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Caos econômico nos EUA gerado por Biden pode levar Trump de volta ao poder, diz especialista
Caos econômico nos EUA gerado por Biden pode levar Trump de volta ao poder, diz especialista
Sputnik Brasil
Especialista diz que a inflação nos EUA gerada pelas sanções contra a Rússia pode abrir caminho para o retorno da direita ligada ao ex-presidente Donald Trump... 08.07.2022, Sputnik Brasil
2022-07-08T15:08-0300
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2022-07-08T16:04-0300
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A maior economia do mundo está em apuros. O produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos fechou o primeiro trimestre deste ano em 1,6%, um recuo significativo frente aos 6,9% registrados no trimestre anterior; a inflação chegou perto dos dois dígitos em maio, fechando o mês em 8,6%, o maior percentual dos últimos 40 anos; os preços dos combustíveis dispararam, e atualmente o galão de gasolina nos EUA é vendido por cerca de US$ 4,8 (cerca de R$ 25,60); e os produtos agrícolas foram impactados pela alta dos combustíveis, e os alimentos ficaram mais caros para o consumidor.Essa espiral descendente da economia americana tem como pano de fundo — e um dos fatores causadores — o conflito entre Rússia e Ucrânia. O presidente americano, Joe Biden, está engajado em uma política de intervenção no conflito, que tem como principal arma as sanções econômicas contra a Rússia.Para entender quais podem ser as consequências dessa política de Biden, a Sputnik Brasil entrevistou Vinícius Rodrigues Vieira, doutor em relações internacionais pelo Nuffield College e professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).Primeiro, Vieira explica que Biden e a União Europeia (UE) foram levados a intervir no conflito por conta da pressão gerada pela decisão do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de ficar em Kiev. Essa decisão eliminou para os EUA e a UE a opção mais sensata de resolver a questão da adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) por meio de um acordo com a Rússia. E a opção que restou foi apoiar Zelensky a qualquer custo.Segundo Vieira, não intervir de alguma forma geraria críticas a Biden por parte da opinião pública americana, em especial a parcela da população que ele intitula de "base urbana metropolitana cosmopolita do Partido Democrata", que elegeu Joe Biden. Vieira afirma que essa parcela da população enxerga a intervenção "como uma defesa dos valores liberais defendidos pelos EUA" e ainda considera o país "uma potência unipolar". Entretanto essa mesma parcela "tem dificuldade em entender que seu apoio à guerra contra Putin, seu apoio à Ucrânia, é o que provoca a inflação nos EUA".Vieira lista como principal erro de Biden e da UE o uso de sanções como forma de tentar constranger Vladimir Putin. Segundo ele, essa decisão "foi um tiro no pé do Ocidente", pois causou indiretamente inflação nos EUA.Em contraponto, "a Rússia tem hoje o rublo mais valorizado do que antes, consegue comercializar com ajuda da China e da Índia".Vieira diz não ter dúvida de que o uso das sanções foi responsável, mesmo que indiretamente, pelo derretimento da popularidade de Biden. Uma recente pesquisa de opinião da Reuters/Ipsos apontou que 57% dos americanos estavam insatisfeitos com o governo Biden. Paralelamente, 71% dos eleitores americanos não querem que ele tente a reeleição, e, nos bastidores, o Partido Democrata já estuda descartar o presidente, dependendo dos resultados das eleições legislativas de novembro.Para os democratas, as perspectivas para as eleições legislativas não são boas. Vieira explica que o aumento da inflação ameaça levar o partido a uma derrota acachapante. Ele destaca que, embora outras questões comportamentais e culturais tenham causado agitação no cenário interno, é a economia que se configura como o principal fator que pode fazer com que o partido do governo seja punido com perda de assentos no Congresso.Questionado sobre a possibilidade de o cenário atual levar a um recrudescimento de força do Partido Republicano, Vieira diz que "não há dúvidas que sim", a chance de os republicanos retornarem ao poder é real. Mas, segundo Vieira, não "os republicanos tradicionais, que são conservadores, mas são (ou eram) favoráveis ao livre mercado e tinham respeito pelas instituições americanas". Quem pode retornar ao poder, segundo ele, é a ala mais populista de direita do partido, apoiada por Donald Trump, com viés isolacionista e interesses de "solapar a democracia americana".Vieira finaliza afirmando que "se os republicanos forem capazes de não apenas ganhar maioria neste ano [no Congresso], mas de voltar à Casa Branca em 2024, será bastante forte essa reação, mais isolacionista e refratária ao envolvimento com grandes questões internacionais".
