Encontradas evidências de incêndio florestal de 430 milhões de anos, o mais antigo conhecido
© Foto / Domínio público / U.S. Forest Service- Pacific Northwest RegionIncêndio(imagem referencial)
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Pesquisadores da Sociedade Geológica dos Estados Unidos apontam que a disseminação de um antigo fungo foi o elemento causador de incêndios há centenas de milhões de anos, e não as árvores.
Cientistas encontraram no Reino Unido e na Polônia jazidas de carvão de 430 milhões de anos, que trouxeram à tona os incêndios florestais mais antigos do mundo, revelou na terça-feira (14) em comunicado a Sociedade Geológica dos Estados Unidos.
A descoberta quebraria em dez milhões de anos o recorde anterior do mais antigo registro geológico de incêndios florestais.
A equipe de cientistas explicou no estudo publicado na revista Geology que durante o período siluriano da era paleozoica, entre 443 milhões e 416 milhões de anos, o antigo fungo Prototaxitas teria dominado o meio ambiente no lugar das árvores que todos nós conhecemos hoje. O tamanho exato do fungo é desconhecido, no entanto, considera-se que poderia atingir até nove metros de altura.
© Foto / Ian Glasspool / Sociedade Geológica da AméricaImagem de microscópio de luz refletida do Prototaxita, fungo carbonizado de 430 milhões de anos encontrado em um furo de sondagem no País de Gales, Reino Unido. O material altamente refletor (branco) que enche os tubos maiores é a pirita, um mineral comumente encontrado com o carvão vegetal
Imagem de microscópio de luz refletida do Prototaxita, fungo carbonizado de 430 milhões de anos encontrado em um furo de sondagem no País de Gales, Reino Unido. O material altamente refletor (branco) que enche os tubos maiores é a pirita, um mineral comumente encontrado com o carvão vegetal
© Foto / Ian Glasspool / Sociedade Geológica da América
Ian Glasspool, membro da Sociedade Geológica dos Estados Unidos e do Colégio Colby em Maine e um dos principais autores da pesquisa, disse que a evidência descoberta sugere que se trata do incêndio florestal mais antigo já encontrado, "um componente integral nos processos do sistema terrestre por muito tempo", e "cujo papel nesses processos tem sido quase certamente subestimado".
"Parece agora que nossas evidências de incêndio coincidem estreitamente com nossas evidências dos primeiros macrofósseis de plantas terrestres, então assim que há combustível, pelo menos sob a forma de macrofósseis de plantas, há um incêndio quase instantaneamente".
O estudo sugeriu ainda que os níveis de oxigênio atmosférico da Terra também contribuíram para a capacidade dos incêndios de se espalhar e deixar depósitos de carvão vegetal, sendo eles de pelo menos 16% no siluriano, até um máximo de 21% ou mesmo mais, e 21% atualmente, apesar de flutuarem drasticamente ao longo da história da Terra.
O aumento da vida vegetal e da fotossíntese teoricamente contribuiu ainda mais ao ciclo de oxigênio necessário para a eclosão dos incêndios, de acordo com Robert Gastaldo, autor do estudo, apontando haver biomassa suficiente "para nos fornecer um registro dos incêndios que podemos identificar e usar para identificar a vegetação e processá-la a tempo".
Os incêndios teriam desempenhado um papel importante nos ciclos de carbono e fósforo, e também no movimento de sedimentos na superfície da Terra, tanto na época como agora, segundo os pesquisadores.