por exemplo, "criaram uma brecha de 180 graus entre o dirigente brasileiro e a elite que está no poder em Washington", segundo Pires.Pelo lado brasileiro, a diplomacia dos Estados Unidos cumpriu a promessa de não criar embaraços à comitiva de Bolsonaro, aponta o especialista. Já para os americanos, ele avalia que o encontro foi útil para gerar um "contraponto de direita" às visões de governos de centro-esquerda da Argentina, do México, do Chile, do Peru, entre outros.
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'Casamento de conveniências'? Entenda 'cúpula' de Biden e Bolsonaro e futuro dos EUA nas Américas
01:01 11.06.2022 (atualizado: 18:32 13.06.2022) Especiais
Terminou na noite desta sexta-feira (10) a Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos. Entre boicotes, pressão internacional e um anfitrião "sob críticas", especialista avalia quais lições o Brasil pode tirar do encontro.
O subsecretário do Departamento de Estado dos EUA Jose W. Fernandez descreveu a relação entre os EUA e a América Latina como um casamento, em que nem tudo é perfeito, mas as partes moram na mesma casa, compartilham interesses, problemas, e desfrutam de um "diálogo único", que não têm com mais ninguém no mundo.
O entendimento norte-americano acerca de seus parceiros na América Latina é historicamente enviesado. Enquanto Fernandez relativizou recentes embates com países do continente, a maioria dos chefes de Estado que foram à
Cúpula das Américas de alguma forma criticou o evento organizado por Joe Biden.
As razões são inúmeras. O "diálogo único" citado pelo subsecretário, por exemplo, não existia até esta semana em se tratando de Biden e Jair Bolsonaro, os maiores líderes políticos e econômicos da região.
Para o professor de relações internacionais Marcos Cordeiro Pires, da Universidade Estadual Paulista em Marília (Unesp-Marília), em nenhuma das oito edições anteriores do encontro foram vistos avanços significativos que pudessem mudar a qualidade do relacionamento entre os EUA e os países latino-americanos e caribenhos.
"A Cúpula do Panamá, em 2015, parecia ser um alento para a superação do clima de guerra fria que continua a influenciar o relacionamento entre a América Latina e o governo de Washington", disse o especialista, lembrando da aproximação do ex-presidente norte-americano Barack Obama com Raúl Castro, ex-presidente de Cuba. "Mas isso durou pouco", lamentou.
Por isso, Pires é reticente ao avaliar o plano nomeado de Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica, recém-anunciado por Joe Biden, na quinta-feira (9), durante a cúpula. Segundo ele, a iniciativa pode ser mais uma na lista de projetos que não saíram do papel, como a Aliança para o Progresso, a América Cresce e a Build Back Better World (B3W).
"Resta esperar para se saber sobre o futuro dessa proposta. O histórico de fracassos pesa muito", disse.
O especialista também levanta dúvidas com relação à eventual eficácia da política para imigração de Biden, chamada pelo presidente de Declaração de Los Angeles. Para o professor, a ausência no evento de líderes de países como Guatemala, El Salvador e Honduras, de onde parte o maior contingente de imigrantes ilegais, já não é um bom indício de que a proposta vá dar certo.
"Sem combater as causas da imigração, como o desemprego, a miséria e a violência armada, não se pode esperar que o desespero que angustia os imigrantes tenha um bom termo. Neste momento, uma nova caravana com milhares de pessoas cruza o México com destino à fronteira. Os Estados Unidos não têm nada a oferecer senão o aumento da repressão", apontou.
Os episódios de animosidades entre Joe Biden e Jair Bolsonaro foram recorrentes nos últimos anos, mas é inegável que o encontro bilateral ao longo da Cúpula das Américas foi fundamental para minimizar as diferenças entre os dois, principalmente em função do desgaste político do presidente norte-americano na América Latina.
Segundo Pires, o encontro foi
conveniente para ambas as partes. De um lado, o presidente dos Estados Unidos "conseguiu salvar o encontro" frente ao esvaziamento provocado pela
recusa do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, em participar devido à ausência de Cuba, Venezuela e Nicarágua, que não foram convidadas. Do outro, o fato de Bolsonaro aparecer em uma foto ao lado do presidente dos Estados Unidos "o ajuda a superar o isolamento internacional em que se encontra".
Apesar disso, o especialista avalia que não há "resultado palpável" para nenhum dos dois. Pires ressalta que nem o governo Bolsonaro obteve concessões na área de comércio, nem Biden terá garantias reais de avanços na defesa da integridade da Floresta Amazônica e de seus habitantes.
"Fica a questão de se saber como essa reaproximação afetará a posição dos Estados Unidos frente às ameaças de Bolsonaro de não reconhecer os resultados das próximas eleições caso não seja reeleito. Ter ou não o aval do Departamento de Estado para eventuais rupturas institucionais é sempre um selo de grande utilidade, tal como vimos em Honduras, Paraguai e Bolívia", afirmou.
Foram muitas controvérsias ao longo do evento. O governo de Joe Biden quis convidar apenas "Estados democráticos", sendo que Nicarágua, Venezuela e Cuba ficaram de fora. Em resposta, López Obrador, do México, declarou que só viajaria para a Califórnia se todos os países do hemisfério sul fossem convocados.
Bolívia, Honduras e algumas nações do Caribe aderiram, igualmente anunciando sua ausência.
