México responde aos EUA: 'Não somos crianças pequenas nem precisamos de vigilantes'
© AP Photo / Moises CastilloO presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador discursa durante um desfile militar e apresentação do novo comandante do Exército, na cidade do México
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Tatiana Clouthier, secretária de Economia do México, se mostrou contundente quando perguntaram a sua opinião sobre as inspeções que os Estados Unidos tinham pedido para verificar que sejam cumpridos os direitos trabalhistas no país latino-americano.
O cumprimento da lei no México é uma tarefa única e exclusiva do seu governo, não das autoridades nem das organizações estrangeiras. Tais foram as palavras de uma das mulheres mais próximas ao presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, quem já criticou inúmeras vezes os Estados Unidos e a União Europeia por interferir nos assuntos internos do país latino-americano.
A secretária de Economia (SE) do México, Tatiana Clouthier, é também encarregada das negociações sobre o Tratado entre o México, os Estados Unidos e o Canadá (USMCA, na sigla em inglês) que entrou em vigor nos finais de 2019 e ainda provoca algumas dúvidas e atritos entre os países que o assinaram.
Diante dos pedidos dos EUA de verificar o cumprimento das leis trabalhistas nas empresas norte-americanas que operam no México, a funcionária federal disse que não eram necessárias, já que o governo mexicano sabia lidar com os seus próprios assuntos internos.
"Vamos falar do USMCA. O que dá este tratado? O que dá é a possibilidade de nos acompanhar neste processo, não nos vigiar. Não somos crianças pequenas nem precisamos de vigilantes. O México é adulto. O México sabe se portar à altura das circunstâncias e esta reforma [trabalhista] foi feita pelo presidente López Obrador antes da criação do USMCA", comentou Tatiana Clouthier em entrevista ao jornal espanhol El País.
A secretária de Economia reconheceu que o governo norte-americano tinha feito quatro pedidos de revisão "para poder saber o que está acontecendo aqui, para ter uma observação mais próxima".
© AP Photo / Richard DrewO presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador dirige-se ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, 9 de novembro de 2021
O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador dirige-se ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, 9 de novembro de 2021
© AP Photo / Richard Drew
Os Estados Unidos argumentam que no México foi negado o direito trabalhista à livre associação dos trabalhadores e à negociação coletiva. Entretanto, Clouthier refuta essa versão e diz que o governo de López Obrador empreendeu reformas trabalhistas para que os funcionários tivessem garantidos todos os seus direitos individuais e coletivos.
"Antes do tratado, o México mudou a sua lei trabalhista. Mudou-a não porque o USMCA o pedia, mas porque o presidente [López Obrador] disse desde o início da sua campanha que tinha que melhorar salários e ter liberdade sindical", explicou Clouthier, que foi coordenadora da campanha presidencial de López Obrador em 2018, quando ele era candidato.
"Os trabalhadores têm liberdade de eleger, vão ter mais informação, porque assim diz a lei, não porque assim diz o USMCA", concluiu a funcionária, cujo pai, Manuel Clouthier, foi candidato à presidência do México pelo Partido de Ação Nacional, a força política de direita mais sólida do país latino-americano.