Por que Ucrânia reduz a cinzas as terras que perde?
07:17 18.07.2022 (atualizado: 13:21 18.07.2022)
© Sputnik / Dmitry Makeev / Acessar o banco de imagensTrigo nos territórios libertados da região de Zaporozhie, 16 de julho de 2022
© Sputnik / Dmitry Makeev
/ Nos siga no
O Exército ucraniano começou a queimar sistematicamente os campos com as colheitas nas regiões do país, controlados pelos militares russos. Assim, nos últimos dias têm sido registrados incêndios nos campos nas regiões de Zaporozhie, Kherson e também na República Popular de Donetsk.
As colunistas Alyona Zadorozhnaya e Daria Volkova analisaram para a edição russa Vzglyad (Visão) os objetivos de Kiev com estas ações e as consequências acarretadas ao povo ucraniano. Segundo o membro da administração militar da região de Zaporozhie, Vladimir Rogov, se trata de um ataque premeditado e planejado.
"Estas ações têm sido obviamente sancionadas pelos seus comandantes, uma vez que o processo foi iniciado em duas regiões ao mesmo tempo", disse Rogov à Sputnik.
As colunistas destacam que precisamente nestes dias está se levando a cabo a colheita e que os agricultores estão enfrentando graves problemas com a falta de máquinas de colheita.
"A natureza deu-nos uma colheita que é uns 13% maior do habitual. A colheita está se levando a cabo praticamente 24 horas por dia, mas faltam-nos forças e por isso estamos buscando maquinaria livre na Rússia", afirmou Vladimir Rogov.
O chefe da administração cívico-militar da região de Kherson, Kirill Stremousov, conta uma história similar. De acordo com ele, os militares ucranianos foram de helicóptero e queimaram todos os campos que estavam nas áreas de colheita.
Segundo Stremousov, as autoridades ucranianas em função vivem por conta das subvenções do Ocidente, e é improvável que lhes interesse o bem-estar do povo comum.
"Eles poderão viver dos seus salários, mas a questão sobre o que os cidadãos ucranianos têm de fazer segue aberta", indica o funcionário.
Na realidade, já em junho os militares ucranianos incendiaram o trigo, sendo um dos casos mais destacados o do porto marítimo de Mariupol. Foram perdidas milhares de toneladas de grão, pois o armazém que queimaram tinha capacidade para 57.000 toneladas de trigo, de acordo com o portal ucraniano elevatorist.com.
As colunistas destacam que tudo isto está ocorrendo no contexto das discussões intermináveis sobre as exportações do trigo ucraniano. Kiev não deixa de declarar a sua intenção e desejo de exportar o grão, mas ao mesmo tempo as suas Forças Armadas estão queimando-o deliberadamente.
Enquanto as negociações na Turquia parecem terminadas com o acordo sobre as exportações do trigo da Ucrânia, especialistas destacam que o principal problema das exportações mencionadas é que os próprios militares ucranianos criam muitos obstáculos para que isto seja possível. Um exemplo disto está ligado às minas marítimas no mar Negro, que não permitem a navegação segura de navios.
Em entrevista ao Vzglyad, Vladimir Rogov indica que a queima dos campos de trigo é uma tática deliberada do Exército ucraniano contra os territórios que estão sob controle da Rússia.
"Não se trata de casos isolados, o que indica que é uma tática sistemática. Curiosamente, os agricultores que fazem a colheita e a vendem aos intermediários ucranianos, se chamam ladrões", afirmou o funcionário.
A motivação dos que levam a cabo estes incêndios é clara, segundo Rogov, sendo o objetivo "castigar aqueles que não querem seguir fazendo parte da Ucrânia. É mais uma evidência de que Kiev oficial tem perdido a esperança de voltar a controlar os territórios libertados pela Rússia".
© Sputnik / Dmitry Makeev Colheita de grãos nos territórios libertados da região de Zaporozhie, 16 de julho de 2022
Colheita de grãos nos territórios libertados da região de Zaporozhie, 16 de julho de 2022
© Sputnik / Dmitry Makeev
"A população local já não é vista como cidadãos da Ucrânia. Para eles, somos inimigos contra os quais é preciso lutar", disse Rogov.
Segundo as estimativas, as perdas por causa dos incêndios e colocação de minas nos campos na linha de confronto correspondem a cerca de 300.000 ou 400.000 toneladas de trigo nas regiões em questão. São números enormes que desconcertam. Por um lado, comunica Rogov, Kiev e o Ocidente acusam a Rússia de criar obstáculos às exportações do trigo e provocar a fome mundial, mas, por outro lado, as tropas ucranianas queimam os campos de trigo e minam o mar Negro.
De acordo com Vladimir Rogov, só há um modo de lutar contra estes ataques: é afastar a linha de frente e eliminar os guerrilheiros de Zelensky que recorrem a métodos terroristas contra os seus próprios compatriotas.
"O seu comportamento não muda há anos. Vamos lembrar os problemas com a passagem da água à Crimeia. Antes disso, durante a Grande Guerra pela Pátria, estes mesmos nazis queimavam os nossos campos durante a sua retirada. Ou seja, as autoridades da Ucrânia têm adotado os métodos do regime nazi dos anos 40 e os utilizam agora. Isto é terrorismo", explica.
O deputado russo Mikhail Sheremet está de acordo com Rogov e sublinha que para Kiev não importa que a vida pacífica esteja voltando a estas regiões, pois o ódio e a russofobia nublaram a sua mente.
"É muito provável que logo tentem passar as suas ações pelas ações da Rússia, como se tivéssemos decidido pôr fim à vida pacífica nos territórios sob o nosso controle. Mas o mais triste é que os países ocidentais acreditam neles."
Ao mesmo tempo, Sheremet destacou para o Vzglyad que a Rússia já tem uma experiência similar com a Crimeia, que foi privada das suas fontes naturais da água, assim como da eletricidade, e estava sob bloqueio econômico. Todos estes contratempos foram superados com a ajuda da Rússia, e o mesmo se fará nas regiões de Zaporozhie e Kherson.