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joe biden, eua, rússia, ucrânia, sanções, união europeia, partido democrata, partido republicano, eleições legislativas, donald trump, exclusiva, américas
Caos econômico nos EUA gerado por Biden pode levar Trump de volta ao poder, diz especialista
15:08 08.07.2022 (atualizado: 16:04 08.07.2022) Especiais
Especialista diz que a inflação nos EUA gerada pelas sanções contra a Rússia pode abrir caminho para o retorno da direita ligada ao ex-presidente Donald Trump no país.
A maior economia do mundo está em apuros. O produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos
fechou o primeiro trimestre deste ano em 1,6%, um recuo significativo frente aos 6,9% registrados no trimestre anterior; a inflação chegou perto dos dois dígitos em maio, fechando o mês em 8,6%, o maior percentual dos últimos 40 anos; os preços dos combustíveis dispararam, e atualmente o galão de gasolina nos EUA é vendido por cerca de US$ 4,8 (cerca de R$ 25,60); e os produtos agrícolas foram impactados pela alta dos combustíveis, e os alimentos ficaram mais caros para o consumidor.
Essa espiral descendente da economia americana tem como pano de fundo — e um dos fatores causadores — o conflito entre Rússia e Ucrânia. O presidente americano, Joe Biden, está engajado em uma política de intervenção no conflito, que tem como principal arma as sanções econômicas contra a Rússia.
Para entender quais podem ser as consequências dessa política de Biden, a Sputnik Brasil entrevistou Vinícius Rodrigues Vieira, doutor em relações internacionais pelo Nuffield College e professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).
Primeiro, Vieira explica que Biden e a União Europeia (UE) foram levados a intervir no conflito por conta da pressão gerada pela decisão do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de ficar em Kiev. Essa decisão eliminou para os EUA e a UE a opção mais sensata de resolver a questão da adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) por meio de um acordo com a Rússia. E a opção que restou foi apoiar Zelensky a qualquer custo.
Segundo Vieira, não intervir de alguma forma geraria críticas a Biden por parte da opinião pública americana, em especial a parcela da população que ele intitula de "base urbana metropolitana cosmopolita do Partido Democrata", que elegeu Joe Biden. Vieira afirma que essa parcela da população enxerga a intervenção "como uma defesa dos valores liberais defendidos pelos EUA" e ainda considera o país "uma potência unipolar". Entretanto essa mesma parcela "tem dificuldade em entender que seu apoio à guerra contra Putin, seu apoio à Ucrânia, é o que provoca a inflação nos EUA".
Vieira lista como principal erro de Biden e da UE o uso de sanções como forma de tentar constranger Vladimir Putin. Segundo ele, essa decisão "foi um tiro no pé do Ocidente", pois causou indiretamente inflação nos EUA.
"Sanções impedem o livre fluxo de bens, de comércio. O conflito por si só já causaria turbulências nesse sentido, mas as sanções apenas agravaram essas turbulências", diz Vieira.
Em contraponto, "a Rússia tem hoje o rublo mais valorizado do que antes, consegue comercializar com ajuda da China e da Índia".
Vieira diz não ter dúvida de que o uso das sanções foi responsável, mesmo que indiretamente, pelo
derretimento da popularidade de Biden. Uma recente pesquisa de opinião da Reuters/Ipsos apontou que 57% dos americanos estavam insatisfeitos com o governo Biden. Paralelamente,
71% dos eleitores americanos não querem que ele tente a reeleição, e, nos bastidores, o Partido Democrata
já estuda descartar o presidente, dependendo dos resultados das eleições legislativas de novembro.
Para os democratas, as perspectivas para as eleições legislativas não são boas. Vieira explica que o aumento da inflação ameaça levar o partido a uma derrota acachapante. Ele destaca que, embora outras questões comportamentais e culturais tenham causado agitação no cenário interno, é a economia que se configura como o principal fator que pode fazer com que o partido do governo seja punido com perda de assentos no Congresso.
Questionado sobre a possibilidade de o cenário atual levar a um recrudescimento de força do Partido Republicano, Vieira diz que "não há dúvidas que sim", a chance de os republicanos retornarem ao poder é real. Mas, segundo Vieira, não "os republicanos tradicionais, que são conservadores, mas são (ou eram) favoráveis ao livre mercado e tinham respeito pelas instituições americanas". Quem pode retornar ao poder, segundo ele, é a ala mais populista de direita do partido, apoiada por Donald Trump, com viés isolacionista e interesses de "solapar a democracia americana".
"Uma derrota de Biden hoje, infelizmente, é uma derrota da democracia americana. A ala populista do Partido Republicano cresceu muito e é aquela que mais se beneficia com a queda de Joe Biden", diz Vieira.
Vieira finaliza afirmando que "se os republicanos forem capazes de não apenas ganhar maioria neste ano [no Congresso], mas de voltar à Casa Branca em 2024, será bastante forte essa reação, mais isolacionista e refratária ao envolvimento com grandes questões internacionais".