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Analista: após expansão, BRICS assumirá liderança no mundo em vez do Ocidente

© Sputnik / ArquivoBandeiras dos países membros do BRICS (imagem de arquivo)
Bandeiras dos países membros do BRICS (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 28.06.2022
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A expansão do BRICS pode fragmentar o mundo até dimensões não conhecidas desde a Guerra Fria e abrir portas para uma nova era da "globalização vertical". Além disso, caso o grupo seja expandido, os EUA não vão dominar a política global pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, acredita o cientista político canadense Abishur Prakash.
Segundo o analista da edição South Morning China Post, as ideias discutidas pelos países do BRICS indicam os contornos da formação de uma nova ordem mundial. Prakash defende que, se o mundo for dividido como resultado da expansão do BRICS e da adesão ao grupo de novos membros, tais como a Arábia Saudita e a Argentina, o Ocidente pode se tornar o lado perdedor.

"O aspeto mais significativo da cúpula é a possibilidade da expansão do grupo [...] através da adesão de novos membros, nomeadamente da Arábia Saudita e da Argentina. Isso fragmentaria o mundo em uma escala nunca vista desde a Guerra Fria e abriria portas para uma nova era de 'globalização vertical' [...] No final, o Ocidente pode se tornar o lado perdedor", afirma o analista canadense.

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Abishur Prakash supõe que a principal vantagem que os países do BRICS vão possuir, após uma eventual expansão, é sua dominância no mercado alimentar global. Em particular, o cientista diz que o BRICS expandido vai ter o cesto alimentar que "todo o mundo deseja", tendo em conta, antes de mais nada, os países em desenvolvimento.
"Vamos examinar, por exemplo, o problema da escassez alimentar global. A Argentina é o segundo maior exportador mundial de milho, depois dos Estados Unidos. A Arábia Saudita […] possui 35% da Olam Agri, um dos maiores fornecedores mundiais de cacau, arroz e café. Incluam o arroz e trigo indianos, a cevada e óleo de girassol russos, o algodão chinês e a soja brasileira, e o BRICS expandido tem o cesto alimentar que todo o mundo deseja. É provável que o BRICS+ possa estabelecer uma troca de alimentos em que as nações compram suas necessidades essenciais, como trigo, arroz ou milho", destacou o colunista.
© Foto / Marcos Corrêa / Palácio do Planalto / CC BY 2.0Cerimônia de Encerramento do Fórum Empresarial do BRICS (foto de arquivo)
Cerimônia de Encerramento do Fórum Empresarial do BRICS (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 28.06.2022
Cerimônia de Encerramento do Fórum Empresarial do BRICS (foto de arquivo)
Além disso, Prakash salientou a posição vantajosa em que o BRICS expandido vai se encontrar em meio à crise energética global.

"Além da escassez alimentar global, o mundo atual está também enfrentando uma crise energética", diz o cientista. "Levem em conta que a Rússia e a Arábia Saudita juntas produzem quase 20 milhões de barris do petróleo por dia, mas até agora no mundo não tem havido nenhum grupo que reúna exportadores e importadores. O BRICS+ poderia mudar a situação", afirmou.

Para provar a sua argumentação, Abishur Prakash lembra que a Índia e a China são os maiores consumidores do petróleo produzido pela Rússia e Arábia Saudita, também membros desse possível grupo. O analista supõe mesmo que, se os exportadores de petróleo começarem a definir preços de acordo com a dinâmica interna do BRICS+, o grupo poderá se converter em uma segunda OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo, constituída por 13 nações).
Sessão Plenária da XI Cúpula do Brics, em Brasília, em novembro de 2019 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 28.06.2022
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Para resumir, o autor do artigo destacou que, independentemente do papel que o BRICS+ decidiria desempenhar na escala global, a expansão do grupo implicaria múltiplas mudanças na ordem na qual o mundo de hoje funciona.
Quanto ao papel do Ocidente, ele salientou que a liderança global dos Estados Unidos já é uma questão do passado. Hoje em dia, defende Prakash, não só os rivais dos EUA, como a China e a Rússia, se juntam; ou seja, o mundo atual é mais multipolar, pois mesmo certos parceiros norte-americanos optam por uma política externa mais diversificada, sendo a Arábia Saudita o exemplo mais notável.
"Agora, alguns dos parceiros norte-americanos mais próximos, como a Arábia Saudita, estão buscando alternativas. Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos não estariam no centro do grupo que determina a política global", defende o especialista em geopolítica.
© Sputnik / Aleksei Nikolsky / Acessar o banco de imagensPresidente Jair Bolsonaro durante a 12ª Cúpula do BRICS
Presidente Jair Bolsonaro durante a 12ª Cúpula do BRICS - Sputnik Brasil, 1920, 28.06.2022
Presidente Jair Bolsonaro durante a 12ª Cúpula do BRICS
O colunista chama a atenção para o fato de a expansão do BRICS poder continuar mesmo após a adesão da Arábia Saudita e Argentina. Entre os países que possam manifestar o desejo de se juntar à formação do grupo renovado destaca-se a França.

"Imaginem que o BRICS+ esteja presente em cada região com exceção da Europa, e há pelo menos um país na Europa que poderia manifestar seu desejo de se juntar: a França. Os franceses ainda se sentem feridos devido à criação da aliança AUKUS (Austrália, Reino Unido, Estados Unidos – acrônimo na sigla em inglês), e a França é uma das poucas nações ocidentais que não assumiu uma posição abertamente hostil em relação à Rússia [depois do início da operação militar especial russa na Ucrânia]."

Ao concluir, Abishur Prakash diz que o BRICS+ vai ser uma demonstração do fracasso da política ocidental de isolamento da Rússia em meio à sua operação militar na Ucrânia.
"Pode ser o BRICS+ em vez do G7 a gerar soluções para tudo, desde a segurança alimentar e a política monetária até a produção energética."
O presidente argentino Alberto Fernández expressou na sexta-feira (24), ao participar virtualmente da XIV Cúpula dos líderes do BRICS, a aspiração da Argentina de ser "membro pleno" do bloco, que integra o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Após a Argentina, o Irã também manifestou interesse em ingressar no grupo das cinco principais economias emergentes, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh.
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