A ofensiva diplomática norte-americana teve pouco sucesso com a realização da Cúpula das Américas. Jair Bolsonaro anunciou que só viajaria para os EUA mediante algumas benesses, como um encontro pessoal com Biden, no qual o presidente dos EUA não criticaria abertamente o chefe de Estado brasileiro e sua política ambiental.
Em um dos discursos mais comentados do encontro em Los Angeles, Alberto Fernández não poupou o presidente Joe Biden e a política externa dos EUA de críticas. O presidente argentino fez uma das falas mais duras e defendeu Cuba, Venezuela e Nicarágua, dizendo ao americano que "o país anfitrião não tem direito de rejeitar países".
O fato é que os EUA têm pouco a oferecer ao continente, e seus acenos ao longo das reuniões da cúpula deixam isso evidente. Há pouca contribuição para os assuntos mais prementes da América Latina: migração, comércio e pobreza crescente. Dono de política migratória restritiva, Biden preferiu não desagradar seus eleitores a propor soluções para um continente em crise, ainda em processo de recuperação após dois anos de pandemia.
Enquanto os EUA fecham as portas, a China penetra cada vez mais na América Latina. A Argentina, por exemplo, acaba de se tornar a mais nova parceira dos chineses em sua Iniciativa da Nova Rota da Seda, passando a ser o 20º país da região vinculado ao acordo em troca de investimentos, créditos e acesso a mercados. Dos grandes da América Latina, agora só México, Brasil e Colômbia não estão comprometidos com a China.
Ao mesmo tempo, o conflito na Ucrânia valoriza a América do Sul como fornecedora de matéria-prima e energia, com seus países pretendendo permanecer neutros entre os blocos de poder mundial.
No caso das relações com a Rússia, para o professor da Unesp, não seria palpável os EUA acreditarem ser capazes de afastar Brasília de Moscou, principalmente devido à dependência do fornecimento de fertilizantes russo e belarusso.
"Vale considerar que o interesse em apartar o Brasil da Rússia ficou evidente nos primeiros dias da operação especial na Ucrânia, quando o secretário de Estado Antony Blinken pressionou o ministro Carlos França com vistas a um alinhamento no Conselho de Segurança da ONU para condenar a Rússia", afirmou.
O especialista lembra que, apesar de o Brasil ter se posicionado contra o conflito, o governo brasileiro não tomou parte nas
inúmeras sanções econômicas impostas a Moscou.
"Nesse aspecto, vale a pena prestar atenção na próxima cúpula do BRICS, pois se verifica uma maior integração entre os cinco países do bloco, algo que pode reverter o esvaziamento político dos últimos três anos", ressaltou.
Compromissos 'verdes' ou 'genéricos'?
Embora o presidente dos Estados Unidos tenha apresentado na quinta-feira (9) uma série de medidas para enfrentar a crise climática, criar empregos verdes e reforçar a segurança energética, a agenda foi descrita pelo jornal El País como "abundantes compromissos genéricos".
Outros tratados também foram apresentados, como o compromisso norte-americano na luta contra o desmatamento e o anúncio de uma contribuição de US$ 12 milhões (R$ 58,6 milhões) para Brasil, Colômbia e Peru em defesa da Amazônia. Uma iniciativa para reduzir o desmatamento associado à exploração madeireira e de matérias-primas e as emissões de gases de efeito estufa relacionadas às cadeias de suprimentos agrícolas.
Já Kamala Harris, vice de Biden, lançou uma aliança dos EUA com países do Caribe para enfrentar a crise climática. Washington coordenará esforços (estimados em R$ 239 bilhões) de diversos bancos regionais de desenvolvimento para fazer os investimentos necessários ao enfrentamento do desafio climático na região.
O acesso ao financiamento será facilitado para os países que enfrentam desastres climáticos, como furacões, enchentes e crises em geral que causam grandes ondas de migração. Um esforço considerado pequeno para o país que, em 2018, na Cúpula das Américas sediada no Peru, "esqueceu" de enviar o seu principal representante, o então presidente, Donald Trump.
Os sinais de que o interesse de Washington na região está diminuindo acumularam-se ao longo dos anos, com cada vez mais líderes criticando abertamente a política externa norte-americana.
Por isso, para o professor de relações internacionais, o envio de um emissário americano para negociar a participação de Bolsonaro no encontro foi importante para preparar o terreno para o governante brasileiro na cúpula de Los Angeles.
"O relacionamento pessoal entre Biden e Bolsonaro estava desgastado por conta das posições do presidente brasileiro com relação às eleições de 2020 e seu declarado apoio a Donald Trump. Adicionalmente, as posições ideológicas de Bolsonaro o colocam no polo oposto das percepções políticas e ideológicas de amplos setores do Partido Democrata", pontuou o especialista.
Diferenças de discursos sobre direitos humanos, planejamento familiar, equidade étnica e de gênero e defesa do meio ambiente, por exemplo, "criaram uma brecha de 180 graus entre o dirigente brasileiro e a elite que está no poder em Washington", segundo Pires.
Pelo lado brasileiro, a diplomacia dos Estados Unidos cumpriu a promessa de não criar embaraços à comitiva de Bolsonaro, aponta o especialista. Já para os americanos, ele avalia que o encontro foi útil para gerar um "contraponto de direita" às visões de governos de centro-esquerda da Argentina, do México, do Chile, do Peru, entre outros.
"Os Estados Unidos têm o governo brasileiro como aliado para fustigar os governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua. Utilizando a metáfora de Bolsonaro, o seu encontro com Biden foi um 'casamento de conveniências'", disse.