'OTAN tem propiciado 2 últimas guerras na Europa: na Iugoslávia e Ucrânia', diz ex-eurodeputado
© Sputnik / Aleksei Bitvitsky O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, durante conferência de imprensa após reunião do Conselho Rússia-OTAN, em Bruxelas, 12 de janeiro de 2022
© Sputnik / Aleksei Bitvitsky
Nos siga no
"Acho gravíssimo o fato de a OTAN ter treinado os batalhões nazistas na Ucrânia", afirmou Javier Couso, ex-deputado do Parlamento Europeu entre 2014 e 2019.
Javier Couso, ex-eurodeputado da Espanha e membro do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia, acredita que o conflito na Ucrânia na realidade é uma "guerra não declarada" entre a OTAN e a Rússia. O político entrevistado pelo RT afirma que há vários anos a Aliança Atlântica começou a criar um "cerco ativo militar ofensivo" contra Moscou, através do estabelecimento de "quartéis permanentes nos Países Bálticos, o quartel-general na Polônia" e a implantação do sistema antimísseis Aegis na Romênia e no território polonês.
De acordo com ex-deputado do Parlamento Europeu, a OTAN "sempre busca um inimigo, porque se não busca, não tem razão de existir".
"Com o fim da União Soviética e a seguinte 'autodissolução' do Pacto de Varsóvia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte deveria ter se dissolvido também porque tinha sido criada contra a URSS. [...] Ficou sem inimigo, então teve que se engajar em outros conflitos, contra outros rivais", afirmou Couso, citando como exemplo a invasão do Iraque, os ataques contra a antiga Iugoslávia e Sérvia, bem como as intervenções no Afeganistão, Líbia e Síria.
© AP Photo / Rahmat GulSoldado afegão passa por veículos MRAP (protegidos contra emboscadas e resistentes a minas) que os EUA deixaram na base aérea de Bagram, Afeganistão, 5 de julho de 2021
Soldado afegão passa por veículos MRAP (protegidos contra emboscadas e resistentes a minas) que os EUA deixaram na base aérea de Bagram, Afeganistão, 5 de julho de 2021
© AP Photo / Rahmat Gul
Ex-deputado do Parlamento Europeu não deixou de pontuar a distorção da história sobre Segunda Guerra Mundial.
Javier Couso lamentou que a União Europeia tivesse sido convertida em uma "subalterna" dos Estados Unidos, que, supõe o entrevistado, por meio da estrutura cultural de Hollywood, "tem convencido" a população europeia de que foram os norte-americanos quem salvou a Europa na Segunda Guerra Mundial, "ignorando o papel da União Soviética". O político acrescenta que a subalternidade é uma forma de "desvalorizar-se" e a demonstração de que a Europa não pode ter um sistema de segurança próprio e que tem de subcontratá-lo dos Estados Unidos.
Durante seu mandato como eurodeputado, Javier Couso ocupou o cargo de vice-presidente da Comissão de Assuntos Exteriores e foi membro da Assembleia Parlamentar da OTAN. Nas reuniões das entidades mencionadas, afirma Couso, o político ficou impressionado com o nível da hostilidade contra a Rússia por parte dos políticos poloneses e dos países bálticos.
"Poderíamos classificá-lo quase como uma doença ou racismo; tudo feito visava culpar a Rússia por tudo e romper as relações entre a União Europeia e Moscou. Estavam chamando à guerra sem parar", lembra o político.
Para resumir, o entrevistado supõe que a OTAN "não é uma organização de paz". Há muito tempo, o secretário-geral Jens Stoltenberg assegura que o bloco é uma aliança defensiva, pacífica. Isso "é uma mentira, está atrás de todas as últimas guerras que tem desestabilizado o mundo".
Quanto às previsões para uma futura reconfiguração geopolítica, Javier Couso está convencido de que estará no foco a região euroasiática sob a influência de Rússia e China, enquanto os Estados Unidos vão controlar a parte ocidental da Europa e o norte da África.
"Estamos perante um período muito quente e perigoso, porque todas as mudanças geopolíticas têm atraído guerras", salientou.
No final da entrevista, o político europeu descreveu a Rússia e os Estados Unidos como os beneficiários do conflito na Ucrânia. No que diz respeito à Rússia, diz Couso, o país "tem se tornado mais forte econômica e energeticamente", agora pode vender seu gás e petróleo à Ásia, não precisa da Europa, tem sua população coesa e a guerra econômica vendida. Ao mesmo tempo, a União Europeia apresenta-se como "uma grande perdedora" do conflito por agora ter de fortalecer sua dependência estratégica e energética de Washington.
A Rússia iniciou a operação militar na Ucrânia em 24 de fevereiro. O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que seu objetivo era "salvar as pessoas que ao longo de oito anos têm sofrido o genocídio por parte do regime de Kiev". Para isso, segundo Putin, planeja-se efetuar a "desmilitarização" e "desnazificação" da Ucrânia, bem como levar à Justiça os criminosos de guerra responsáveis pelos "crimes sangrentos contra civis" de Donbass.